terça-feira, 31 de outubro de 2017

Elizabeth Viana

A Rainha do Samba Rock, Elizabeth Viana, começou sua carreira aos 10 anos de idade na Rádio Difusora de Assis e foi a campeã do concurso “A Grande Chance” que era comandado por Flávio Cavalcanti. A partir desse momento, seu sucesso foi estrondoso, gravando sucessos com Chico Buarque de Holanda, Djavan, Nelson do Cavaquinho entre tantos outros artistas de renome.A cantora descobriu seu talento aos 10 anos e com essa idade já cantava na Rádio Difusora de Assis. Aos 17 anos, a intérprete foi vencedora de um programa comandado por Flávio Cavalcante e chamado "A Grande Chance". "Foi coisa de Deus", ela acredita. "Deus dá os dons às pessoas e me deu o dom de cantar e cozinhar, duas coisas que gosto muito". A conquista nesse programa de televisão permitiu que Elizabeth permanece por cinco na TV Tupi antes de gravar, em 1969, "Meu Guarda-Chuva", canção que a tornou conhecida no estilo que na época era chamado de sambalanço.

Na década de 70, além de "Dupla Traição", de Djavan, gravou várias músicas inéditas, ela conta, entre elas "João e Maria", de Chico Buarque, antes mesmo da música ficar conhecida na voz de Nara Leão. "Gravei João e Maria na gravadora do meu primeiro marido. A Globo nos procurou para colocar a gravação em uma novela, mas meu marido não quis e naquele tempo eu fazia tudo o que ele queria", revelou. Rildo Hora, Nelson Cavaquinho, Sivuca e Originais do Samba são ícones da música a quem ela também deu voz.

Há alguns anos, Elizabeth Viana saiu da capital para se instalar no interior, mas nunca perdeu o contato com a música. Em Mairinque, onde morou, abriu uma casa chamada Fepema Music Bar, que se tornou referência para cantores locais. Depois de passar os anos se revezando entre São Paulo e o interior, por fim decidiu fincar suas raízes em uma cidade bem mais tranquila que a capital. "Clima fresco, muito mato... Gosto dessa vidinha de interior. Cheguei a ficar 8 meses em Sorocaba quando minha filha morava aqui, mas a cidade é muito quente, então escolhi São Roque para morar", revela.

Foi numa dessas idas e vindas entre capital e interior que a cantora conheceu Jefferson Paes, tecladista da banda Batucada Groove, quando ele ainda integrava um grupo de músicos que tocava forró. Da amizade nascida há alguns anos surgiu a possibilidade de Elizabeth voltar a realizar turnês. "Se eu paro de cantar, fico deprimida. E eu confesso que estava desanimadinha porque queria cantar, mas é tão difícil achar uma banda. Aí eu conversei com Deus e Ele, como sempre, enviou seus anjos, que são esses meninos sorocabanos."

A canção “Meu Guarda Chuva”, de composição de Jorge Benjor, é um dos seus grandes sucessos, figurando nas rádios e bailes de todo o Brasil como uma das mais pedidas, e uma das mais ouvidas no Youtube.Beth Viana, apresenta novo projeto com apoio da EURO SPORTS, que além da canção “Meu Guarda Chuva”, apresente outros sucessos como “Sabada” e “Marinella” que fazem parte do cancioneiro brasileiro e caíram no gosto popular.Elizabeth Viana, inspiradora do clássico de Jorge Ben Jor "Bebete Vãobora".Em 1970, ela teve o privilégio de ser a primeira a gravar "Dupla Traição", de Djavan. Naquela ano, sua voz marcante e suave já era conhecida do público brasileiro graças ao sucesso que fizera com a música "Meu Guarda-Chuva", composta por Jorge Ben Jor. Foi por essa canção que todo mundo sabe cantarolar até hoje ("Mas quando comecei a gostar de você, você me abandonou...").Considerada a rainha do samba-rock, Elizabeth Viana também interpretou músicas como "Pisou na Bola", de Benê Alves, entre outras.Considerada a rainha do samba-rock, Elizabeth Viana também interpretou músicas como "Pisou na Bola", de Benê Alves, entre outras.Elizabeth Viana coloca fervura novamente na carreira de cantora e sai em turnê por várias cidades acompanhada da banda sorocabana Batucada Groove. A cantora admite que os shows são um "esquenta" para a produção de um CD, ainda sem previsão de data para gravação, mas que já reserva uma música inédita de Jorge Ben Jor, contou em entrevista ao Mais Cruzeiro.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Tio Hélio

Hélio dos Santos, o Tio Hélio, um dos fundadores da escola de samba Império Serrano. Irmão de Mestre Fuleiro e primo de Dona Ivone Lara, Tio Hélio escreveu músicas que até hoje são cantadas nas rodas de samba, como "Prazer da Serrinha" (com Rubens da Silva), "Cantei pra distrair" (com Dona Ivone) e "Colete Curto" (com Nilton Campolino). Um de seus sucessos mais recentes gravado por Zeca Pagodinho foi "Delegado Chico Palha". Segundo o compositor e líder da Velha Guarda Show do Império, Zé Luiz, Tio Hélio morreu no sábado, por problemas decorrentes de um ataque do coração, no Hospital Carlos Chagas. O enterro foi neste domingo. Fica a dúvida sobre a idade do bamba. Segundo o site do pesquisador Ricardo Cravo Albin, ele teria nascido em 1903 - teria portanto 104 anos. Mas Zé Luiz garante que o amigo ainda iria fazer 90 anos.

Geraldo Babão





















Compositor. Instrumentista. Flautista. Nasceu no bairro Terreiro Grande, morro do Salgueiro. Trabalhou como carregador de engradados de cerveja, trocador de ônibus, engraxate e entregador. O apelido Babão vem dos tempos em que tocava flauta. Em 1940, a Escola Unidos do Salgueiro desfilou na Praça Onze cantando o samba-enredo "Terra amada", o primeiro de sua autoria. Em 1953, as escolas Azul e Branco e Depois Eu Digo se uniram e fundaram o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro. A Unidos do Salgueiro, que não participou da fusão porque alguns de seus componentes, como Geraldo Babão e Casemiro Calça Larga, não concordaram, veio a desaparecer pouco tempo depois. Geraldo Babão passou, então, a fazer parte da Ala dos Compositores do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Unidos de Vila Isabel. Tempos depois, em 1962, passou a fazer parte da ala de compositores do Salgueiro. Como flautista, chegou a ser elogiado por Benedito Lacerda. Após sofrer um acidente que comprometeu seriamente suas mãos, ficou impedido de tocar o instrumento. Faleceu em conseqüência de complicações acarretadas por um tombo na escadaria que liga a Lapa (Rua Joaquim Silva)

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Tia Surica

Iranette Ferreira Barcellos (Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1940) é uma sambista carioca, ex-intérprete de samba-enredo e atualmente uma das mais importantes integrantes da velha-guarda da Portela.

Nascida em Madureira, aos 4 anos, já desfilava pela Portela, presa à cintura da mãe Judith, companhada de perto pelo pai, conhecido como Pio. O apelido "Surica", foi dado por sua avó, quando ela ainda era pequena.


Em 1966, foi puxadora do samba-enredo "Memórias de um Sargento de Milícias", de autoria de Paulinho da Viola, ao lado de Maninho e Catoni.

Em 1980, entrou para a Velha Guarda da Portela, a convite de Manacéa. Até hoje, Tia Surica permanece fiel ao bairro onde nasceu, permanecendo morando em uma vila, bem próxima à sede da Portela. Sua casa, conhecida como "Cafofo da Surica", é palco de festas memoráveis.


Em 2003, aos 63 anos, Tia Surica lançou, pela FINA FLOR, seu primeiro cd cujo repertório reúne a elite de compositores da Portela como Monarco, Chico Santana e Anice.

Em 2005, durante um desastrado desfile de sua escola, foi impedida pela diretoria de desfilar, junto com outros baluartes, para que a Portela não estourasse o tempo e perdesse mais pontos, o que causou grande comoção no mundo do samba, gerando muitas críticas ao presidente Nilo Figueiredo.


Como atriz, Tia Surica já fez uma participação especial na série televisiva Cidade dos Homens, além de comerciais.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Batuque gaúcho

Quando falamos sobre o Rio Grande do Sul, é comum que as pessoas logo façam referência à significativa influência que a colonização de alemães, italianos, poloneses e outros europeus teve na história desse lugar. Apesar de correta, esta referência acaba por homogeneizar a cultura gaúcha, deixando em segundo plano, a grande contribuição que os negros tiveram não só na economia, mas como também em outras práticas culturais e religiosas do lugar.

Entre outras marcas fazemos menção especial sobre o batuque, uma prática religiosa que floresceu entre a queda da indústria do charque e a chegada de escravos ao ambiente urbano da capital Porto Alegre. Nos meados do século XIX, esse deslocamento fez com que vários negros tivessem mais tempo para desenvolver suas práticas religiosas. Mediante as possibilidades de desenvolvimento de uma fé própria, o Estado logo foi se transformando em espaço para diversos cultos de influência africana.

Além das religiões afro mais conhecidas, a região sul particularizou-se na história das religiões brasileiras com o surgimento do batuque. O desenvolvimento dessa crença acontece em templos que levam o nome de “casa de batuque”. Cada uma delas se organiza sob a liderança de um sacerdote que assume a condição de pai ou mãe de santo. Tendo ampla autoridade em seu templo, os sacerdotes das casas de batuque costumam criar uma rede de relações ao visitarem seus templos.

Não tendo interesse em sua ampla disseminação, os praticantes do batuque guardam a crença para que seus inimigos não tomem conhecimento desse seu dote místico. Ao se filiar a uma casa de batuque, o convertido se aproxima dos dois orixás que guiam a sua vida, sendo que um é responsável pelo corpo e outro pela mente. Assim como em outras religiões, o batuqueiro tem a preocupação de realizar oferendas e homenagens aos orixás que o protegem.As oferendas desenvolvidas no batuque exigem o oferecimento de alimentos e de sangue animal, que geralmente é derramado na cabeça do praticante e no ocutá (uma espécie de pedra que representa o orixá). Do ponto de vista simbólico, essa ação busca alimentar os orixás, para que, assim, eles estejam fortes o suficiente para proteger os seus filhos humanos.

