sábado, 30 de setembro de 2017

Paulinho da Viola

Paulo César Batista de Faria, mais conhecido como Paulinho da Viola, (Rio de Janeiro, 12 de novembro de 1942) é um cantor, compositor e violonista brasileiro.Filho mais velho do violonista Benedicto Cesar Ramos de Faria, integrante da primeira formação do grupo de choro Época de Ouro, Paulinho da Viola nasceu no bairro de Botafogo em 1942 e desde pequeno gostava de ouvir choros e sambas.
 Assim, teve a oportunidade de conviver com grandes chorões da época, como Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Dilermando Reis, entre outros, observando a maneira de tocar dos músicos.

Embora o pai não desejasse que o filho se tornasse músico, este, contudo, o convenceu a lhe dar um violão, instrumento que começou a aprender a tocar sozinho, aos 15 anos e, logo depois com o violinista Zé Maria, amigo da família, que o instruiu com o método de Matteo Carcassi.

Ao mesmo tempo, começou a se envolver com carnaval e organizou com um grupo de amigos o bloco carnavalesco Foliões da Rua Anália Franco, para representar a rua onde morava sua tia Trindade, no bairro de Vila Valqueire, na Zona Oeste do Rio, onde costumava visitar aos fins de semana e tinha mais liberdade para sair à noite.
 Por essa época, ingressou na ala de compositores da escola de samba União de Jacarepaguá.
Lá conheceu sambistas como Catoni e Jorge Mexeu e, atuando como cavaquista, compôs em 1962 "Pode Ser Ilusão", um de seus primeiros sambas.

Pouco antes, logo após ter completado 19 anos, Paulinho conseguiu seu primeiro emprego como contador em uma agência bancária do centro do Rio e estudava economia.
 Em um dia de trabalho, viu Hermínio Bello de Carvalho, a quem conhecia de vista dos saraus musicais na casa de Jacob do Bandolim, entrar no banco para pagar uma conta e - depois de uma rápida conversa - lhe aconselhou a abandonar a carreira enquanto era jovem.
 Paulinho atendeu um convite para visitar o apartamento do poeta no Catete, que naquela época era bastante frequentado por músicos, intelectuais e artistas diversos.
 Lá, pôde ouvir pela primeira vez gravações de compositores como Anescar do Salgueiro, Carlos Cachaça, Cartola, Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho e Zé Ketti e também a ensaiar composições originais com Hermínio, um de seu primeiros parceiros musicais e grande incentivador de sua carreira.

Ainda em 1963, Hermínio levou Paulinho para conhecer o Zicartola, bar e restaurante fundado por Cartola e a Dona Zica na Rua da Carioca que se convertera em um reduto de sambistas, chorões artistas, intelectuais e jornalistas.
 Quando aparecia por lá, o jovem Paulinho acompanhava, no cavaquinho ou no violão, compositores e intérpretes e também se apresentando cantando músicas de outros autores e, após fazer um show com o compositor Zé Ketti, foi incentivado pelo mesmo a cantar suas próprias músicas no Zicartola.

No ano seguinte, após ter acompanhado o cantor Ciro Monteiro em uma canja no Zicartola, decidiu abandonar seu posto de bancário para se dedicar exclusivamente à música.
Também em 1964, seu primo Oscar Bigode, que era diretor de bateria da Portela, o convenceu a se mudar de escola de samba e o apresentou para a ala de compositores da agremiação de Oswaldo Cruz, onde Paulinho mostrou a primeira parte de um samba que fazia e que Casquinha, um dos compositores portelenses, havia gostado e completado com a segunda parte, criando-se assim "Recado".

Já em 1965, participou do musical "Rosa de Ouro", montado por Kléber Santos e Hermínio Bello de Carvalho, que marcou o retorno de Araci Cortes e lançou Clementina de Jesus, e que culminaram na gravação do LP Rosa De Ouro Vol.1, pela Odeon.
 Ainda naquele ano, o nome de Paulinho da Viola apareceu no LP Roda de Samba, da Musidisc. Essa gravadora, a mesma onde Paulinho estava registrando seus sambas, pediu para Zé Ketti organizar o conjunto A Voz do Morro, composto por integrantes do conjunto Rosa de Ouro - Anescar do Salgueiro, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson Sargento e Paulinho - e acrescidos de Oscar Bigode, Zé Cruz e o próprio Ketti.
 No processo de finalização desse álbum, um funcionário da Musidic não gostou do nome “Paulo César” e, tendo conhecimento da anedota, o jornalista Sérgio Cabral e Zé Ketti bolaram o nome artístico Paulinho da Viola.
 Nesse primeiro disco, aparecem as composições "Coração vulgar", "Conversa de malandro" e "Jurar com lágrimas".

No início de carreira Paulinho foi parceiro de nomes ilustres do samba carioca, como Cartola, Elton Medeiros e Candeia, entre outros. Destaca-se como cantor e compositor de samba, mas também compõe choros e é tido como um dos mais talentosos representantes da chamada Música Popular Brasileira. Torcedor do Vasco da Gama, participou do show comemorativo dos 113 anos do clube, onde apresentou as músicas "Coração Leviano" e "Foi um Rio que Passou em Minha Vida".

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Lupicínio Rodrigues

Quarto filho do funcionário público Francisco Rodrigues e da dona de casa Abigail Rodrigues, Lupicínio teve 20 irmãos.
Nunca foi um bom aluno. Desde criança não prestava atenção nas aulas, só pensava em cantar, batucar e paquerar as meninas. Precoce, aos 12 anos já fugia de casa para participar das rodas de música de seu bairro, e aos 14, em 1928, compôs sua primeira música, a marchinha Carnaval, que nunca foi gravada. Lupicínio explica: "Três anos depois a marcha conquistou o primeiro lugar num concurso oficial, executada pelo cordão carnavalesco Prediletos.

Um ano mais tarde, a música foi executada pelo cordão carnavalesco Rancho Seco e novamente ganhei o primeiro lugar.
E agora o mais interessante: vinte anos depois, quando eu fazia parte de uma comissão que julgava músicas carnavalescas, me apareceu novamente a marchinha, desta vez cantada pelo grupo Democratas, e como sendo de autoria de outros dois compositores.
Eu não falei nada aos outros membros da comissão e a música novamente venceu. Deixei os meninos receberem o prêmio e até convidei-os para tomarem uma cerveja comigo."

Durante sua infância, o que mais gostava de fazer era jogar futebol, paixão essa que o levou, anos depois, em 1959, a compor o hino oficial de seu time predileto, o Grêmio, de Porto Alegre.

Com certa dificuldade, completou o curso ginasial e aprendeu o ofício de mecânico. Sua família era humilde e numerosa, então, desde menino Lupicínio trabalhava para ajudar nas despesas: "foi fazedor de parafusos na Fábrica de Cipriano Micheletto, empurrador de roda de bonde na Cia. Carris Porto-alegrense, baleiro na frente do Cinema Garibaldi e entregador de pacotes na Livraria do Globo."

Toda sua família tinha talento para a música. Seu pai, astuto, percebeu que o jovem, boêmio desde garoto, não queria saber de trabalho. Então, aos 15 anos, com documentos falsificados para 18, S. Francisco apresentou Lupicínio ao Exército como "voluntário". Nas horas de folga, Lupi cantava no conjunto formado pelos soldados de seu batalhão.
Em 1932, foi mandado para São Paulo, mas não chegou até a frente de batalha da Revolução Constitucionalista. Foi promovido a cabo e transferido para Santa Maria, RS, onde se apaixonou perdidamente por Inah, para quem compôs Felicidade, Zé Ponte e Nervos de aço..

Em 1935, deu baixa do Exército e retornou a Porto Alegre. Nesse mesmo ano, sua música Triste história, em parceria com o cantor e compositor Alcides Gonçalves, venceu o concurso da Prefeitura de Porto Alegre em comemoração ao Centenário da Revolução Farroupilha.
No ano seguinte Alcides gravou em disco Triste história e Pergunta aos meus tamancos, também dos dois compositores e Lupicínio passou a trabalhar como bedel na Faculdade de Direito. Seu primeiro grande sucesso veio em 1938: Se acaso você chegasse.

Junto com o sucesso veio sua primeira desilusão amorosa, o que lhe inspirou a compor vários sucessos. Inah, seu grande amor, não suportou sua vida de boêmio e, decidida, no começo de 1939 rompeu o noivado.

"Um dos poucos casos de projeção nacional fora do eixo Rio-São Paulo, Lupicínio teve inicialmente dificuldades para gravar suas músicas, em parte devido ao isolamento em Porto Alegre. A solução encontrada foi dar co-autoria a alguém encarregado da divulgação, Felisberto Martins, diretor da Odeon.

A partir de 1946 tornou-se representante da SBACEN no Rio Grande do Sul. Ao contrário do que muitos pensam, Lupicínio não tocava nenhum instrumento musical.
Compunha assobiando e fazendo ritmo com uma caixa de fósforos.
Criador do gênero dor-de-cotovelo, construiu uma obra rica, com letras que, em sua maioria, falavam dos relacionamentos amorosos e das mulheres. Compôs cerca de 600 músicas, com aproximadamente 150 gravadas. Foi muito influenciado em seu modo de cantar por Mário Reis, e seus biógrafos acreditam que ele foi um dos precursores da bossa-nova.

Em 1947 foi aposentado por problemas de saúde. Ele costumava dizer que havia sido aposentado "por amor".

Depois de Inah Lupicínio ficou seriamente envolvido durante cinco anos com Mercedes, a Carioca, que o trocou por outro. Para ela o compositor dedicou Briga de amor, Minha ignorância, Nunca e Vingança. Nesse ínterim, teve uma filha com Juraci de Oliveira, que estava à beira da morte. Para legalizar a situação de sua filha, Tereza, Lupi casou-se com Juraci.
Com sua segunda esposa, Cerenita Quevedo, Lupicínio teve mais um filho, o advogado Lupicínio Rodrigues Filho. Cerenita, que lhe inspirou uma de suas músicas mais bonitas, Exemplo, adotou Tereza (Clara Terezinha Rodrigues), que deu nove4 netos a Lupicínio.

Boêmio profissional, teve várias casas noturnas e restaurantes em Porto Alegre. Dizia que não queria ganhar dinheiro, mas reunir amigos. Entre eles estavam o Jardim da Saudade, o Clube dos Cozinheiros, O Batelão, o Galpão do Lupi, Vogue e o Bar Vingança.

Nos anos 60 sua produção diminuiu, e entrou, como vários compositores da MPB, num período de obscuridade. Suas músicas não tocavam mais nas rádios, agora invadidas pela bossa-nova e pelo rock. Lupi passou a escrever uma coluna todos os sábados para o jornal Última Hora (de 1963 a 1964), onde abordava temas como a boêmia, o ciúme, a tristeza ou ainda fazia análises de suas composições.

Na década seguinte, graças à iniciativa da Abril Cultural, que lançou um disco contendo músicas de Lupi com intérpretes da nova geração, como Paulinho da Viola, Gal Costa, Gilberto Gil, Elis Regina e Caetano Veloso, Lupicínio foi redescoberto. "Na última grande entrevista que deu à imprensa, para o Pasquim, em 1973, perguntado sobre o que estava achando do panorama musical brasileiro, se não se sentia meio deslocado, respondeu com uma ponta de amargura (ainda não havia sido redescoberto) e outra de orgulho: ‘Eu não tenho nada com o ambiente musical brasileiro. Eu não sou músico, não sou compositor, não sou cantor. Não sou nada. Eu sou um boêmio".
A gravação de Felicidade tornou-se conhecida em todo o Brasil. Lupicínio ficou muito honrado com isso. Mas pouco tempo depois, no dia 27 de agosto de 1974, Lupicínio faleceu, deixando Cerenita e "todas as mulheres" desamparadas. Morreu o homem, nasceu o mito.
Lupicínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em um bairro pobre da cidade, a Ilhota, no dia 16 de setembro de 1914. Chovia tanto que o córrego próximo da sua casa inundou, obrigando a parteira a chegar lá de b... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/biografias/lupicinio-rodrigues.htm?cmpid=copiaecola
Lupicínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em um bairro pobre da cidade, a Ilhota, no dia 16 de setembro de 1914. Chovia tanto que o córrego próximo da sua casa inundou, obrigando a parteira a chegar lá de b... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/biografias/lupicinio-rodrigues.htm?cmpid=copiaecola

Elza Soares

Elza da Conceição Soares, mais conhecida pelo nome artístico Elza Soares (Rio de Janeiro, 23 de junho de 1937, é uma consagrada cantora e compositora brasileira.

Foi eleita em 1999, pela Rádio BBC de Londres, como a cantora brasileira do milênio. A escolha teve origem no projeto The Millennium Concerts, da rádio inglesa, criado para comemorar a chegada do ano 2000Em sua infância vivia a brincar na rua, soltar pipa, piões de madeira, até brigar com os meninos. Era uma vida pobre, porém feliz para uma criança, apesar de ter que trabalhar, levando latas d'água na cabeça.
Aos treze anos de idade, por ordens do pai, foi obrigada a parar de estudar e casou-se com Lourdes Antônio Soares. Aos catorze anos de idade deu à luz seu primeiro filho.
 Como tinha o sonho de cantar, e precisava comprar remédios para seu filho recém-nascido, participou do programa de Ary Barroso na Rádio Tupi, e fez sua primeira apresentação ao vivo no auditório da emissora, que era a maior de seu tempo. A princípio não foi levada a sério, por seu jeito bem humilde de falar e se vestir, o que levou Ary Barroso a perguntar ironicamente a ela: "De que planeta você veio?", ao que Elza respondeu: "Vim do mesmo planeta que o senhor". "E posso saber de que planeta eu sou?". "Do Planeta Fome". Apesar deste momento de chacota por parte do apresentador, Elza não se abalou e, ao cantar mostrou todo seu potencial. Assim ganhou um dinheiro de participação e comprou os remédios do filho, mas que mesmo assim faleceu.

Aos quinze anos de idade passou por outro grande trauma: Seu segundo filho faleceu. Com o marido doente, acometido por tuberculose, passou a trabalhar como encaixotadora e conferente na fábrica de sabão Véritas, no Engenho de Dentro. Com a recuperação do marido um ano depois, ele a proibiu de trabalhar fora novamente, e Elza voltou a ser dona de casa. Aos 21 anos ficou viúva, e já estava com cinco filhos para criar, três meninos e duas meninas. Desempregada e passando necessidades, começou a trabalhar como faxineira e empregada doméstica, funções que exerceu por muitos anos. Mesmo nesta vida de batalhas, jamais desistiu do sonho de cantar, e sempre se inscrevia em seleções musicais e mandava suas letras de músicas para rádios. Algumas vezes conseguia participar de pequenas apresentações. Após bastante tempo que surgiu uma oportunidade na televisão e ela de fato entrou na música. Ainda antes de trabalhar com música, ocorreu um grande abalo na sua vida: Sua filha Dilma foi sequestrada. Elza foi enganada, e deixou a menina com um casal, que recebia dinheiro para tomar conta dela enquanto trabalhava. Com o tempo, estabelecera amizade e confiança, e um dia o casal sumiu com a criança, o que a deixou desesperada. Após muitos anos de buscas, a reencontrou.
 Porém, seguiu em seu propósito de vida, que era cantar.

Aos vinte e sete anos, já atuando como cantora, após outros relacionamentos, conheceu o jogador de futebol Garrincha. Ela sofreu preconceito com esse relacionamento, por ser uma cantora de início de carreira se envolvendo com um jogador de futebol que havia se divorciado. Isso causou a fúria da sociedade, e Elza era xingada, ameaçada de morte, sua casa era alvejada por ovos e tomates, tudo porque seu namorado quis se separar da esposa e todos a acusavam de ter acabado com o casamento de Garrincha, mas antes de Elza, ele já havia tido três esposas, mas a acusavam por ela ser famosa. Após quatro anos de namoro, casaram-se oficialmente em 1968.O início de sua carreira musical se deu quando ela ainda se apresentava em show de calouros, apresentado por Ary Barroso. Elza Soares tornou-se popular com as canções Se Acaso Você Chegasse, Mas Que Nada, A Carne, entre outros sambas de sucesso. Recebeu indicações ao GRAMMY Awards e foi eleita pela BBC de Londres "a cantora do milênio".
 Em 2007, a cantora foi convidada para cantar o Hino Nacional Brasileiro a cappella na Cerimônia de Abertura dos Jogos Panamericanos Rio 2007. Já no ano de 2016 se apresentou na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, onde cantou "O Canto de Ossanha" um clássico de Baden Powell e Vinicius de Moraes. Seu último álbum chama-se "A mulher do Fim do Mundo", um disco de Samba Eletrônico lançado em 2015, aclamado pela crítica como um dos melhores discos dos últimos anos da MPB e que lhe rendeu o prêmio de  Melhor Álbum na categoria Pop/rock/reggae/hip-hop/funk. Além disso, o disco ainda lhe rende outros frutos, como a indicação de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira e, também, o Prêmio de Melhor música em Língua Portuguesa no 17º Latin Grammy Awards.