Esse é apenas um dos eventos que acontecem nas cerimônias do batuque. Primeiramente, os praticantes reservam um dia para o serão, que envolve o sacrifício dos animais e a preparação dos alimentos que compõem a cerimônia. No sábado, uma grande reunião é feita para que os alimentos sejam consumidos em grupo. Na outra semana, a mesma preparação é feita com o sacrifício de peixes e a evocação de cânticos entoados ao som dos tambores.

Entre os ritos que singularizam o batuque, a chamada “balança” estabelece o transe de vários praticantes que incorporam as divindades. Nesse instante, o possuído muda o seu comportamento ao realizar danças que fazem clara referência aos mitos que determinam o orixá representado. Antes somente praticado por negros, o batuque hoje se mostra presente entre brancos e pessoas oriundas de classes sociais mais abastadas.

Importante símbolo de nossa diversidade, o batuque gaúcho veio a incorporar outras influências locais, ao determinar que alguns orixás se alimentem de pratos típicos, como a polenta, o mieró e o churrasco. Mais curioso ainda, é ver que os batuqueiros homens utilizam a bombacha como uniforme. De fato, o batuque assimila vários ícones que extrapolam os elementos de origem ou significação africana.

A grande presença de despachos e lojas que comercializam materiais ritualísticos afro-brasileiros mostra um conflito na sociedade rio-grandense. Afinal de contas, o desconhecimento de tais práticas estabelece um esforço para que o batuque seja dizimado e, ao mesmo tempo, expõe a resistência dos grupos que se valem dessa proteção espiritual. Talvez seja por tal razão que o compositor Caetano Veloso recentemente compôs um verso dizendo que “a verdadeira Bahia é o Rio Grande do Sul”.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Toniquinho Batuqueiro

“No dizê de minha avó / sambadô não tem valia / Samba nunca deu camisa / minha avó sempre dizia / Sambadônão vale nada / dorme na calçada / E não cuida da famía...”

Apesar do conselho da avó, nessa bela criação aos moldes do que Mário de Andrade ao longo de seus 82 anos chamou de “Samba Rural Paulista”, o compositor Toniquinho Batuqueiro não lhe deu ouvidos. Sua desobediência e a de tantos outros “sambadores” deram dignidade ao samba paulista e proporcionaram aos mais jovens a chance de ouvir um pouco da história de seu povo.

Da infância no sítio do Pau Queimado, em Piracicaba,onde Antônio Messias de Campos nasceu, em 1929, ficou a memória do tambu (tambor de som grave que se origina a partir de um pedaço de tronco oco, encourado e afinado ao calor da fogueira), instrumento trazidopelos escravos que vinham para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar. Tambu também é a dança, com homens de um lado e mulheres do outro, frente a frente, que cantam e se aproximam. Cada casal ginga os corpos lateralmente e, em seguida, batem os joelhos. Daí seu outro nome de “batuque de umbigada”, uma “dança de respeito”, garantem os “dançadores”. O cururu, uma espécie de repente do interior paulista, mais tarde, deu a Toniquinho Batuqueiro traquejo para improvisar nas rodas de partido alto.

Órfão de pai e de mãe, foi levado por parentes para a capital paulista, onde, nos anos 30, boa parte da população negra era retirada da área central e realocada em regiões mais distantes, como o Parque Peruche, na zona norte, local onde foi morar. Na época, um verdadeiro quilombo. Lá também havia batuques que Toniquinho reproduzia na caixa de engraxate. Na Praça da Sé, se tornou um dos bambas do samba e conheceu outros tantos. Participou da formação da Escola de Samba Unidos do Peruche, e de outras. Não perdia o samba da festa do Bom Jesus de Pirapora. Constituiu família em Osasco, e na capital se encontrava com grandes sambistas, onde se tornou referência histórica. O dramaturgo Plínio Marcos o convidou para cantar e contar histórias do Samba de São Paulo na peça “Balbina de Iansã”, junto comGeraldo Filme e Zeca da Casa Verde, do musical “NasQuebradas do Mundaréu”, no Teatro de Arena. O espetáculo gerou o LP Plínio Marcos em Prosa e Samba -Nas Quebradas do Mundaréu.

Pouco tempo antes de falecer, em 2011, esse membro da Embaixada do Samba lançou seu CD da série Memória do Samba Paulista - que conta com outras sete obras, cinco delas ainda inéditas -, sob direção de T. Kaçula e Renato Dias, um projeto de Kolombolo/Sambatá. As batucadas de Toniquinho com tantos outros bambas certamente não deixam ninguém dormir, à noite, entre as estrelas do céu.

Samba-rock

Samba-rock é um tipo de dança que surgiu da criatividade dos frequentadores dos bailes - em casas de família e salões da periferia de São Paulo - no final da década de 1950 e começo da década de 1960, mesclando os movimentos do rock and roll com os passos do samba de gafieira. Nasceu ao som dos primeiros DJs e, depois, das equipes de som.

A forma de se dançar samba-rock foi sendo aprimorada com os festivais de dança, onde os dançarinos disputavam entre si para ver quem era o melhor. As disputas entre os dançarinos de samba-rock seguiam os mesmo moldes do filme "Embalos de Sábado à Noite", onde havia o júri técnico formado por aqueles que se julgavam ser os melhores dançarinos da época. Eles julgavam a parte técnica da dança: tempo contra tempo, erros, passos inéditos, quantidades de passos, qualidade dos passos e dificuldades dos passos. Em alguns festivais, havia, também, o chamado júri popular: se escolhiam alguns frequentadores destes bailes para, junto com o júri técnico, escolher os melhores em uma escala de um a dez ou de dez a cem. Lembrando que as regras e o formato destes festivais variavam de bairro para bairro ou mesmo de vila para vila.

É também um gênero musical, embora isso ainda suscite algumas discussões. Na primeira metade da década de 1970, esse tipo de música foi chamado por diversos nomes: sambalanço, swing, rock samba e, finalmente, samba-rock. Em 1978, foi lançada a primeira coletânea contendo músicas tocadas nos bailes de samba-rock. Ela se chamava "Samba Rock - o Som dos Blacks" e deu início a uma nova era. Continha vários sucessos de bailes da época facilitando o acesso a essas músicas, que até então eram músicas fora de catálogo e difíceis de se encontrar. O surgimento das coletâneas acabou ajudando a difundir o samba rock ainda mais.Em fins dos anos 1950, com o crescimento da influência cultural americana no pós-guerra, por conta de uma maior circulação global de mercadorias culturais, e com o maior acesso a aparelhos eletro-eletrônicos como vitrolas, rádios, televisores e a bens culturais como os discos de vinil, houve um maior contato com musicalidades estrangeiras. O trânsito de produtos e práticas intensificou-se com a expansão dos meios de comunicação de massa e com a instalação de filiais de produção das grandes majors fonográficas em várias partes do mundo, que buscavam criar e alimentar novos mercados. Este contexto contribuiu para a constituição de uma produção internacional-popular, intensificando o sistema de trocas simbólicas onde "os artistas, agentes da criação artística, aproximam-se do processo de produção, antes intermediado e realizado pela grande indústria . O mercado começa a oferecer uma profusão de estilos, subgêneros e mesclas de toda sorte".

É neste contexto em que a produção de música popular no Brasil começa a adquirir referências culturais globais com mais intensidade, não só como resultado de eficazes estratégias de marketing da indústria, voltadas para a segmentação do mercado, como também um reflexo de grandes trocas simbólicas entre o local e o global, tanto na produção criativa de artistas como na emergência de novas identidades culturais. Artistas populares como Jackson do Pandeiro, paraibano de origem e sucesso da época de ouro do rádio, ficou conhecido por cantar músicas regionais nordestinas, como cocos e baiões, que serviam como veículo de registro e crítica de um cenário cultural que se transformava. Foi ele quem gravou, de autoria de Gordurinha e Almira Castilho, então sua mulher, uma composição que fazia uma alusão crítica à invasão americana na música brasileira, "Chiclete com Banana", em 1959. O tema não era novo: canções como "Brasil Pandeiro" de Assis Valente (1940) e "Boogie-Woogie na favela" de Denis Brean, gravado por Cyro Monteiro em 1945, já tratavam da americanização da música brasileira.

Curiosamente, Carlos Lyra, um dos precursores da bossa nova, compôs dois temas que criticavam a influência da música estrangeira: Criticando (1957) e Influência do Jazz (1962), embora o mesmo admitisse influência do gênero.

Na busca das raízes desta nova musicalidade, Jackson poderia ser considerado o primeiro músico de que se tem registro a empregar o termo "samba-rock". Contudo, o disco lançado em 1957 do violonista Bola Sete, "E Aqui Está o Bola Sete", pela gravadora Odeon, já trazia, na ficha técnica da faixa "Bacará" (ou "Baccara", provavelmente em homenagem a uma famosa boate carioca da época), a menção a "samba-rock" como gênero musical. De fato, partindo do ritmo clássico do rock'n roll, a música incorporava a levada de samba, transformando-se em algo raro para aquele momento. Desde o final dos anos 1940, Bola Sete já vinha experimentando diversas fusões musicais, gravando vários choros com violão elétrico, além de foxtrotes e baiões, entre outros gêneros. Em 1958, também gravou outra música rotulada como samba-rock, "Mister Jimmy". E, de qualquer maneira, no selo do disco de 78 rpm de Jackson do Pandeiro, na informação técnica sobre a faixa "Chiclete com Banana", está lá: "samba-coco".