Elza participou de um show de calouros apresentado pelo renomado músico brasileiro Ary Barroso, e recebeu as maiores notas. No fim da década de 1950, Elza Soares fez uma turnê de um ano pela Argentina, juntamente com Mercedes Batista. Tornou-se popular com sua primeira música Se Acaso Você Chegasse, na qual introduziu o scat similar a do jazzista Louis Armstrong, contudo, Elza diz que não conhecia a música americana na época.
 Mudou-se para São Paulo, onde se apresentou em teatros e casas noturnas. A voz rouca e vibrante tornou-se sua marca registrada. Após terminar seu segundo LP, A Bossa Negra, Elza foi ao Chile representando o Brasil na Copa do Mundo da FIFA de 1962, onde conheceu pessoalmente Louis Armstrong.
 Seu estilo "levado" e exagerado fascinou o público no Brasil e no exterior.

Nos anos de 1967 a 69, Elza gravou três álbuns LP pela Gravadora Odeon, com o cantor Miltinho (Elza, Miltinho e Samba) – Vol_1 (1967), Vol_2 (1968) e Vol_3 (1969)], Esses discos tinham, majoritariamente, o esquema de pot-pourri em duetos e caíram no gosto de público e crítica, levando a uma trilogia de sucesso; tiveram produção de Milton Miranda e Hermínio Bello de Carvalho, sendo, posteriormente, todos relançados em 2003 pela EMI em CDs.

Nos anos 70, Elza iniciou uma turnê pelos Estados Unidos e Europa. Em 2000, foi premiada como "Melhor Cantora do Milênio" pela BBC em Londres, quando se apresentou num concerto com Gal Costa, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Virgínia Rodrigues.[carece de fontes] No mesmo ano, estreou uma série de shows de vanguarda, dirigidos por José Miguel Wisnik, no Rio de Janeiro.Elza Soares teve inúmeras músicas no topo das listas de sucesso no Brasil ao longo de sua carreira; alguns dos maiores sucessos incluem: Se Acaso Você Chegasse (1960), Boato (1961), Cadeira Vazia (1961), Só Danço Samba (1963), Mulata Assanhada (1965) e Aquarela Brasileira (1974).

Alguns dos álbuns de Elza foram relançados em versões remasterizadas de CD: de 1961 – A Bossa Negra (contendo seu maior sucesso no ano, Boato) – e de 1972, com uma grandiosa banda, Elza Pede Passagem (produzido por Dom Salvador), sendo dois dos seus mais aclamados trabalhos. Elza pede passagem não fez tanto sucesso como seus trabalhos anteriores, quando lançados originalmente no Brasil; no entanto, é considerado um clássico e representante do som samba-soul do início dos anos 70.

Em 2002, o álbum Do Cóccix até o Pescoço garantiu-lhe uma indicação ao Grammy. O disco foi bem recebido pelos críticos musicais e divulgou uma espécie de quem é quem dos artistas brasileiros que com ela colaboraram: Caetano Veloso, Chico Buarque, Carlinhos Brown e Jorge Ben Jor, entre outros. O lançamento impulsionou numerosas e bem-sucedidas turnês pelo mundo.

Em 2004, Elza lançou o álbum Vivo Feliz. Não tão bem-sucedido em vendas quanto suas obras anteriores, o álbum continuou a executar o tema de fazer um mix de samba e bossa com música eletrônica e efeitos modernos. O álbum teve colaborações de artistas inovadores como Fred Zero Quatro e Zé Keti.

Em 2007, nos Jogos Pan-americanos do Brasil, Elza interpretou o Hino Nacional Brasileiro, no início da cerimônia de abertura do evento, no Maracanã. E lançou o álbum Beba-me, onde gravou as músicas que marcaram sua carreira.

Já atuou como puxadora de samba-enredo, tendo passagens pelo Salgueiro, Mocidade e Cubango.

Desde 2008, ano em que Elza completou cinquenta anos de carreira, a vida e obra da cantora é pesquisada pela cineasta e jornalista Elizabete Martins Campos, que dirigiu o longa-metragem My Name is Now, Elza Soares, lançado em 2014.

Em 2010, gravou a faixa Brasil, no disco tributo a Cazuza Treze parcerias com Cazuza, produzido pelo saxofonista George Israel, da banda Kid Abelha. Nesta faixa há a participação do saxofonista e do rapper Marcelo D2. Como grande amiga do artista, já havia gravado Milagres antes, inclusive apresentando-a ao vivo com o próprio Cazuza. Também naquele ano, pela primeira vez a artista comandou e puxou um trio elétrico no circuito Dodô (Barra - Ondina). O trio levou o nome de A Elza pede passagem, arrastando uma grande multidão pelas ruas de Salvador no carnaval daquele ano.

Ainda em 2010 Elza Soares causa comoção em seus fãs ao tira a roupa para um ensaio sensual com o Fotógrafo Yuri Graneiro mostrando toda sua elasticidade em poses ousadas.

Em 2011, gravou a música Perigosa, já cantada pelo grupo As Frenéticas, para a minissérie Lara com Z, da Globo. Também neste ano, gravou a música Paciência, de Lenine, para o filme Estamos Juntos.

Em 2012, fez uma participação na música Samba de preto da banda paulista Huaska, faixa título do terceiro CD da banda.

Em 2014, estreia o show A Voz e a Máquina, baseado em musica eletrônica acompanhada na palco apenas pelos DJs Ricardo Muralha, Bruno Queiroz e Guilherme Marques. Nesse mesmo ano, a cantora fez uma série de espetáculos intitulada Elza Canta e Chora Lupicínio Rodrigues, em comemoração ao centenário do cantor e compositor gaúcho de marchinhas e samba Lupicínio Rodrigues.

No ano de 2015, Elza Soares lançou o seu disco A Mulher do Fim do Mundo, primeiro álbum em sua carreira só com músicas inéditas. O Pitchfork, um dos sites de música mais importantes do mundo, o elegeu com o título de melhor novo álbum. No artigo, o site diz que Soares “desenvolveu uma das vozes mais distintas da Música Popular Brasileira”.

As canções do disco falam sobre sexo, morte e negritude, e foram compostas pelos paulistas José Miguel Wisnik, Rômulo Fróes e Celso Sim. Nos shows, a cantora vem acompanhada dos músicos Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Rodrigo Campos, Romulo Fróes, Felipe Roseno e Guilherme Kastrup, além da participação especial da banda Bixiga 70, do Quadril – Quarteto de Cordas e do cantor Rubi.
 O álbum surgiu do encontro da cantora com a estética musical contemporânea de São Paulo.

Jorge Aragão

Sambista, começou sua carreira na década de 70, em bailes e casas noturnas.
Como compositor, despontou em 1977, quando Elza Soares gravou sua composição "Malandro" (com Jotabê).
Foi integrante do grupo Fundo de Quintal (núcleo do gênero pagode) e um de seus principais compositores e letristas, tendo por isso abandonado o conjunto algum tempo depois para dedicar-se à carreira solo.
Quase todos os grandes intérpretes de samba (Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila) têm canções de Jorge Aragão em seu repertório.

O primeiro disco solo, "Jorge Aragão", veio em 1982, pela Ariola.
 Conhecedor do carnaval carioca, foi comentarista dos desfiles de escolas de samba nas TV's Globo, Manchete e nos últimos anos no projeto Carnaval do Povão pela CNT.
Com doze discos lançados, excursionou pelos Estados Unidos e se apresenta em várias cidades do Brasil. Entre seus sucessos estão "Coisinha do Pai" (com Almir Guineto e Luiz Carlos), consagrado na gravação de Beth Carvalho que valeu uma gravação inédita em 1997 para acordar Mars Pathfinder um robô da Nasa em Marte; "Coisa de Pele", "Vou Festejar", "Alvará", "Terceira Pessoa", "Amigos... Amantes", "Do Fundo do Nosso Quintal" e "Enredo do Meu Samba" entre outras.

Autor da música "Eu e Você Sempre" que estourou em 2000 juntamente com o grupo Exaltasamba.

Com quase 30 anos dedicados inteiramente à MPB, Jorge Aragão continua em atividade.
O veterano do samba se mantém firme no mercado, apostando em uma série de CDs ao vivo (Ao vivo 1 e 2). O álbum ”Jorge Aragão Ao vivo Convida”, lançado pela Indie Records, em 2002, traz duetos antológicos do sambista com figuras consagradas como Zeca Pagodinho, Alcione, Elza Soares, Beth Carvalho, Emílio Santiago, Leci Brandão, entre outros.Mais tarde, depois de um disco de estúdio chamado Da Noite pro Dia vem mais um DVD ao vivo gravado no Canecão(RJ) com o mesmo nome também tendo uma ótima vendagem. Atualmente o sambista está com o disco `E aí?`, que por onde ele passa é casa lotada na certa.Vale lembrar que a música "Moleque Atrevido" tem servido de inspiração para jogadores de Flamengo e Seleção Brasileira para momentos de provação de que podem ser capazes de conseguir o objetivo: o título.

Arlindo Cruz

Logo aos sete anos, o menino ganhou o primeiro cavaquinho. Empolgado com o instrumento, esperava ansioso o pai chegar do trabalho para aprender a tocar. Aos 12 já tirava muitas músicas de ouvido, e, como seu irmão, Acyr Marques, aprendia violão.

Entrou para a escola Flor do Méier, onde estudou teoria, solfejo e violão clássico por dois anos. E já nessa época começou a trabalhar profissionalmente como músico, fazendo rodas de samba com vários artistas, inclusive Candeia, que ele considera seu padrinho musical. Com Candeia, gravou seus primeiros discos, um compacto simples, pela gravadora Odeon, e um LP chamado Roda de Samba (hoje encontrado em CD). Em ambos tocou cavaquinho.

Ao completar 15 anos foi estudar em Barbacena MG, na escola preparatória de Cadetes do Ar. Mas não abandonou a música. Cantava no coral da escola. Começava, então, a nascer o compositor Arlindo Cruz, que ganhou festivais em Barbacena e Poços de Caldas.

Quando deixou a Aeronáutica, passou a freqüentar a roda de samba do Cacique de Ramos, que já revelava novos talentos. Ia todas as quartas-feiras, curtir e aprender ao lado de Jorge Aragão, Beth Carvalho, Beto sem Braço, Ubirani e Almir Guineto. Outros jovens seguiam o mesmo caminho, entre eles, Zeca Pagodinho e Sombrinha - que viria ser seu parceiro. Os mestres não demoraram a reconhecer em Arlindo Cruz o grande compositor que já se percebia. Logo no primeiro ano de Cacique, teve 12 músicas gravadas por vários intérpretes. A primeira delas foi "Lição de Malandragem". Depois vieram outros sucessos, como "Grande Erro" (Beth Carvalho), "Novo Amor" (Alcione) e tantos outros.

Com a saída de Jorge Aragão do Fundo de Quintal, Arlindo Cruz foi convidado a participar do Grupo. Foram, então, 12 anos de dedicação e sucesso. Neste período, gravou com quase todos artistas do Pagode e deu as músicas mais lindas ao FDQ: "Seja sambista também", "Só Pra Contrariar", "Castelo Cera, "O Mapa da Mina", "Primeira Dama".

Zeca Pagodinho gravou Bagaço de Laranja, Casal Sem Vergonha, Dor de Amor, Quando eu te vi Chorando. Beth Carvalho transformou em sucessos: "Jiló com Pimenta", "Partido Alto Mora no meu Coração", "A Sete Chaves". Reinaldo gravou "Pra ser Minha Musa" e "Onde Está".
Arlindo Cruz tem mais de 550 músicas gravadas por diversos artistas e é considerado o responsável pela proliferação do banjo no samba. Arlindo Cruz saiu do Fundo de Quintal em 1993 e começou um carreira solo, logo depois fez parceria com Sombrinha. e anos depois se casou e teve um filho lindo chamado Arlindo também.

A partir de meados da década de 90, Arlindo passou a concorrer nas disputadas eliminatórias de samba enredo de sua escola de samba do coração: o Império Serrano. A primeira vitória foi em 1996, no enredo "E verás que um filho teu não foge à luta". Arlindo emplacaria o hino imperiano também no ano seguinte, mas a escola acabou caindo para o Grupo de Acesso A.
Arlindo ainda venceria na Serrinha em 1999, 2001 - samba que ganhou o Estandarte de Ouro do jornal O Globo, 2003, 2006 e 2007.

Arlindo concorreu em 2008 pela primeira vez em outra escola. Ele venceu na Grande Rio no enredo "Do Verde de Coarí Vem Meu Gás, Sapucaí!". Desde que começou a disputar nas eliminatórias, Arlindo Cruz já venceu 8 vezes!

Hoje em dia, em carreira solo, Arlindo prossegue na evolução do samba, da Madureira do Império Serrano e do Pagode do Arlindo, das rodas de partido-alto de quartas à noite e domingos à tarde na quadra do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, dando continuidade a essa linhagem.

Em meados de 2009, é lançado o DVD e CD duplo “Arlindo Cruz MTV Ao Vivo” (Deckdisc), além da celebração de uma obra, a consagração, como cantor, desse compositor que discretamente mudou a cara do samba nas últimas décadas. E mudou a cara preservando a essência, recolocando o samba no rádio, popularizando as rodas de samba, incentivando a rapaziada mais nova a ficar no samba, abrindo diálogos com a chamada MPB e com outros gêneros (como o hip hop, de Marcelo D2), compondo muito e bonito para tudo quanto é cantor ou grupo novo, cultivando todos os gêneros do partido-alto ao samba-enredo, do samba romântico ao de fundo social.

Arlindo fez, nesses 30 anos, um discreto trabalho cultural que este novo projeto resume e evidencia.

Arlindo Cruz junto aos seus amigos Marcelo D2 e Martinália, hoje formam o Trio de Embaixadores escolhidos para representarem a Cervejaria Antártica, com o Título "A BOA DO SAMBA".

Em maio de 2011 Arlindo Cruz lançou o álbum 'Batuques e Romances' e em junho de 2012 o CD e DVD 'Batuques do Meu Lugar', ambos pela gravadora Sony Music.

Fundo de Quintal

Fundo de Quintal é um grupo de samba formado no Brasil no final da década de 1970. Surgido a partir do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, da cidade do Rio de Janeiro, o grupo tornou-se uma referência original no sub-gênero pagode.

Composto principalmente por sambistas da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, o Fundo de Quintal se caracterizou por usar instrumentos - até então pouco comuns em rodas de samba - como o banjo, o tantã, o repique de mão .
 O grupo inicialmente era composto pelos sambistas Almir Guineto, Bira Presidente, Jorge Aragão, Neoci, Sereno, Sombrinha e Ubirany. Mais tarde, Arlindo Cruz e Walter Sete Cordas integraram o conjunto musical. Após a saída de Walter Sete Cordas, Cleber Augusto fez parte do grupo .Atualmente o grupo é composto por Ademir Batera, Ronaldinho, Sereno, Bira Presidente e Ubirany.

Tendo como "madrinha" a cantora Beth Carvalho, o grupo gravou vários álbuns, alguns deles discos de Ouro e Platina.
 Alguns de seus maiores sucessos são " "A Batucada dos Nossos Tantãs", "E Eu Não Fui Convidado", "Boca Sem Dente", "Ô, Irene", "O Show Tem Que Continuar", "Do Fundo do Nosso Quintal", "Só pra Contrariar", "Miudinho", "Bebeto Loteria", "Não Vai na Conversa Dela", ""Vai Lá Vai Lá"", "Parabéns pra Você", "Andei, Andei", "Malandro Sou Eu", "Tô Que Tô", entre outros.O Fundo de Quintal surgiu no dia 20 de janeiro no final da década de 1970 dentro do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, em Olaria, subúrbio da região da Leopoldina, na cidade do Rio de Janeiro.
 A primeira formação do conjunto de samba tinha Almir Guineto, Bira Presidente, Jorge Aragão, Neoci (filho do célebre compositor João da Baiana), Sereno, Sombrinha e Ubirany. Eles se reuniam sempre às quartas-feiras para fazer um som que começou a atrair a atenção de gente importante do mundo do samba. O grupo tocava músicas de grandes sambistas e composições próprias, inovando na maneira de falar do cotidiano e sempre com um ritmo diferente, através da utilização de instrumentos até então incomuns nas rodas de samba, como o banjo com braço de cavaquinho (criado por Almir Guineto), o tantã (criado por Sereno), o repique-de-mão (criado por Ubirany) . Desta forma, foram considerados um dos criadores de um estilo que, posteriormente, influenciou praticamente todas as bandas de pagode, sub-gênero dentro do samba que surgia naquela época.