Além de trabalhar no rádio, Bola Sete Tocou em várias boates cariocas, que compunham o cenário cultural do Rio de Janeiro pré-bossa-nova dos anos 1950, como a boate Vogue e a Drink, de Djalma Ferreira, também músico, cujo solovox (pequeno teclado incorporado ao piano, precursor dos sintetizadores) rivalizava com as noites no Arpège, de Waldir Calmon, pianista e tecladista. Segundo a jornalista Cláudia Assef, em seu livro "Todo DJ já Sambou" (2003), Waldir Calmon junto com o conjunto Bolão e Seus Roquetes seriam os verdadeiros precursores do samba-rock, sendo tocados nos primeiros bailes com música eletrônica de São Paulo, no final da década de 1950.Estes e outros músicos dialogavam entre si e criavam fusões musicais que articulavam a música brasileira com a norte-americana, favorecendo uma especial penetração de suas composições nos gostos do público da época. Assim, surgiram novas expressões musicais como o samba-jazz e o sambalanço, subgêneros de fronteiras estéticas muito próximas, e que podem ser considerados precursores diretos da bossa nova e também do samba-rock.

O samba-jazz tinha uma ligação direta com o jazz, mais voltado para composições instrumentais, enquanto que o sambalanço era associado a um novo samba urbano. Este foi introduzido na metade da década de 1950 por profissionais ligados à música de dança produzida por orquestras e conjuntos de boates cariocas e paulistas, influenciados pelas big bands americanas. Nas raízes precursoras do também chamado "samba de balanço", pode-se ir ao samba-espetáculo da era de exaltação do Estado Novo, onde compositores como Ary Barroso (figura forte da época de ouro do rádio brasileiro e autor de "Aquarela do Brasil" e "Na Baixa do Sapateiro") remodelaram o ritmo do samba, no sentido de englobar os passos largos da dança de salão, abrindo espaço para repiques e intersecções de percussão e metais, criando sonoridades mais grandiloquentes.

O desenvolvimento do sambalanço se deu a partir do crescimento vertical da população urbana e da multiplicação de casas noturnas frequentadas por plateias de média e alta classe. Em contraponto aos minúsculos palcos da bossa nova do Beco das Garrafas  onde a música era para ser ouvida e mal havia espaço para a prática da dança de salão. Surgiam grandes boates, que serviram de palco para a definição destes novos gêneros, com uma maior separação da bossa nova, a partir da atuação do organista Ed Lincoln, do violão sincopado de Durval Ferreira, o "rei dos bailes", e de Orlandivo (chamado de "o sambista da chave", por utilizar um chaveiro como acompanhamento percussivo), entre outros. Todos estes músicos conviviam e apresentavam-se no Beco das Garrafas, onde também tocava J.T. Meirelles, instrumentista considerado o criador do samba-jazz. Junto com seu conjunto Copa 5, praticava um estilo musical com influências do bop de Sonny Rollins e do cool jazz de Stan Getz, mesclados aos ritmos do samba.Na década de 1950, Tim Maia, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Jorge Ben foram influenciados pelo rock and roll e rockabilly. Tim, Roberto, Arlênio Silva, Edson Trindade e Wellington integraram o grupo vocal The Sputniks. Tanto Tim quanto Jorge eram conhecidos como "Babulina", por conta da pronuncia inusitada de "Bop-A-Lena", interpretado por Ronnie Self. Ambos também foram influenciados por Little Richard, cujo estilo era fortemente influenciado pelo boogie woogie. Roberto Carlos aprendeu a batida do rock no violão ao ver Tim executar Long Tall Sally, de Little Richard. O grupo The Sputniks foi desfeito após Tim descobrir que Roberto iria se apresentar como o "Elvis Presley brasileiro" no programa o Clube do Rock de Carlos Imperial. Tim convenceu Imperial a se apresentar como o "Little Richard" brasileiro. Conhecendo Tim desde a infância, Erasmo integrou o grupo The Snakes, grupo criado após o fim do The Sputniks, com Arlênio, China e Edson Trindade. Erasmo pediu, a Tim, que lhe ensinasse a tocar violão. Ele aprendeu as primeiras notas: mi, lá e ré. Com elas, pôde tocar várias canções de rock. Quando Roberto precisou da letra de Hound Dog, gravada por Little Richard e Elvis, Arlênio o apresentou a Erasmo. Parecia o fim do rock and roll: o Clube do Rock era cancelado nos Estados Unidos; Chuck Berry era preso por abuso de menor; Jerry Lee Lewis se casava com uma prima menor de idade; Little Richard resolvia abandonar o rock e se tornar pastor evangélico; e Buddy Holly, Ritchie Valens e The Big Bopper morriam em um acidente de avião. Logo, os jovens seriam influenciados pela bossa nova e pelo violão de João Gilberto.

Em 1959, Tim Maia viaja para os Estados Unidos, onde forma o grupo vocal The Ideals e compõe uma bossa-soul em parceria com Roger Bruno, "New Love", Roberto Carlos chegou a tentar uma carreira como cantor de bossa nova, agenciado por Carlos Imperial, em 1961 lança seu primeiro álbum Louco por Você de 1961, que foi um fracasso, até que dois anos depois, lança um disco de rock, Splish Splash, a faixa-título é uma versão de uma canção de Bobby Darin, o álbum traz outras canções dele, Erasmo, Luiz Ayrão e outros. Erasmo gravou seu primeiro disco em 1962, Mil Bikinis, porém seu primeiro álbum foi lançado somente em 1965, A Pescaria, no mesmo ano, Roberto, Erasmo e Wanderléia tornam-se apresentadores do programa Jovem Guarda da Rede Record, que se tornou uma febre nacional, comparada a Beatlemania. O chamado "Som da Jovem Guarda" é marcado pelo uso do Órgão Hammond por Lafayette.


J.T. Meirelles fez os arranjos e tocou nos primeiros discos de um jovem cantor do Beco das Garrafas, ainda desconhecido, que dava os primeiros passos de sua carreira como crooner: Jorge Ben, tocando um misto samba-enredo, bossa nova, baião e rock, Jorge Ben costumava apresentar-se em festinhas de amigos, até começar a cantar profissionalmente. Em 1963, foi contratado pela gravadora Philips, lançando seu primeiro 78 rpm 14, que obteve grande êxito. Também naquele ano foram lançados o primeiro LP, "Samba esquema novo", e o segundo, "Sacudin Ben Samba", também de bastante sucesso. Autodidata, Ben não conseguia imitar a técnica refinada dos músicos da bossa-nova, e acabou desenvolvendo uma maneira original de tocar violão, a partir de uma batida inusitada que misturava rock, ao estilo intimista do seu ídolo, João Gilberto.

Com mais de 100 mil cópias vendidas logo do primeiro LP, Jorge Ben, em seus trabalhos posteriores, começou a sair do encalço da bossa nova que havia norteado suas primeiras gravações. Fundindo as raízes de uma musicalidade afro-brasileira com as influências norte-americanas, Jorge Ben contribuiu fundamentalmente para a gênese do samba-rock com suas complexas combinações rítmicas, que influenciaram toda uma geração de novos compositores. Seu estilo de canto falado, similar aos cantores americanos de blues, aliado ao repente brasileiro, tornou-o capaz de dar melodia e ritmo às frases menos musicais. Com uma carreira de sucesso, dotado de estilo único, transitou por diversos gêneros e estilos com igual desenvoltura.

Jorge se apresentava tanto no "O Fino da Bossa" (apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues), programa ligado a música brasileira tradicional, quanto no Jovem Guarda, programa de música jovem, após um ultimato da produção de O Fino da Bossa, preferiu participar apenas do Jovem Guarda, embora ambos fossem exibidos pela Rede Record, havia um preconceito por parte dos artistas da MPB com a Jovem Guarda, a ponto de ocorrer uma passeata contra a guitarra elétrica, tempo depois, Elis Regina gravaria canções de Jorge, Roberto e Erasmo, Em 1967, Jorge Ben lança O Bidú: Silêncio no Brooklin, trazendo uma parceira com Erasmo em "Menina Gata Augusta", o título remete ao bairro paulista onde Jorge e Erasmo dividiram um apartamento, a banda The Fevers gravou o instrumental do álbum, Jorge define o estilo do álbum como "jovem samba", no ano seguinte, Jorge saiu do Jovem Guarda (que também terminaria naquele mesmo ano) e integrou, o Divino, Maravilhoso da TV Tupi, apresentado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, ambos fundariam a Tropicália, movimento que misturava a música brasileira com as guitarras do rock psicodélico, ainda em 1968, Roberto Carlos lança O Inimitável, notadamente influenciado pela soul music em faixas como Se Você Pensa e Ciúme de Você, em 1969, Erasmo grava seu primeiro samba-rock, Coqueiro verde, embora a autoria seja atribuída como uma parceria com Roberto, foi composta apenas por ele.

Tim Maia volta dos Estados Unidos trazendo influencias do soul e do funk, Maia é gravado por Eduardo Araújo, Erasmo Carlos, Roberto Carlos e Elis Regina, após alguns compactos, grava seu primeiro álbum primeiro álbum em 1970, apesar de trazer os ritmos importados, Maia também faz fusões com samba, baião, xote e bossa nova, gravando com a banda Os Diagonais, composta por Genival Cassiano, seu irmão Camarão e Amaro. Outro artista conhecido pelas fusões rítmicas foi Wilson Simonal, na década de 1950, era apresentado por Carlos Imperial como o "Harry Belafonte brasileiro", uma referência ao cantor americano de calypso, um estilo afro-caribenho, na década de 1960, cantava samba, bossa nova e jazz, até que enveredou pelo estilo conhecido como Pilantragem, um misto de rock, soul e samba, Simonal também gravaria vária canções de Jorge Ben, e excursionaria pelo funk.

Em 1970, Jorge Ben se une ao Trio Mocotó, lançando Muita Zorra, LP com hits do samba-rock e 2 músicas de Roberto e Erasmo Carlos (Coqueiro Verde e O Sorriso de Narinha, composta especialmente para a banda), no mesmo ano, o maestro Érlon Chaves e a banda Veneno defendem uma canção de Jorge no V Festival Internacional da Canção, da Rede Globo, Eu Quero Mocotó. Ao lado do Trio Ternura, Toni Tornado se apresentaria defendeu a canção BR-3, vencedora do festival, assim como Tim Maia, Tornado havia morado um tempo nos Estados Unidos e também trazia influencia de soul e funk.