Em 1978, Beth Carvalho convidou o componentes do Fundo de Quintal para participar de seu disco "Pé no Chão", produzido por Rildo Hora, que mais tarde viria a produzir vários trabalhos do grupo. Em 1980, a gravadora RGE lançou o primeiro disco do grupo, "Samba é No Fundo do Quintal",trabalho que foi bem aceito pela crítica musical da época, que foi puxado pelo sucesso de "Você Quer Voltar" (Pedrinho da Flor e Gelcy do Cavaco), "Sou Flamengo, Cacique e Mangueira" (Luiz Carlos), "Prazer da Serrinha" (Hélio dos Santos e Rubens da Silva), "Zé da Ralé" (Almir Baixinho e Diogo) e "Gamação Danada" (Almir e Neguinho da Beija-Flor).
Em 1981, deixaram o Fundo de Quintal Almir Guineto, Jorge Aragão (que seguiram suas carreiras solo) e Neocy, que mais tarde viria a falecer. Entretanto, o conjunto ganhou dois novos integrantes: Arlindo Cruz e Walter Sete Cordas. Naquele mesmo ano, foi lançado o segundo álbum do grupo, "Samba é No Fundo do Quintal - Volume 2", que foi puxado pelo sucesso de "Bebeto Loteria" (de Tião Pelado ), além de outros sucessos .

Nos Pagodes da Vida foi o terceiro disco lançado do Fundo de Quintal, no qual se destacaram os sucessos "Caciqueando" (Noca da Portela), Encrespou o Mar, Clementina (Walmir Lima e Roque Ferreira), Enredo do Meu Samba" (Dona Ivone Lara e Jorge Aragão) e Te Gosto (Mauro Diniz e Adilson Victor). Destaque também para a entrada de Cleber Augusto no lugar de Walter Sete Cordas. No ano seguinte, foi lançado o LP Seja Sambista Também, que teve como grande sucesso, além da faixa-título, Castelo de Cera" (Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho). Outras músicas que se destacaram foram "Cabeça Fria" (Sereno), "Cantei pra Distrair" (Tio Hélio), "Toda Minha Verdade" (Wilson Moreira) e "Canto Maior" (Arlindo Cruz, Sombrinha e Dedé da Portela). Em 1985, foi lançado "Divina Luz", quinto LP do grupo, no qual foram incluídas "Minha alegria" (Luiz Grande), "Chega de Padecer" (Mijinha), "Parabéns pra Você" (Mauro Diniz, Sereno e Ratinho) e o sucesso "Eu Não Fui Convidado" (Zé Luiz e Nei Lopes).
Em 1986, é lançado o disco " O Mapa da Mina " com os estrondosos sucessos de "Seleção de Pagodes", "Só pra contrariar " (Sombrinha, Arlindo Cruz e Almir Guineto) e "Ô Irene" (Beto Sem Braço) Em 1987, foi lançado o álbum "Do Fundo do Nosso Quintal", que contou com as participações especiais de Beth Carvalho, na faixa "Pra Que Viver Assim" (Sombrinha e Adilson Victor), e Martinho da Vila, nas faixas "Mama Lala" (cantiga popular de Angola) e "Clube Marítimo Africano" (dos angolanos Felipe Mukenga e Felipe Zau).[Bastante conhecido no mercado musical, o grupo obteve mais sucesso com o LP "Ciranda do Povo", de 1989, entre eles: "Miudinho, Meu Bem, Miudinho" (Franco e Arlindo Cruz), "Não Valeu" (Franco, Arlindo Cruz e Marquinhos PQD), "Coração Andorinha" (Beto Sem Braço e Luiz Carlos da Vila) e "Folha de zinco" (Jurandir da Mangueira e Ratinho).
 No ano seguinte, foi lançado "Ao Vivo", primeiro trabalho gravado em concerto. Já contando com o mais novo integrante, o paulistano Mario Sergio passa a fazer parte como vocalista do grupo e em 1991 lançam o álbum "É Aí Que Quebra A Rocha", que trouxe como sucessos "Pagodeando" (Sereno e Noca da Portela), "Quantos Morros Já Subi" (Arlindo Cruz e Mário Sergio e Pedrinho da Flor) e "Aquela Dama" (Arlindo Cruz e Jorge David e Acyr Marques, Canto Pra Vela Guarda(Mario Sergio, Carica e Luizinho, Menina da Colina(Mario Sergio e Luisinho To Blow). Com o lançamento do LP "A Batucada dos Nossos Tantãs", em 1993 (com Ronaldinho substituindo Arlindo Cruz), o grupo obteve êxito com a faixa-título (Adilson Gavião, Sereno e Robson Guimarães), "Um Lindo Sonho" (Arlindo Cruz e Mário Sergio) e "Coisas Do Passado" (Cleber Augusto e Djalma Falcão). No ano seguinte, foi lançado "Carta Musicada", que teve como principais sucessos "Vai Lá Vai Lá" (Moisés Santiago, Alexandre Silva e André Rocha), "O Nó Da Gravata"(Márcia Martins e Carlos Colla) e "Nos Quintais do Mundo" (Luizinho e Mário Sergio).
Integrantes:

    Ademir Batera
    Bira Presidente
    Junior Itaguay
    Sereno
    Ubirany
    Marcio Alexandre

Ex-integrantes:

    Almir Guineto (Falecido)
    Arlindo Cruz
    Cleber Augusto
    Jorge Aragão
    Neocy (Falecido)
    Sombrinha
    Flavinho Silva
    Walter 7 Cordas
    Delcio Luiz
    Milsinho
    Mário Sérgio (Falecido)
    Ronaldinho do Banjo

Discografia
Álbuns:

    1980 - Samba é No Fundo do Quintal - Vol.1
    1981 - Samba é No Fundo do Quintal - Vol.2
    1983 - Nos Pagodes da Vida
    1984 - Seja Sambista Também
    1985 - Divina Luz
    1986 - O Mapa da Mina
    1987 - Do Fundo do Nosso Quintal
    1988 - O Show tem Que Continuar
    1989 - Ciranda do Povo
    1990 - Ao Vivo
    1991 - É Aí Que Quebra a Rocha
    1993 - A Batucada dos Nossos Tantãs
    1994 - Carta Musicada
    1995 - Palco Iluminado
    1996 - Nas Ondas do Partido
    1997 - Livre Pra Sonhar
    1998 - Fundo de Quintal e Convidados
    1999 - Chega Pra Sambar
    2000 - Nosso Grito
    2000 - Simplicidade - Ao Vivo
    2001 - Papo de Samba
    2002 - Ao Vivo no Cacique de Ramos
    2003 - Festa Pra Comunidade
    2004 - Ao Vivo Convida
    2005 - Samba Quente
    2006 - Pela Hora
    2007 - O Quintal do Samba'
    2008 - Samba de Todos os Tempos
    2009 - Vou Festejar
    2011 - Nossa Verdade
    2012 - No Compasso do Samba
    2014 - Só Felicidade
    2016 - 40 Anos - No Circo Voador

Demônios da Garoa

Demônios da Garoa é um grupo musical brasileiro, grande intérprete de Adoniran Barbosa, com mais de 60 anos de existência.

Surgiu na década de 1940 com o nome de "Grupo do Luar". Em 1943, cantando pela primeira vez no rádio, venceu um concurso de calouros.

Seu bom humor tornou-se a marca registrada do grupo. Em 1965, com mudanças na formação original, gravou Trem das Onze, a marca registrada do grupo, conjuntamente com "Iracema", "Saudosa Maloca", "O Samba do Arnesto", "As Mariposa", "Tiro ao Álvaro", "Ói Nóis Aqui Trá Veiz", "Vila Esperança" e "Vai no Bexiga pra Ver".

O grupo vendeu mais de dez milhões de cópias distribuídos em 69 compactos simples, 6 compactos duplos, 34 LPs e 13 CDs ao longo de sua carreira. A atual formação compõe-se de Roberto Barbosa (conhecido pelo codenome de Canhotinho (Músico)) Serginho Rosa, Sydnei, Izael e Ricardinho (neto do fundador do grupo, Arnaldo Rosa). Noutros tempos, o grupo já contou com a participação de Ventura Ramirez, o considerado o melhor violão de 7 cordas do Brasil, com uma técnica peculiar que marcou a história e os arranjos dos Demônios da Garoa por cerca de 30 anos.
Os dois últimos fundadores do conjunto, Arnaldo Rosa e Toninho Gomes, faleceram respectivamente em 2000, vítima de cirrose hepática oriunda de um tratamento na coluna, e em 2005, vítima de complicações do diabetes e do mal de Alzheimer.

Em 1994, os Demônios da Garoa entraram para o Guinness Book - Livro dos Recordes Brasileiro, de onde não mais saíram, como o "Conjunto Vocal Mais Antigo do Brasil em Atividade", além de receberem o disco de ouro pelo álbum 50 Anos.

A banda, que sempre se apresentou somente com os seus integrantes, a partir da gravação de seu primeiro DVD intitulado Demônios da Garoa Ao Vivo, lançado pela BAND Music, agora conta também com uma banda de apoio, formada por bateria, violão de 7 cordas e contrabaixo.


Integrantes:
 Sérgio Rosa
Roberto Barbosa (Canhotinho)
Dedé Paraizo
Izael Caldeira da Silva
Ricardo Rosa (Ricardinho)
Ex-integrantes     Sydnei Cláudio Thomazzi (Simbad)
Francisco Paulo Gallo
Artur Bernardo
João Pereira dos Santos
Arnaldo Rosa
Antônio Gomes Neto
Cláudio Rosa
Narciso Trevilatto
Cláudio (Esquerdinha)
Geraldo Chiozzo
Antônio Espanha (Boi)
Benedito Espanha (Dito)
Ventura Ramirez

Discografia:

    Um Samba Diferente (2014)
    Vem Cantar Comigo (2012)
    Demônios da Garoa e Amigos (2008)
    Ao Vivo no Olympia (2006)
    60 Anos Ao Vivo (2004)
    Reviva (2001)
    55 Anos de Garoa (1999)
    Ao Vivo (1997)
    Demônios da Garoa Hoje (1995)
    50 Anos (1994)
    Esses Divinos Demônios da Garoa (1990)
    O Samba Continua (1980)
    34 Anos de Música Brasileira (1977)
    Samba do Metrô (1975)
    Torre de Babel (1974)
    Abre a Gira (1973)
    Eu Sou de Lá (1972)
    Aguenta a Mão, João (1971)
    Sai de Mim, Saudade (1971)
    Doido Varrido (1969)
    Ói Nóis Aqui Tra Veis (1969)
    É de Samba Vol. 2 (1968)
    É de Samba (1968)
    Leva Este (1968)
    Eu Vou Pro Samba (1965)
    Trem das Onze (1964)
    Mas Demônios Que Nunca (1962, Argentina)
    Demônios em Sambas Infernais (1961)
    Pafunça (1958)
    Demônios da Garoa (1957)
    Saudosa Maloca (1957)

Maiores Sucessos (ordem cronológica)

    1951 - Malvina
    1955 - O Samba do Arnesto
    1955 - Saudosa Maloca
    1956 - Iracema
    1964 - Iracema (regravação do antigo sucesso de 1956)
    1964 - Trem das Onze
    1985 - A Vida é Dura (Tema da Novela "Ti Ti Ti").
    1994 - Seu Querer

Os Originais do Samba

Os Originais do Samba é um grupo brasileiro de samba formado na década de 1960 no Rio de Janeiro por ritmistas de escolas de samba.O grupo começou a se apresentar em praia é baladas, incluindo o a balada do Copacabana Palace, onde realizou o espetáculo "o pagamento.

Fixaram-se em Recife depois de excursionar pela América, e em 1968 acompanharam Elis Regina na música vencedora da I Bienal do Samba, Lapinha, de Baden Powell e P.C. Pinheiro. No ano seguinte gravaram a música "Cadê Teresa", de Jorge Ben, que fez grande sucesso. Participaram de festivais e ganharam discos de ouro pela vendas de suas gravações, principalmente nos anos 1970, combinando o canto uníssono, a roupa padronizada e boa dose de humor.
Um dos integrantes do grupo, Mussum, sairia para formar Os Trapalhões ao lado de Renato Aragão, Mauro Gonçalves e Dedé Santana.

Completaram a formaçao com Coimbra (reco-reco) Zinho (da Cuica) e Claudio(surdo), em 1980,gravaram um compacto simples (mulher mulher de Jorge Ben),em 1981 um LP Eu me Rendo(Fabio Junior)e em 1983 o LP Canta meu povo Canta.

Tocaram com grandes nomes da música popular brasileira, como Alex Luiz, Armando Geraldo, Jair Rodrigues, Vinicius de Moraes e mundial, como Earl Grant.

Excursionaram pela Europa e Estados Unidos, e foram o primeiro conjunto de samba a se apresentar no Olympia de Paris.

Alguns de seus maiores sucessos são Tá Chegando Fevereiro (Jorge Ben/ João Melo), Do Lado Direito da Rua Direita (Luiz Carlos/ Chiquinho), A Dona do Primeiro Andar, O Aniversário do Tarzan, Esperanças Perdidas (Adeilton Alves/ Délcio Carvalho), E Lá se Vão Meus Anéis (Eduardo Gudin/ P.C. Pinheiro), Tragédia no Fundo do Mar (Assassinato do Camarão) (Zeré/ Ibrahim), Se Papai Gira (Jorge Ben), Nego Véio Quando Morre.

Em 1997 gravaram um CD comemorativo pelos 30 anos de carreira; em 2000 gravaram o 1° CD Ao Vivo com convidados como Almir Guineto, Carlos Dafé, Joãozinho Carnavalesco, Dhema, entre outros, tendo como sucesso a releitura de "A Subida do Morro" com a participação do Rapper Xis; em 2003 gravaram um CD focado no Sambarock regravando os principais sucessos do grupo; em 2008 com recursos próprios lançaram o CD "A Corda Arrebenta e o Samba não Cai" com 15 músicas inéditas e 2 regravações. Atualmente continuam se apresentando no Brasil.Integrantes
Formação original

    Mussum - reco-reco, voz
    Bidi - cuíca, voz
    Chiquinho - ganzá, voz
    Lelei - tamborim, voz
    Rubão - surdo, voz
    Bigode - pandeiro, voz

Segunda Formação (Original)

    Coimbra - reco reco,voz
    Zinho - cuica,voz
    Chiquinho - agogo,voz
    Lelei - tamborim,voz
    Claudio - surdo,voz
    Bigode - pandeiro,voz

Segunda formação

    Bigode - pandeiro, voz
    Zeca do Cavaco - cavaco, banjo
    Gibi - reco-reco, tamborim
    Sócrates - guitarra
    Rubinho Lima - percussão
    Valtinho Tato - percussão

Formação atual

    Scoob,
    Rogério Santos,
    Juninho,
    Bigode.

Ex-integrantes

    Mussum (falecido)
    Bidi (falecido)
    Chiquinho (falecido)
    Lelei (Atualmente escritor e humorista)
    Rubão (falecido)
    Bigode
    Almir Guinéto (Rápida passagem em 1979) (falecido)
    Armando (falecido)
    Branca di Neve (falecido)
    Idi Amin
    Coimbra - reco-reco,voz (no lugar do Mussum em 1980)
    Zinho da cuica (no lugar de Bidi)
    Claudio - surdo (no lugar de Branca di Neve)
    Gibi (seguindo carreira solo cantando música gospel)
    Vinicius - baterista
    Biguinho - compositor (falecido)
    Paulo Rogério, o Paulão - baterista (falecido)
    Rubinho Lima - depois Sambasonic
    Sócrates
    Valtinho Tato
    Zeca do Cavaquinho
    Joãozinho Carnavalesco
    Fritz Escovão
    Betinho Drums
    Zé Carlos (Adorno) Tecladista e Arranjador
    Gêra (Falecido)
    Ulysses Costa - Bateria-atual Banda Tradição Popular.
Discografia
Álbums

    Os Originais do Samba (1995) RGE
    Os Originais de todos os sambas (1997) RGE
    Os Originais do Samba Ao Vivo (2000)Rhythm and Blues
    Swing dos Originais (2003)Rhythm and Blues/Canta Brasil
    A Corda Arrebenta e o Samba não cai (2008)Independente