Em 1971, Dom Salvador lidera o grupo Abolição, fazendo fusões de soul, funk, samba e baião, no mesmo ano, participa da gravação de Jesus Cristo, canção religiosa de Roberto Carlos com forte influência da soul music.



A soul music também estaria presente nos trabalhos do Trio Esperança e de Miguel de Deus, ex-membro do grupo tropicalista Os Brazões.Na virada dos anos 1960 para os 1970, o Brasil testemunhou a definição de um novo gênero musical, a partir da fusão das bases rítmicas e temáticas do samba com um discurso e uma musicalidade absorvidos diretamente da música negra americana. Já há algum tempo, músicos oriundos de diversas tendências, conectados com as influências da cultura internacional, dialogavam, criando novos ritmos a partir da fusão da matriz comum do arqui-gênero do samba com o jazz, o rock e a soul music Paralelamente a este cenário musical, novas experimentações interpretativas eram desenvolvidas em São Paulo por negros das periferias, que criaram os primeiros passos de uma dança que misturava influências coreográficas do rockabilly americano (derivado do lindy hop) à marcação do samba. A esta nova dança convencionou-se chamar samba-rock, que acabou por definir também uma nova maneira de se fazer música, um novo gênero musical. Vale ressaltar que nem todos os artistas da soul music brasileira são adeptos das fusões, é o caso de Gerson King Combo, irmão do compositor Getúlio Cortes e ex-coreografo da Jovem Guarda, segundo Combo, samba e soul são como “azeite e vinagre”, apesar disso, Gerson recriou clássicos da música brasileira, como O Xote das Meninas de Luiz Gonzaga e Pastorinhas de Noel Rosa em ritmo de soul em seu álbum de estréia, Gerson King Combo e a Turma do Soul. De outro lado, os sambistas Candeia e Dona Ivone Lara criticaram a influência do soul na canção Soul mais o samba (1977).

Tecnicamente, nas composições de samba-rock, é feito um deslocamento da acentuação rítmica, cujo compasso binário de samba (2/4) é adaptado ao compasso quaternário (4/4) do rock e da soul music, utilizando, ainda, naipes de metais importados dos grupos de soul e funk americanos.

Estruturalmente, é a denominação dada ao samba interpretado à base de guitarra, no estilo popularizado por vários artistas, cujo ícone foi Jorge Ben. embora o mesmo não goste do termo. Em várias regiões do país, artistas desenvolviam paralelamente músicas dentro do conceito da mistura do samba com o rock e com o soul. Em Porto Alegre costumava-se chamar de "suíngue"; "samba-rock" era mais utilizado em São Paulo e, no Rio de Janeiro, expressões como "sambalanço" e, posteriormente, "samba-soul" eram mais recorrentes. Apesar dos sotaques musicais diferentes, a matriz da fusão era sempre mantida, com a modulação rítmica clássica do Rock and Roll, composta por bateria, baixo, guitarra e teclados, articulada à levada do samba através do violão, da cuíca, do pandeiro e da timba.


Como reflexo deste movimento musical no Rio de Janeiro - onde se desenvolviam as bases rítmicas de um novo gênero - em bailes e festas das periferias de São Paulo jovens negros produziam uma outra interpretação destas fusões entre música brasileira e estrangeira, a partir da criação de um novo jeito de dançar. A ele, convencionou-se chamar de samba-rock, nome criado por disc jóqueis da época e adotado pelos frequentadores dos bailes e festas dos guetos negros paulistanos.

Na década de 1950, os melhores salões de baile espalhavam-se pelo centro e pela zona sul paulista. Animados por grandes orquestras famosas, o alto preço dos ingressos e o preconceito racial vetava o acesso de um público negro a esses bailes. Nesta época, já existiam os equipamentos de som Hi-Fi, e o preço dos discos também se tornava um pouco mais acessível. Frustrado como tantos outros por não poder frequentar os grandes salões, em 1959, Osvaldo Pereira, técnico eletrônico e vendedor de discos, construiu um sistema de som com pouco mais de cem watts de potência e decidiu organizar e sustentar um baile em um salão chique da cidade, mas sem uma orquestra. Assim criou a "Orquestra Invisível Let’s Dance", e tornou-se o primeiro DJ do Brasil de que se tem registro.

O baile, mais barato que o habitual por não ter o custo dos músicos, fez sucesso, e outros discotecários animaram-se e fundaram várias orquestras invisíveis. Até meados dos anos 1960, o que as orquestras invisíveis tocavam era um som bem fiel ao das orquestras de carne e osso, como Glenn Miller e Ray Conniff. Sucessos do mercado fonográfico estrangeiro que, de outra forma, não poderiam chegar até uma população de baixa renda. Junto ao rádio, os bailes funcionavam como "filtros", facilitando o acesso a esta cultura internacional. Entre os nacionais, os preferidos eram os sambalanços de Bolão e Waldir Calmon, Elza Soares e Ed Lincoln. Em uma etapa posterior, sucessos da black music americana como Al Green também eram tocados nos bailes. Samba-rock era apenas mais um dos estilos que fazia parte do set list dos bailes.

O estilo de dança que se desenvolveu no espaço destes bailes das orquestras invisíveis era adaptado diretamente das danças americanas da moda, como o twist e o swing, incorporando, também, movimentos dos ritmos caribenhos. A dança, praticada do mesmo jeito há mais de quarenta anos, sofreu poucas alterações e os passos podem ser realizados ao som de vários outros gêneros musicais. Em dupla, os bailarinos cruzam seus braços sobre a cabeça do outro, em rodopios e movimentos curtos que seguem uma batida cadenciada, em quatro tempos. Em geral, o homem conduz a mulher em uma espécie de rockabilly, mas sem passos aéreos, com os parceiros mais próximos e as mãos sempre unidas, e os pés acompanhando a batida.


Com o passar do tempo, aos poucos as orquestras invisíveis foram sendo substituídas pelos embriões das primeiras equipes de som, que seriam as organizadoras dos grandes bailes black nos anos 1970, responsáveis pela difusão e pelo sucesso da black music no Brasil. O samba-rock e a soul music made in Brasil tornaram-se febre não só nas periferias como também no mercado musical de São Paulo, Rio de Janeiro, e outras cidades do Sul e Sudeste. Através do trabalho dos DJs destas equipes, artistas negros como Jorge Ben e Tim Maia começaram a ganhar mais destaque nos set lists dos bailes black, dentro de um contexto de valorização da cultura negra.

Cada vez atingindo um público maior, inclusive em outros estados, estas festas foram profissionalizando-se e, em meados dos anos 1970, surgiram as grandes equipes de som (ou "equipes de baile", como se chamavam em São Paulo) como as paulistas Zimbabwe e Chic Show. No Rio de Janeiro, foram criadas, entre outras, a Soul Grand Prix, Cash Box e a Furacão 2000. As equipes investiam em sonorização e divulgação, introduzindo novas músicas nos bailes, e até mesmo organizando grandes shows com artistas famosos, em noites que chegavam a reunir 80 mil pessoas. Os bailes black foram os responsáveis pela aplicação direta dos ideais do black power na vida cotidiana de milhares de jovens negros das cidades brasileiras. Era a representação de toda uma cultura musical negra paralela que não chegava à grande mídia, e que passou, a partir daquele momento, a infiltrar-se no gosto do público consumidor brasileiro.

A mobilização em torno da conscientização racial camuflada de diversão acabou por configurar um movimento, atraindo os holofotes da mídia. A imprensa, percebendo o efervescente movimento que mobilizava milhares de jovens pobres e negros, batizou o fenômeno de Black Rio. As festas no subúrbio e na zona sul foram responsáveis pelo enorme índice de venda de discos black, superando, inclusive, o rock dos Rolling Stones ou do Led Zeppelin. Os frequentadores destas festas eram vistos como um enorme mercado em potencial. Inicialmente, foram lançadas coletâneas com os principais sucessos dos bailes (muitas delas eram assinadas pelas equipes de som e pelos DJs de maior prestígio) e novos artistas nacionais que cantavam soul music começaram a surgir, como a Banda Black Rio, formada por membros do grupo Abolição, a banda foi criada por encomenda pela gravadora WEA em 77, que aprofundou as experimentações sonoras em torno de um som instrumental que mesclava o samba ao funk americano.

A disco music, também importada dos Estados Unidos e feita para as pistas dos clubs, encontrou solo frutífero no Brasil. Mesclando ingredientes do soul, do funk e da música latina, a disco abriu caminho para o sucesso do gênero e para a febre da discoteca, que se espalhou por todo o mundo. A diva disco brasileira foi a paulistana Lady Zu (Zuleide Santos da Silva), que estourou com a música "A Noite Vai Chegar" (Philips), em 1977, vendendo milhares de cópias. Zu também foi adepta das fusões e em "Hora de União", a letra dizia que: "é a vez do samba-soul". Tim Maia também se lança no gênero lançando Tim Maia Disco Club, acompanhado pela Banda Black Rio, o álbum traz um dos maiores sucessos do cantor, a canção "Sossego"."Sossego".

O ritmo atingiu o auge nas décadas de 1970 e 1980, nos bailes black da periferia. Em São Paulo, os bailes de periferia também ferviam ao som do samba-rock-suíngue, de nomes como o Trio Mocotó (que originalmente acompanhava Jorge Ben Jor), Copa 7, Luís Vagner (que foi do grupo de iê-iê-iê Os Brasas, homenageado por Ben Jor com a música "Luiz Vagner Guitarreiro"), Branca Di Neve (falecido em 1989), Carlos Dafé, Dhema, Franco (também ex-Os Brasas), Abílio Manoel e Hélio Matheus.

Atingiu sua maior força com os compositores Bebeto, Bedeu e Luís Vagner, que podem ser considerados os verdadeiros representantes dessa música. Outros compositores contribuíram para que o ritmo permanecesse vivo até hoje, entre eles Marku Ribas e Itamar Assumpção.