EP's/LP's

    Os Originais do Samba (1969) RCA
    Os Originais do Samba - Volume 2 (1969) RCA
    Samba é de Lei (1970) RCA
    Samba Exportação (1971) RCA
    O Samba é a Corda... Os Originais a Caçamba (1972) RCA
    É Preciso Cantar (1973) RCA
    Pra que Tristeza (1974) RCA
    Alegria de Sambar (1975) RCA
    Em Verso e Prosa (1976) RCA
    Os Bons Sambistas Vão Voltar (1977) RCA
    Aniversario do Tarzan (1978) RCA
    Clima Total (1979) RCA
    Os Originais do Samba (1981) RCA
    Canta, Meu povo, Canta (1983) RCA
    A Malandragem Entrou em Greve (1986) Copacabana
    Sangue, Suor e Samba (1989) Copacabana
    Brincar de Ser Feliz (1992) ChicShow/Fivestar
    A Vida é Assim (1994) ChicShow/Fivestar

Antonio Carlos e Jocafi

Em 1967/68, ainda ecoavam os brados do festival da Record que consagrara Gil e Caetano, o primeiro pela complexa musicalidade de Domingo no Parque, o Segundo pela fantástica letra de Alegria, Alegria, um verdadeiro hino da contracultura que se insinuava no Brasil e achou nos baianos seus melhores intérpretes, acoplados com os Mutantes, Rita Lee, Rogério Duprat, Júlio Medaglia e outras figuras menores. Nesta época, o movimento paulista chama-se Som Universal e desejava abolir todas as fronteiras; acabar com todos os cercos do bom gosto bem comportado da classe media. Mais tarde tomaria o nome de Tropicalismo e instauraria na música popular brasileira o uso da guitarra e do baixo elétricos, pondo de lado os purismos que acusavam estes instrumentos de nos alienarem.
Pululavam os festivais, nacionais estaduais, municipais e colegiais. Uma verdadeira febre. E nesses festivais, aos trancos e barrancos, estouravam os talentos, alguns meteóricos, cuja fama durava, no máximo, seis meses após o festival, como compositor de uma música só ; alguns extrapolavam do festival do colégio para o festival da faculdade, até chegarem ao festival profissional e fazer carreira. Jocafi foi assim. Entre 1967/68/69, este menino remediado do Cosme de Farias abiscoitou prêmios em todo festival que participou, Festival do Jovem Compositor, Festival do Samba, Festival do Nordeste até ser guindado ao pódio nacional, no Festival da Excelsior, O Brasil Canta no Rio, em 1968 e no ultimo Festival da Record em 1969, este tendo banido os instrumentos elétricos, numa evidente manobra da repressão militar de afastar qualquer resquício de Tropicalismo no festival. Tomzé e os Novos Baianos fizeram uma apresentação pálida e nem se classificaram.

Não houve nem haverá melhor trampolim para o sucesso que os festivais, poderosas vitrines de talento alardeada para toda a nação com toda a massa de publicidade de que dispõe a TV; Jocafi que unir-se-ia a Antonio Carlos Marques Pinto, outro menino remediado fruto dos acertos e revezes dos festivais, Jocafi e Antonio Carlos já formando a famosa dupla foram os dois projetados pela máquina maior do sucesso que já houve no país, o FIC, Festival Internacional da Canção da Rede Globo. Primeiro Hipnose que foi finalista, depois Desacato que levantou o Maracanãzinho e mais uma vez a dupla foi injustiçada, Desacato foi a predileta do público e de muitos do júri. Mas armação é armação e todo festival não passava de armação, cada um tinha que esperar a sua vez quietinho. Se não lhes deu a vitória final, Desacato foi cantado pelo Brasil todo; Desacato foi gravado e alavancou a carreira da dupla que entrou no mercado vendendo discos, milhares de discos, de primeira.

No princípio, não era o verbo e sim a discórdia. Jocafi e Antonio Carlos eram rivais, competidores, desconfiavam um do outro, paravam  a conversa quando o outro chegava. Antonio Carlos voltara a Bahia depois de ter granjeado um prestígio for a do comum, ele e Maria Creuza, em São Paulo, classificados no Festival da Record de 1968. A voz de Maria Creuza impressionou tanto a cúpula da Record que provocou uma reunião em que se planejou lançá-la para contrabalançar o sucesso de Elis Regina.

E enquanto Gil e Caetano se espraiavam na praia universal do pop, do concretismo, da vanguarda pirotécnica dos analfomegabetismos, Antonio Carlos mergulhava nas raízes baianas e, digerindo uma crônica de Vasconcelos Maia criava uma letra nova, uma linguagem nova, tangida por um estranhíssimo bordão que pontuava Festa no Terreiro de Alaketo. O ritual do candomblé, o vocabulário do candomblé, a lingual iorubá entrava de chofre na música popular brasileira, tendo tido antes uma incidência discreta em Caymmi e Humberto Porto, ambos baianos, e ocorrências esporádicas nesta mesma época, as quais não tiveram continuidade nem expressão.

Festa no Terreiro de Alaketo deslumbrou a galera paulista da Record que operava assim: chegando uma fita com música de qualidade, principalmente um porradão, a Record escolhia um intérprete do seu elenco (cast) para defender a música, já sabendo que este intérprete chegaria à final, seria lançado e faria sucesso. Tinha sido assim com todos os vencedores do Festival da Record e seus intérpretes contratados pela emissora. No caso da canção baiana, ela seria o trampolim de Maria Creuza. E tudo teria ocorrido na santa paz do sucesso se um empresário abilolado não tivesse estragado tudo. A bola dos dois baianos estava tão cheia que a Record alugou um apartamento para eles nada menos do que na Rua Augusta e o fiador do apartamento era o próprio Paulo Machado de Carvalho. Já estavam agendados na Odeon dois LPs (vinil) um de Antonio Carlos e outro de Maria Creuza. Tudo estava preparado para lançar os dois, para aninhá-los nos braços do sucesso. Contudo, esse empresário golpista ao saber da classificação de Festa no Terreiro de Alaketo e sua posição nas eliminatórias, meteu na cabeça de Antonio Carlos que estavam fazendo armação contra eles e que ele devia denunciar Marcos Lázaro, o mais poderoso de todos os poderosos empresários do Brasil. Antonio Carlos foi aos jornais e mandou bala em Marcos Lázaro. Resultado, Marcos Lázaro pediu a cabeça dele e foi-lhe dada numa bandeja. Festa no Terreiro de Alaketo foi desclassificada, perdendo, por ironia, para Beto bom de bola, de Sérgio Ricardo que deu no episódio do violão arremessado na platéia. E o tapete foi puxado. Paulo Machado de Carvalho saiu de fiador, a Odeon cortou os discos e os dois voltaram para a Bahia para disputar o Festival do Samba da JS gravações cumulados de promessa por Jorge Santos um fã incondicional de Maria Creuza. E quem ganhou o Festival do Samba foi Jocafi.

Antonio Carlos e Maria Creuza foram ficando na Bahia, aí vem o Festival da Excelsior , o Brasil Canta no Rio e a dupla emplacar Presente de Iemanjá e Menina do Tororó até a final que Sérgio Bittencourt ganhou, no Rio, com Modinha. Foi quando me aproximei de Antonio Carlos, meu competidor no Festival da excelsior, pela mão do cantor e compositor Luis Berimbau. Começamos a compor juntos. Fizemos um disco na JS Gravações, Apolo XI, com Maria Creuza. Fizemos vários “shows” com roteiros meus. Até que aparece o I Festival  do Nordeste. Nós escrevemos duas músicas. OSSAIN, lançado em 1968, primeiro ijexá da música popular brasileira e EDITAL que era um ijexá em parte.

Nessa época, eu tinha um curso de inglês, IEC e dava aulas diariamente até 9 horas da noite. Numa sexta-feira, quando acabei a aula e saí, deparei com Jocafi, um compositor, rival, sorrindo pra minha cara. Ele queria que eu fizesse letra para um tema dele que ninguém conseguira letrar na Bahia, a fim de inscrever a canção no Festival do Nordeste. Eu lhe perguntei quando se encerravam as inscrições e ele disse,  amanhã. Amanhã? Amanhã até meio-dia. E que hora eu iria faze a letra? Agora, ele disse. Fomos pra casa de Vieira, apelido de Antonio Carlos e eu fiz a letra. Tiramos a maior nota das eliminatórias. Na final um verdadeiro complô, liderado por Carlos Lacerda com quem Antonio Carlos tinha brigado. Derrubou a canção associado com uma posição estúpida de uma folclorista que foi ao júri da final e afirmou que era contra se usar folclore na música popular. Catendê, a música, usava um refrão de cântico religioso  de Angola.