Sofrendo inúmeras críticas, o movimento black foi arrefecendo. Em meio à ditadura brasileira, com seu projeto de integração nacional, o discurso oficial não podia conceber a ideia de um negro brasileiro com identidade cultural e questões sociais próprias. A repressão implementada pelo regime militar vigente no país - que via, nos grandes bailes de negros da periferia, uma possibilidade de subversão - o boom da discoteca e a afirmação dos grandes nomes da MPB (como supostamente autênticos representantes da cultura popular) transformaram o mercado musical brasileiro. A MPB veio ocupar o espaço na indústria fonográfica antes destinado ao soul e ao samba-rock, contribuindo para o declínio do movimento musical black brasileiro no começo dos anos 1980.

O samba-rock passou as décadas de 1980 e 1990 praticamente fora da mídia, mas nunca desapareceu. Estava presente nos bailes nas periferias. Na periferia de São Paulo, ao longo dos anos 1990, os bailes continuavam tocando as velhas músicas, que apareciam aqui e ali em coletâneas piratas vendidas em lojas do centro da cidade.

A partir de 2000, o samba-rock voltou à mídia e ganhou novos públicos dentro dos circuitos universitários. Nesta época, artistas como Seu Jorge, Clube do Balanço, Farufyno, Paula Lima e o Funk Como Le Gusta ajudaram a renovar o gênero.

Em meados da década e início da década de 2010 surgem grupos denominados como rock-samba, que tocam versões covers de canções de rock em ritmo de samba, tais como Sambô, Bamboa, Oba Oba Samba House, entre outros.

Em 2016, o grupo Sambô se aproximou do gênero gravando com Wilson Simoninha canções de Jorge Ben Jor e Tim Maia.


Cruzando – nos dois sentidos – a linha divisória entre samba e rock, a evolução deste novo gênero pode ser considerada como uma fase de transição e renovação do samba. A criação do samba-rock foi uma estratégia de interação entre grupos sociais populares e novas tendências culturais globais, e sua apropriação foi gerada a partir de uma reestruturação das recepções, com a negociação criativa entre o local e o estrangeiro, refletindo novas tendências nas condições de reconhecimento por parte de um novo público negro jovem, que buscava a definição de suas identidades diante deste contexto de mundialização cultural.

Através da música e da dança, o negro brasileiro dos anos 1960 e 1970 entrou em contato com a moda, as ideologias e a história dos negros norte-americanos. Esse diálogo através da arte revigorou sua auto-estima e forneceu elementos para a construção de uma identidade própria em todos os aspectos da sua vida.


As equipes de samba rock (grupos de dançarinos amadores e profissionais que ensaiam coreografias juntos) são a vanguarda do movimento. É no seio dessas iniciativas que surgem os novos passos, transições, variações, é ali que o samba-rock como dança se renova constantemente. São muitas as equipes espalhadas por todo o estado. Entre as mais tradicionais, estão a "Discípulos de Jorge Ben Jor" (São Paulo) e "Sambarockano" (Guarulhos). Em 2014, a Equipe Toque Final (São Paulo) venceu uma competição internacional de dança em Buenos Aires, levando o nome do samba-rock para fora do país. São a forma mais pura de resistência cultural visível dentro do movimento do samba-rock haja vista que não recebem qualquer incentivo financeiro. Existem também Profissionais renomados que levam a Cultura Samba Rock à televisão como Professores Moskito, Anna Paula, Bruno Magnata, Fabiana Moura entre outros Grande ícones da Cultura. Dia 5 de Dezembro de 2015 foi Criado o 1º Congresso de Samba Rock do Estado de São Paulo por seu Idealizador Bruno Magnata, onde convidou os Mestres Guedes e Leonardo Cordeiro para Organização de Tal Marco para nossa Cultura.

Em 2015, a expectativa gira em torno do tombamento do samba rock como patrimônio cultural da cidade de São Paulo. Esse avanço, uma vez obtido, incluirá o samba rock, representado pela Apeesp (Associação de Promotores de Eventos do Estado de São Paulo), nos candidatos a incentivos materiais da prefeitura, tanto na forma de verbas para realizar eventos, como através da cessão dos aparelhos da prefeitura para a realização dos mesmos. Em abril de 2016, uma lei promulgada pela Assembleia Legislativa de São Paulo, instituiu o dia 31 de agosto como o Dia do Samba-Rock, em homenagem ao dia de nascimento de Jackson do Pandeiro.

Wando

Wando, nome artístico de Wanderley Alves dos Reis (Cajuri, 2 de outubro de 1945 — Nova Lima, 8 de fevereiro de 2012)
O hipocorístico Wando foi dado por sua avó. Ainda pequeno mudou-se de Cajuri para Juiz de Fora, onde formou-se em violão erudito e começou a lidar com música por volta dos 20 anos. Nessa época já participava de conjuntos e se apresentava em bailes na região. Mais tarde muda-se para Volta Redonda (Rio de Janeiro), onde trabalhou como caminhoneiro e feirante.

Sua carreira de cantor iniciou-se em 1969 e a de compositor logo depois. Suas primeiras composições eram sambas com levada de swing (o samba-rock) e foram gravadas pelo grupo Originais do Samba. "Catimba criolo", registrada no disco dos Originais em 1972, provavelmente foi a primeira música gravada do mineiro de Cajuri. Depois dessa gravação, no ano seguinte foi a vez de "Ao velho poeta Pixinguinha", homenagem póstuma ao músico recém-falecido.

Nesse mesmo ano de 1973, Wando gravou seu primeiro LP na gravadora Copacabana, Glória a Deus no Céu e Samba na Terra, sob o selo Beverly. Disco pontuado pelo samba, com letras ambientadas em subúrbios e favelas e temática social, é justamente nele que se encontra a gravação de "O importante é ser fevereiro", composto com Nilo Amaro (do conjunto "Os cantores de Ébano"), e que se tornou sucesso instantâneo ao ser gravado por Jair Rodrigues em 1974.

Sua carreira de cantor iniciou-se em 1969 e o sucesso veio em 1973 quando gravou seu primeiro disco na Discos Copacabana. Compôs para outros medalhões da MPB, como Jair Rodrigues, que no ano de 1974 gravou “O Importante é Ser Fevereiro”. Em 1975, Ângela Maria gravou "Vá, mas Volte". “A Menina e o Poeta” foi gravada por Roberto Carlos em seu álbum de 1976. "Moça" (1975), "Chora Coração" (1985), que fez parte da trilha sonora da telenovela Roque Santeiro, e, principalmente, "Fogo e Paixão", lançado no álbum Vulgar e comum é não morrer de amor, de 1988, foram seu maiores sucessos.

Jurema - Eu Nasci No Samba 1979

01-Velho Papo da Ilusão (Mita/ Carlos Barbosa)

02-Pra Que Falar de Tristeza (Joel Teixeira/ Carlito
Cavalcante)

03-Cuidado (Zé Catimba-Indaya)

04-Eu Nasci No Samba (Jurema-Caciporê)

05-De Chico Buarque a Geraldo Babão (Walter Rosa-Ratinho)

06-Tédio (Guaracy de Castro/ Roberto Nepomuceno)

07-Porque Amor (Fernandes Duarte/ Agnaldo Nogueira-Caciporê)

08-Arigato Maravilha do Trem Japonês (Fátima Guedes)

09-Socorro (Totonho/ Cesar Santos)

10-Festival de Cores (Carlito Cavalcanti/ Joel Teixeira)

11-Amor Terrível (K. Boclinho/ Eliezer)

12-Não Se Preocupe (Mita-Edson Carlos) 13-Flores e Espinhos (Romeo Nunes) 14-Partido Magro (Fátima Guedes)

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Coco de roda

O coco é um ritmo típico da Região Nordeste do Brasil. Há controvérsias sobre o estado em que se originou, sendo citados os estados de Pernambuco, da Paraíba e de Alagoas.
 O nome refere-se também à dança ao som deste ritmo.

"Coco" significa cabeça, de onde vêm as músicas, de letras simples. Com influência africana e indígena, é uma dança de roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos durante festas populares do litoral e do sertão nordestino. Recebe várias nomenclaturas diferentes, como pagode, zambê, coco de usina, coco de roda, coco de embolada, coco de praia, coco do sertão, coco de umbigada, e ainda outros o nominam com o instrumento mais característico da região em que é desenvolvido, como coco de ganzá e coco de zambê. Cada grupo recria a dança e a transforma ao gosto da população local.

O som característico do coco vem de quatro instrumentos (ganzá, surdo, pandeiro e triângulo), mas o que marca mesmo a cadência desse ritmo é o repicar acelerado dos tamancos(que são usados para imitar o barulho do coco sendo quebrado). A sandália de madeira é quase como um quinto instrumento, talvez o mais importante deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas. Existe uma hipótese que diz que o surgimento do coco se deu pela necessidade de concluir o piso das casas no interior, que antigamente era feito de barro. Existem também hipóteses de que a dança teria surgido nos engenhos ou nas comunidades de catadores de coco.

Jongo

O jongo, também conhecido como caxambu e corimá, é uma dança brasileira de origem africana que é praticada ao som de tambores, como o caxambu.
É essencialmente rural. Faz parte da cultura afro-brasileira. Influiu poderosamente na formação do samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo. Segundo os jongueiros, o jongo é o "avô" do samba.
A palavra "jongo" é vinda do termo quimbundo jihungu.
Inserindo no âmbito das chamadas danças de umbigada (sendo, portanto, aparentado com o semba ou masemba de Angola), o jongo foi trazido para o Brasil por negros bantos, sequestrados para serem vendidos como escravos nos antigos reinos de Ndongo e do Kongo, região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola. Composto por música e dança características, animadas por poetas que se desafiam por meio da improvisação, ali, no momento, com cantigas ou pontos enigmáticos, o jongo tem, provavelmente, como uma de suas origens (pelo menos no que diz respeito à estrutura dos pontos cantados) o tradicional jogo de adivinhação angolano denominado jinongonongo.
Como uma expressão da religião, mantém, como um traço essencial de sua linguagem, a presença de símbolos que possuem função supostamente mágica ou sagrada, provocando, segundo se acredita, fenômenos mágicos.
Desse modo, o fogo serve para afinar os instrumentos e também para iluminar as almas dos antepassados; os tambores são consagrados e considerados como ancestrais da própria comunidade; a dança em círculos com um casal ao centro remete à fertilidade; sem esquecer, é claro, as ricas metáforas utilizadas pelos jongueiros para compor seus "pontos" e cujo sentido permanece inacessível para os não jongueiros.
Era dançado e cantado outrora com o acompanhamento de Urucungo (arco musical banto que originou o atual berimbau), viola e pandeiro, além de três tambores consagrados, utilizados até os nossos dias, chamados de tambu ou Caxambu, o maior - que dá nome à manifestação em algumas regiões - candongueiro, o menor, e o tambor de fricção ngoma-puíta (uma espécie de cuíca muito grande).
O jongo é, ainda hoje, bastante praticado em diversas cidades de sua região original: o Vale do Paraíba na Região Sudeste do Brasil, ao sul do estado do Rio de Janeiro e ao norte do estado de São Paulo e na região das Minas e das fazendas de café em Minas Gerais, onde também é chamado "Caxambu".
Entre as diversas comunidades que mantêm (ou, até recentemente, mantiveram) a prática desta manifestação, podem-se citar, como exemplo, as localizadas na periferia das cidades de Valença, Vassouras, Paraíba do Sul e Barra do Piraí (Rio de Janeiro), além de Guaratinguetá e Lagoinha (São Paulo), com reflexos na região dos rios Tietê, Pirapora e Piracicaba, também em São Paulo (onde ocorre uma manifestação muito semelhante ao jongo conhecida pelo nome de batuque) e até em certas localidades no sul da Bahia.
Na cidade do Rio de Janeiro, a região compreendida pelos bairros de Madureira e Oswaldo Cruz, já nos anos imediatamente posteriores à abolição da escravatura, centralizou durante muito tempo a prática desta manifestação na zona rural da antiga Corte Imperial, atraindo um grande número de migrantes ex-escravos, oriundos das fazendas de café do Vale do Paraíba.
Entre os precursores da implantação do jongo nesta área, se destacaram a ex-escrava Maria Teresa dos Santos, muitos de seus parentes ou aparentados, além de diversos vizinhos da comunidade, entre os quais Mano Elói (Eloy Anthero Dias), Sebastião Mulequinho e Tia Eulália, todos eles intimamente ligados à fundação da Escola de Samba Império Serrano, sediada no Morro da Serrinha.
A partir de meados da década de 1970, no mesmo Morro do Curupira, o músico percussionista Darcy Monteiro "do Império" (mais tarde, conhecido como Mestre Darcy), a partir dos conhecimentos assimilados com sua mãe, a rezadeira Maria Joana Monteiro (discípula de Vó Teresa), passou a se dedicar à difusão e a recriação da dança em palcos, centros culturais e universidades, estimulando, por meio de oficinas e workshops, a formação de grupos de admiradores do jongo que, embora praticando apenas aqueles aspectos mais superficiais da dança e, desse modo, deslocando-a de seu âmbito social e seu contexto tradicional original, dão hoje, a ela, alguma projeção nacional.
Ainda no âmbito da cidade do Rio de Janeiro, é digno de nota, também, o Caxambu do Salgueiro, grupo de jongo tradicional que, comandado por mestre Geraldo, animou, pelo menos até o início da década de 1980, o Morro do Salgueiro, no bairro da Tijuca, sendo composto por figuras históricas daquela comunidade, entre as quais Tia Neném e Tia Zezé, famosas integrantes da ala das baianas da Escola de Samba G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro.
Em 1996, aconteceu, no município de Santo Antônio de Pádua (RJ), o I Encontro de Jongueiros, resultado de um projeto de extensão da Universidade Federal Fluminense (UFF), desenvolvido pelo campus avançado que a universidade possui neste município. Deste encontro, participaram dois grupos de jongueiros da cidade e mais um de Miracema, município vizinho.
A partir daí, o encontro passou a ser anual. Hoje, cerca de treze comunidades jongueiras participam deste Encontro.
O XII Encontro de Jongueiros, realizado nos dias 25 e 26 de abril de 2008 em Piquete (SP), recebeu a participação de mil jongueiros das cidades de Valença (Quilombo São José), Barra do Piraí, Pinheiral, Angra dos Reis, Santo Antônio de Pádua, Miracema, Serrinha, Porciúncula, Quissamã, Campos dos Goytacazes, São Mateus, Carangola, São José dos Campos, Guaratinguetá, Campinas e Piquete. Em 2000, durante a realização do V Encontro de Jongueiros, em Angra dos Reis, foi criada a Rede de Memória do Jongo e do Caxambu, com o objetivo de organizar as comunidades jongueiras e fortalecer suas lutas por terras, direitos e justiça social.

Tambor de crioula

Tambor de crioula ou punga é uma dança de origem africana praticada por descendentes de escravos africanos no estado brasileiro do Maranhão, em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos brincantes e muita descontração.

Os motivos que levam os grupos a dançarem o tambor de crioula são variados podendo ser: pagamento de promessa para São Benedito, festa de aniversário, chegada ou despedida de parente ou amigo, comemoração pela vitória de um time de futebol, nascimento de criança, matança de bumba-meu-boi, festa de preto velho ou simples reunião de amigos.

Dia 18 de junho é o dia do tambor crioula que pode ser apresentada, preferencialmente, ao ar livre, em qualquer época do ano. Atualmente, o tambor de crioula é dançado com maior freqüência no carnaval e durante as festas juninas. A Lei nº 13.248 de 12 de janeiro de 2016 estabeleceu a data de 18 de junho como o dia do Tambor de Crioula.

A dança não requer ensaios. Originalmente não exigia um tipo de indumentária fixa, mas nos dias atuais a dança pode ser vista com as brincantes vestidas em saias rodadas com estampas em cores vivas, anáguas largas com renda na borda e blusas rendadas e decotadas brancas ou de cor. Os adornos de flores, colares, pulseiras e torços coloridos na cabeça terminam de compor a caracterização da dançante. Os homens trajam calça escura e camisa estampada.

A animação é feita com o canto puxado pelos homens com o acompanhamento das mulheres. Um brincante puxa a toada de levantamento que pode ser uma toada já existente ou improvisada. Em seguida, o coro, integrado pelos instrumentistas e pelas mulheres, acompanha, passando esse canto a compor o refrão para os improvisos que se sucederão. Os temas, puxados livremente em toadas, podem ser classificados como de auto-apresentação, louvação aos santos protetores, sátiras, homenagem às mulheres, desafio de cantadores, fatos do cotidiano e despedida.

A coreografia da dança apresenta vibrantes formas de expressão corporal, principalmente pelas mulheres que ressaltam, em movimentos coordenados e harmoniosos, cada parte do corpo (cabeça, ombros, braços, cintura, quadris, pernas e pés). As dançantes se apresentam individualmente no interior de uma roda formada por um grupo de vários brincantes, incluindo dirigentes, dançantes, cantadores e tocadores. Da roda, participam também os acompanhantes do tambor. Todos acompanham o ritmo com palmas.

O tambor de crioula apresenta coreografia livre e variada. A brincante que está no centro é responsável pela demonstração coreográfica principal, mostrando sua forma individual de dançar. No centro da roda, os movimentos são mais livres, mais intensos e bem acentuados, seguindo o compasso dos tocadores.

A dança apresenta uma particularidade: a punga.
Entre as mulheres, se caracteriza como um convite para entrar na roda. Quando a brincante está no centro e quer sair, avança em direção a outra companheira, aplicando-lhe a punga, que consiste no toque com a barriga. A que estiver na roda vai para o centro para continuar a brincadeira.

Toda a marcação dos passos da dança é feita por um conjunto de tambores que os brincantes chamam de parelha. São três tambores nos tamanhos pequeno, médio e grande, feitos de troncos de mangue, pau d'arco, soró ou angelim. Um par de matracas batidas no corpo do tambor grande auxilia na marcação. O tambor pequeno é conhecido como crivador ou pererengue; o médio é chamado de meião, meio ou chamador e o grande recebe, entre os tocadores, os nomes de roncador ou rufador.

Os tambores são bastante rústicos, feitos manualmente de troncos cortados nos três tamanhos e trabalhados exteriormente com plainas para que a parte superior fique mais larga que a inferior. Internamente, o tronco é trabalhado a fogo com o auxílio de instrumentos de ferro para que fique oco. A cobertura do tambor é feita com o couro de boi, veado, cavalo ou tamanduá. Depois da cobertura, é derramado azeite doce no couro que fica exposto ao sol para enxugar e atingir o "ponto de honra", quando é considerado totalmente pronto. Durante a dança, os tambores são esquentados na fogueira para que tenham afinação perfeita.

Em 2007, o Tambor de Crioula ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Teresa Cristina

Teresa Cristina Macedo Gomes (Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1968), mais conhecida como Teresa Cristina, é uma cantora brasileira.

No início, apresentava-se em bares do Rio de Janeiro, principalmente em Madureira, interpretando sambas de Jair do Cavaquinho, Monarco e Argemiro da Portela, entre outros.

Depois de se apresentar no projeto A Cria, em 1995, no Planetário da Gávea, foi convidada por Chacal a integrar o Projeto CEP 20.000. Depois apresentou-se na Casa da Mãe Joana, levada por Wilson Moreira.

Em 1998 começou a cantar no Bar Semente, na Lapa, tornando-se uma das responsáveis pela revigoração musical do bairro. O bar acabou batizando a banda que passou a acompanhá-la desde então. A partir daí, suas apresentações levam o nome de Teresa Cristina e Grupo Semente. O cavaquinista do grupo é João Callado, neto do escritor Antonio Callado e filho da atriz Tessy Ca.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Beth Carvalho , Canta Nelson Cavaquinho... Nome Sagrado

A dramaticidade beirando o trágico das músicas de Nelson Cavaquinho, à primeira vista, pode parecer incompatível com o eterno sorriso de Beth Carvalho, ostentado em todas as 23 fotos do encarte do disco. Como discípula, entretanto, Beth sempre soube respeitar e dar voz ao Nome Sagrado de Nelson José da Silva.
1 Folhas Secas (Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito)
2 Nome Sagrado (Nelson Cavaquinho/José Ribeiro/José Alcides)
3 Luz Negra (Nelson Cavaquinho/Amâncio Cardoso)
4 Nem Todos São Amigos (Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito)
Dona Carola (Nelson Cavaquinho/Nourival Bahia/Walto Feitosa)
Participação: Zeca Pagodinho
5 Cheiro De Vela (Nelson Cavaquinho/José Ribeiro)
6 Notícia (Nelson Cavaquinho/Alcides Caminha/Nourival Bahia)
7 Palhaço (Nelson Cavaquinho/Osvaldo Martins/Washington Fernandes)
Degraus da Vida (Nelson Cavaquinho/César Brasil/Antônio Braga)
Participação: Wilson das Neves
8 Não Te Dói a Consciência (Nelson Cavaquinho/Ari Monteiro/Augusto Garcez)
9 Juízo Final (Nelson Cavaquinho/Élcio Soares)
10 Rugas (Nelson Cavaquinho/Augusto Garcez/Ari Monteiro)
11 Pranto de Poeta (Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito)
Participação: Guilherme de Brito
Sempre Mangueira (Nelson Cavaquinho/Geraldo Queiroz)
12 Caridade (Nelson Cavaquinho/Ermínio do Vale)
13 A Flor E O Espinho (Nelson Cavaquinho/Alcides Caminha/Guilherme de Brito)
14 Minha Festa (Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito)

Voz de Nelson Cavaquinho
15 Quando Eu Me Chamar Saudade (Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito)
16 Visita Triste (Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito/Anatalicio)
Vou Partir (Nelson Cavaquinho/Jair do Cavaquinho)

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Alcione - PRA QUE CHORAR - 1977

00:00 Ilha de Maré
03:49 Pedra Que Não Cria Limo
06:37 Recusa
10:17 Pandeiro é Meu Nome
13:56 Solo de Pistom
16:40 Pra Que Chorar
19:50 Não Chore Não
23:01 Eu Vou Deixar
27:26 Feira Do Rolo
31:26 Correntes De Barbante
35:45 Tambor de Crioula

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Elza Soares & Roberto Ribeiro - Sangue, Suor e Raça

Se você fechar um dia com Elza Soares você tem um dia perfeito. Foi mais de um ano que este álbum foi lançado pela primeira vez em Loronix. Foi uma pena que ele não tenha sido atualizado desde então, agora temos melhores varreduras de cobertura, bom rasgo e a pista que falta, 07 - O Que Vem de Baixo nao me Atinge está agora incluído. Na verdade, esse álbum ficou muito melhor com a faixa correta 07, é a melhor faixa do álbum. Vamos ver.

Esta é Elza Soares e Roberto Ribeiro - Sangue, Suor e Raca (1972), para Odeon. Este álbum segue imediatamente o aclamado O Samba pede Passagem, lançado mais cedo no mesmo ano de 1972. Sangue, Suor e Raca, atualiza o anterior, Elza é mais divertido e o grande Roberto Ribeiro realmente adiciona algo especial ao álbum com vocais de alma e bons duetos com Elza. Dom Salvador e Maestro Nelsinho são responsáveis ​​por acordos, mas a listagem de pessoal não está disponível desta vez. As faixas incluem:

01 - Swing Negrão (Elza Soares) Brasil Pandeiro (Assis Valente) O Samba Agora Vai (Pedro Caetano) É Com Esse Que Eu Vou (Pedro Caetano)
02 - Aurora de Um Sambista (Toco)
03 - Domingos Domingueira (Eduardo Marques (1))
04 - Cicatrizes (Miltinho / Paulo César Pinheiro)
05 - Isto É Papel João (Paulo Ruschell) Cocorocó (Paulo da Portela) Decadência (Cartola)
06 - Recordação de Um Batuqueiro (Xangô da Mangueira / J. Gomes) O Que Vem de Baixo Não Me Atinge (Johnny Alf)
08 - Lenço Cor de Rosa (Eduardo Marques (1))
09 - Sacrifício (Mauro Duarte / Maurício Tapajós)
10 - Coisa Louca (Ismael Silva) A Razão Dá-se a Quem Tem (Noel Rosa / Francisco Alves / Ismael Silva) O Que Se Leva Desta Vida (Pedro Caetano)

Seu Jorge e Caetano Veloso - Desde Que O Samba É Samba

A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim


A lágrima clara sobre a pele escura
A noite, a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora

A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora

O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou

O samba não vai morrer
Veja o dia ainda não raiou

O samba é o pai do prazer
O samba é o filho da dor

O grande poder transformador

domingo, 15 de outubro de 2017

Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus (Sacramento, 14 de março de 1914 — São Paulo, 13 de fevereiro de 1977) foi uma escritora brasileira, conhecida por seu livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada publicado em 1960.
Carolina de Jesus é considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil. A autora viveu boa parte de sua vida na favela do Canindé, na zona norte de São Paulo. A autora sustentou a si mesma e seus três filhos como catadora de papéis. Em 1958, ela foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, que publicou o diário de Carolina sob o nome Quarto de Despejo. Com o dinheiro do livro, a autora se mudou da favela. Chegou a publicar outros livros, mas nenhum repetiu o enorme sucesso de sua primeira publicação.
A obra da autora foi alvo de diversos estudos, tanto no Brasil quanto no exterior.
Seguindo o sucesso do livro Quarto de Despejo, a mineira Carolina Maria de Jesus, catadora de papel que se tornou escritora, grava no ano seguinte disco homônimo pela RCA Victor.
Todas composições são suas, acompanham Maestro Francisco Moraes nos arranjos e a direção artística de Júlio Nagib.

Faixas:
01. 00:00 Rá, ré, ri, ro, rua
02. 02:07 Vedete da favela
03. 04:28 Pinguço
04. 06:58 Acende o fogo
05. 09:14 O pobre e o rico
06. 12:00 Simplício
07. 14:27 O malandro
08. 16:34 Moamba
09. 19:29 As granfinas
10. 21:47 Macumba
11. 24:22 Quem assim me ver cantando
12. 26:46 A Maria veio

Sonia Santos

Nascida no bairro de Ramos, no Rio de Janeiro, Sonia Santos iniciou a carreira no início da década de 70, sendo que  uma de suas primeiras gravações foi no disco "Sargentelli e O Sambão", em 1970, cantando "O samba da minha terra" (Dorival Caymmi).
Nos anos seguintes apareceu em algumas trilhas de novelas da Rede Globo, como em "O Espigão", cantando "Você vai ter que me aturar" (Reginaldo Bessa / Nei Lopes) e "O Rebu", cantando "Porque" (Raul Seixas / Paulo Coelho), ambas de 1974. Gravou o primeiro LP, "Sonia Santos", pela Som Livre, em 1975, produzido e arranjado por Guto Graça Mello.
O segundo LP, "Crioula" foi lançado em 1977 também pela Som Livre. Gravou o terceiro LP, "Brasileirinha", de forma independente em 1982.
Em 1988 foi convidada por Ricardo Cravo Albin para estrelar ao lado de Tom da Bahia o espetáculo "Verão Brasil", excursionando por diversos países.
No final da década de 80 mudou-se por para os Estados Unidos, fixando residência em Los Angeles. Nos Estados Unidos gravou o CD "Sorte" em 1997.
Em 1999 gravou em dupla com a cantora Ana Gazzola o CD "Brasil Brazil", com clássicos da MPB, pela Yellow Green Productions. Em 2000 foi lançado "Brasil Brazil 2".
Em 2003 as duas cantoras lançaram o DVD "Brasil Brazil Ao Vivo - Syracuse Jazz Festival", gravado ao vivo em Nova York. Em 2008 foi lançado "Brasil Brazil 3", mesmo ano em que Sônia lançou "Bossa, Ballds & Boleros", com o tecladista Pablo Medina.

Ruy Maurity

Ruy Maurity nasceu no dia 12 de dezembro de 1949, em Paraíba do Sul (RJ). Sua mãe foi a primeira violinista a integrar a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, e seu irmão é o pianista Antonio Adolfo. Aprendeu sozinho a tocar violão.

Em 1970 venceu o Festival Universitário do Rio de Janeiro com a música "Dia cinco", que compôs junto com Zé Jorge. No mesmo ano, gravou seu primeiro LP, "Este é Rui Maurity". Foi em 1971 que gravou o seu maior sucesso, “Serafim e seus Filhos”, lançado no LP "Em busca do ouro”. Três anos depois lançou o disco “Safra 74", que teve algumas de suas músicas incluídas nas trilhas sonoras das novelas "Escalada" e "Fogo sobre terra", da TV Globo. Em 76 e 77 lançou, respectivamente, os LPs "Nem ouro nem prata" e "Ganga Brasil", que inclui a gravação do tema principal da novela "Dona Xepa", da TV Globo. Em 1978 gravou o disco "Bananeira mangará”.

Com o tempo foi caracterizando cada vez mais a sua carreira com os temas e músicas regionais. Na década de 80 gravou os discos "Natureza" e “Aviola no Peito”. Realizou ainda inúmeros shows em diversas cidades brasileiras. No ano de 98 lançou o CD De coração, distribuído atualmente pela Kuarup, no qual interpreta diversas parcerias com José Jorge.

sábado, 14 de outubro de 2017

Leci Brandão - Zé do Caroço

Lelelelê Leleleleleleleleiê Lelelelê Leleleleleleleleiê
 No serviço de auto-falante
Do morro do Pau da Bandeira
Quem avisa é o Zé do Caroço
Amanhã vai fazer alvoroço
Alertando a favela inteira
 Como eu queria que fosse em Mangueira
Que existisse outro Zé do Caroço
Pra dizer duma vez pra esse moço
Carnaval não é esse colosso
Nossa escola é raiz, é madeira
 Mas é o Morro do Pau da Bandeira
De uma Vila Isabel verdadeira
Que o Zé do Caroço trabalha
Que o Zé do Caroço batalha
E que malha o preço da feira
 E na hora que a televisão brasileira
Distrai toda gente com a sua novela
É que o Zé põe a boca no mundo
É que faz um discurso profundo
Ele quer ver o bem da favela
 Está nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira
Está nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira
No morro do Pau da Bandeira
No morro do Pau da Bandeira

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Sinhá Rosária

Sinhá Rosária é cantora e compositora popular de Campinas, cofundadora do grupo Urucungos, Puítas e Quijengues, criado por Raquel Trindade, filha do poeta Solano Trindade, na Universidade de Campinas.
Sinhá preserva e divulga cantos, ritmos e danças do samba de bumbo campineiro, samba de lenço rural paulista, jongo, coco, maracatu, samba de roda, bumba meu boi, baião, lundu entre outros. Celebrando 80 anos de vida, em 2015 lançou Eu sou Sinhá (FICC 2014), sob direção musical do violeiro João Arruda.
Os gestos e palavras de Sinhá trazem a humildade rara daqueles que muito sabem.
Seu canto convida a serenar, a ouvir o chamado das boas madrugadas, a vestir camisa de folha e calça de cipó, a sambar no terreiro, a pegar na enxada e abrir as portas de qualquer tipo de cativeiro com a força da alegria e da amizade.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Renato Milagres

Descendente de uma família de músicos, Renato Milagres comprova que o talento musical está mesmo no sangue. Sobrinho do ícone Zeca Pagodinho, iniciou sua carreira aos 15 anos na roda de samba do Cobra, em Cascadura, e pouco tempo depois já se apresentava no Teatro Rival-BR, palco do Pagode do Arlindo.

O cantor participou de diversos projetos musicais, dentre eles "As Novas Caras do Velho Samba", com Dorina, "Os Filhos do Samba", com Eliane Faria, "Família de Sambista" e "Jovens Talentos do Candongueiro". Em 2008, Renato Milagres ficou entre os 10 finalistas do projeto "Novos Talentos" do Carioca da Gema, na Lapa/Rio de Janeiro.

Há nove anos comanda todos os sábados a roda de samba do Renascença Clube, uma das mais tradicionais casas de samba do Rio de Janeiro.

Renato Milagres é sempre muito requisitado para shows na cidade do Rio de Janeiro e já se apresentou em diversos estados, como Brasília, Minas Gerais, Pará e São Paulo.

Em 2012 teve a honra de interpretar a música "Alma boemia" (Toninho Geraes) no CD e DVD "Quintal do Pagodinho" e viu a música ficar entre as 10 mais pedidas da Rádio FM O DIA por diversas semanas seguidas.

Para 2014 a novidade será o lançamento de seu primeiro disco recheado de canções inéditas.

Renato Milagres é, sem dúvidas, um dos talentos da nova geração de sambistas cariocas e seu trabalho reflete bem isso.

Marquinhos Sathã

Marquinho Santanna (Marco Antônio Costa Santos),24/1/1956 Rio de Janeiro, RJ.

Cantor. Compositor. Ao final da década de 1990, mudou o nome artístico para Sathã. No ano 2000 mudou outra vez seu nome artístico, desta vez para Marquinho Santanna.

Em 1987, lançou pela gravadora Ariola o disco “Marquinhos Satã”, no qual interpretou “Escorregar não é cair” (Acyr Marques, Carlos Sapato e Jorge Tetê), “Não chora meu bem” (Franco e Marcos Paiva), “Pura semente” (Acyr Marques e Arlindo Cruz), “Ô lugar” (Dicró, Edson Show e Wilsinho Saravá) e “Um samba sem dó”, de autoria de Paulinho Rezende e Romildo. O disco incluiu ainda, de sua autoria, “Simples poeta”, em parceria com Adilson Victor.

No ano de 1999, Luizinho SP, no disco “Departamento do pagode”, lançado pela gravadora Velas, incluiu “A mulher que eu gostei”, parceria de Marquinhos Satã e Nélson Rufino.

Em 2002, assinando Marquinho Santanna, lançou o CD “Nosso show”, no qual interpretou “Pura semente” (Arlindo Cruz e Acyr Marques), “Mar de carinho” (Arlindo Cruz e Aluisio Machado), “Dois minutos a sós com você” (Pedrinho da Flor e Adalto Magalha), “Banho de felicidade” (Wilson Moreira e Adalto Magalha), “O tempero da Dona Yá-Yá” (Nei Lopes e Sidney da Conceição), “Mel pra minha dor” (Nélson Rufino e Avelino Borges), “Negritude Axé” (Bandeira Brasil, Franco e Arlindo Cruz) e a faixa-título “Nosso show”, de autoria de Adilson Gavião e Robson Guimarães). Neste mesmo disco incluiu de sua autoria “Volta” e “Falsa consideração” (c/ Eros e Libert).

Samba de Raiz

O Samba de Raiz é a expressão mais autêntica da cultura musical brasileira.
Em um grupo de samba de raiz, vemos o pandeiro de couro, o cavaquinho, cuíca, surdo, violão e violão de sete cordas.O banjo, pandeiro sintético, repique de mão e tan tan foram introduzidos principalmente nas rodas do Cacique de Ramos e por integrantes do grupo Fundo de Quintal. Tendo, esses instrumentos vindo para somar.
O samba de raiz também traz outros importantes instrumentos como: ganzá, reco-reco, tamborim, bandolim, entre outros.O samba divide-se em vários tipos, todos eles integrantes do "Samba de raiz" como o samba de partido alto (versos de improviso), samba dolente, samba de quadra, samba de terreiro, samba do recôncavo baiano...
O pagode, em seu sentido primordial, é uma reunião onde se toca música brasileira, podendo ser baião, samba ou qualquer outro ritmo brasileiro. Muito se tem confundido, denominando-se pagode ao "samba" romântico dos grupos que infestaram mídia nos anos 90.

Pagode

O pagode é um estilo diferente de samba. Tem suas origens no Rio de Janeiro entre o final da década de 1970 e início da década de 1980, a partir da tradição das rodas de samba feitas nos "fundos de quintal".

O termo "pagode" está presente na linguagem musical brasileira desde, pelo menos, o século XIX. Inicialmente, era associado às festas que aconteciam nas senzalas e, mais tarde, se tornou sinônimo de qualquer festa regada a , bebidas alcoólicas e cantoria.
Com o passar do tempo, o termo "pagode" começou a ser usado como sinônimo de samba, por causa de sambistas que se valiam deste nome pra suas festas, ou, seus pagodes.

Como vertente musical, o pagode nasceria exatamente dessa manifestação popular completamente marginal aos acontecimentos musicais dos grandes meios de comunicação brasileira.
 A partir do surgimento de nova geração de sambistas no Rio de Janeiro nos anos oitenta, oriunda desses pagodes e que inovaria a forma de se fazer samba, o termo "pagode" batizaria espontaneamente o novo estilo musical derivado do samba.
Antigamente, pagode era considerado como festa de escravos nas senzalas de escravos negros e quilombos.
Em meados do século XIX, o termo passou a designar reuniões para se compartilhar amizades, música, comida e bebida.
 Com a abolição da escravatura e fixação dos negros libertos no Rio de Janeiro, que têm uma relação intrínseca com o sincretismo de religiões de origem africana, como o candomblé a umbanda, o pagode se consolidou a partir do século XX como uma necessidade de compartilhar e construir identidade de um povo recém liberto, e que precisa dar outra função ao corpo que até então é somente instrumento de trabalho.
Por isso a relação estreita entre música e dança na cultura de origem africana, além do fato de ter a síncopa como principal característica da construção técnica-musical, derivada da percussão marcadora do ritmo.
A malandragem e os morros cariocas deram aos pagodes, e na década de 1970, o termo estava muito associado a festas em casas, geralmente nos fundos de quintais, e quadras dos subúrbios cariocas e de favelas e nos calçadões de bares do Centro do Rio, regadas a bebida e com muito samba.

O pagode, como manifestação cultural, apareceu nos meios de comunicação somente em 1978, quando os cantores Tim Maia e Beth Carvalho foram visitar a quadra do Cacique de Ramos, um bloco carnavalesco do bairro de Ramos, no subúrbio carioca. O bloco era uma popular reduto de sambistas anônimos e jogadores de futebol, que se reuniam aos finais de semana para comer, beber e cantar.
A convite do ex-jogador de futebol Alcir Portela, Beth Carvalho foi conhecer um grupo de sambistas conhecidos como Fundo de Quintal, um grupo que tinha entre um de seus vocalistas Almir Guineto, ex-diretor de bateria da escola de samba Unidos do Salgueiro.

O Fundo de Quintal fazia um samba diferente, misturado com outros ritmos africanos não tão difundidos e que tinha uma sonoridade nova, com a introdução de instrumentos como banjo com braço de cavaquinho (criado por Almir Guineto) e o repique de mão (criado pelo músico Ubirany) e a substituição do surdo pelo tantã (criado pelo músico e compositor Sereno).

Beth gostou daquele samba feito no Cacique de Ramos e começou a gravar composições desses novos sambistas, ajudando a revelar nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Almir Guineto e o Fundo de Quintal.
Com boa aceitação de público aos "pagodes" gravados por Beth Carvalho, outros começaram a ser gravados no início da década de 1980, e os próprios sambistas revelados pela cantora passaram a ser lançados e difundidos nas emissoras de rádio e canais de televisão pela indústria fonográfica. Desta forma, se consolidava um novo estilo musical dentro do samba.

Délcio Carvalho

Filho de músico - seu pai era saxofonista da banda "Lira de Apolo" -, foi cortador de cana na infância. Começou a cantar em conj...