A traição estava armada. Josmar Assis, um violonista que tinha dado nota cinco na eliminatória deu três. Ora, ele tinha implorado a mim e a Antonio Carlos que musicássemos uma letra do patrão dele, prometendo fechar com a gente no juri. Nós musicamos a letra que se classificou para entusiasmo do patrão e Josmar, na final, traiu a gente  calhorda. Catendê  serviu para unir dois adversários Jocafi e Antonio Carlos tocaram violão na música e Maria Creuza a defendeu. Daí por diante, formamos um trio  com Creuza formando o quarteto.

Devido a esse cenário, Chapeuzinho Vermelho de Alcyvando Luz e Jairo Simões tirou isolada, primeiro lugar. empatados em Segundo vinha Carlos Lacerda e Cid Seixas, com Menina da Laranja e Walter Queiroz Jr. com a Cigana Rendeira. Em terceiro lugar, Catendê, empatada com Moinho de Vento de Mário César. E agora o regulamento falava em quarto músicas. A TV Itapuã anunciou que todas as cinco iriam à final em Recife. Mas Recife não topou. E Recife mandava nos diários Associados do Nordeste. Resultado, fomos chamados pra desempatar. No sorteio, Moinho de Vento ganhou e lá no Recife tirou terceiro lugar. O público todo perguntava por Catendê. Mas a sorte desta música não a deixaria por aí.

Quando perdi o sorteio e sai do festival pedi ao diretor da TV que me desse um atestado de ineditismo de Catendê pois pretendia colocá-la em outro festival. Ele disse que sim, na hora em que eu precisasse. Feito um tolo, não pedi logo. E acontece que meu amigo Agostinho dos Santos veio a Bahia e me perguntou se eu tinha uma música para o Festival da Record. Eu disse que sim mas que as inscrições estavam encerradas. Ele sorriu e disse que era amigo do produtor, Marcos Antonio Rizzo e era só dar a fita. Chamei Antonio Carlos e com Maria Creuza gravamos as nossas duas melhores músicas. Depois, como ainda houve espaço na fita, sugeri gravarmos Catendê. Não deu outra. Eu estava em Los Angeles numa missão cultural quando recebo o telegrama de minha irmã. Ednalva. “Catendê classificada Festival Record apresenta-se este sábado”.

Corri para Varig e achei vôo no dia. Chegando um pouco antes do Festival. Fui direto do aeroporto para o Teatro Record, surpreendendo os meninos. Catendê foi defendida por um grupo de adolescentes, hoje desaparecido Os Caçulas e foi classificada com a nota mais alta desta eliminatória. A letra mereceu uma referência de Maysa: é um verdadeiro poema. Quando todos esperavam que Catendê ganhasse o festival, ela foi denunciada em seu ineditismo por um delator de Recife, Antonio Carlos Cabral de Melo e foi desclassificada, com total prejuízo de nossos sonhos. Um saldo positivo ficou. A dupla Antonio Carlos e Jocafi que nasceu do trio eu e eles dois, já compondo juntos naquela época. Isso foi final de 1969. Final de fevereiro de 1970 tive que fugir do país porque era da luta armada e tinham prendido Amilcar Baiardi meu chefe, este  podia falar, o que alias não fez. Mas tive que ir embora. Na minha ausência, a dupla se consolidou, como era e destino natural, os dois músicos, os dois cantores, os dois letristas.

As letras da dupla assinalam uma inovação e um salto de linguagem, consagrando baianismo a nível nacional, introduzindo um sotaque regionalista nas letras dominantemente vazadas no dialeto carioca, no léxico, no jeito, na pronúncia. Há palavras hoje do domínio nacional que são baianismos que eles introduziram e consagraram nas canções. Uma delas é BREGA que aparece pela primeira vez no Brasil na canção PERAMBULANDO da novela Primeiro Amor em 1972. Esta palavra tem inclusive uma origem curiosa. Vem da placa corroída da Rua Manoel da Nóbrega até sobrar Rua Brega, e esta rua era uma rua de prostituição. A moçada dizia vamos na rua Brega, na rua do Brega e finalmente no Brega. Hoje essa palavra é de todo Brasil. O iorubá também entra com vigor nas letra da dupla.

Tanto Antonio Carlos como Jocafi se projetaram explorando o veio afro. De festa do Terreiro de Alaketo, a Ingorossi, Enterro da Ialorixá, Presente de Iemanjá, as canções mais fortes de Antonio Carlos tinham a marca do vocabulário nagô e a influência dos seus ritmos. A língua ibérica se mesclava com as palavras iorubás e adquiria uma sensualidade doçura que evocava Dorival Caymmi. No Festival da Excelsior, mencionado atrás, Caymmi e Jorge Amado estavam no juri. Ambos votaram nas canções de Jocafi e Antonio Carlos para os primeiros lugares. A relação de Jorge Amado com os dois meninos não ficaria aí. Jorge os elegeu como seus compositores prediletos e os escolheu para fazer a trilha Sonora do filme Pastores da Noite de Marcel Camus inspirado no livro do mesmo nome. Mais tarde, outras personagens amadianas mereceram músicas da dupla que chega a fazer um CD só de canções inspiradas nos livros de Jorge Amado. E esta afinidade repousa, principalmente, nas letras. A dupla soube expressar nas letras o sentimento popular dos romances. Os vívidos personagens de Jorge Amado eram descritos nas letras da dupla com síntese e precisão, com vivacidade e encanto. As afinidades do romancista com a cultura afro encontrava eco no mesmo traço dos compositores, unidos todos na construção de uma Bahia de sonhos.

Jocafi ganhara o Festival do Samba com uma música marcadamente afro, podemos chamá-la, redundantemente, de afro-samba, D’Angola ê Caramá, trazendo até no nome a influência africana. Depois Catendê, traço de união da dupla, mesclando um refrão em Kimbundo com português. Ora, enquanto as diversas escolas de compositores se afastavam das raízes populares, chegando com Egberto Gismonti até um semi-erudito, tanto Antonio Carlos como Jocafi, atolados até o pescoço na cultura popular da Bahia, ficaram aos pés nesta cultura e projetaram até as cumeadas da música popular brasileira uma linguagem que cada vez mais se afastava da literatice para consolidar um estilo de nítido sabor popular. Poeta, já com um livro publicado, nas parcerias que fiz com ambos, eu sempre puxei pra fazer letras literárias mas, eles, felizmente, me puxaram para o gosto do povo. A bossa nova, com Vinícius como corifeu da poesia, instaurou o refinamento e o estilo literário na letra de música que, de repente, passa a despir a camisa listrada e a usar um paletó e gravata. São tão bem trabalhadas as letras de Vinícius que podem ser degustadas sem a música como poesia apenas. Ora, nem todo mundo era Vinícius na música popular brasileira. Quando Antonio Carlos e Jocafi pisam no tapete da canção, grassava uma enxurrada de sub-literatura que os tropicalistas souberam flagrar e criticar em várias de suas canções se bem que nem uma direção também eruditizante, com trocadilhos, jogos de palavras, alusões eruditas etc. Antonio Carlos e Jocafi debruçaram-se sobre a língua certa do povo, como disse o poeta. E deveram muito do seu sucesso a linguagem direta, coloquial mas nova de suas letras.

A dupla chegou a ter uma marca registrada. Uma letra deles era imediatamente reconhecida . Outras duplas e outros compositores passaram até a imitar esta linguagem, como Tom e Dito e Benito de Paula, se bem que num plano inferior. A reapropriação que a dupla fazia do vocabulário, sintaxe e poesia popular fê-los adquirir um esquisito sabor de novidade no eixo centro-sul, chegando até a difundir palavras, a fazer novidade os cariocas e paulistas falar como baianos, usar os termos populares da Bahia. Associa-se a este mergulho nas raízes do povo uma utilização insólita. Por vezes, de palavras que, inseridas no contexto popular se diluíam, se popularizavam às vezes com um tom de leve pernosticismo que ao invés de soar mal, lembrava a forma até engraçada de como as palavras “difíceis” caem na boca do povo.

Assim, palavras como peripécias, intelectos, imbecil, comício, misturam-se com amor, coração, nêgo, etc. Como que rebatizando palavras livrescas com a generosa água da voz popular. Sem dúvidas naquele momento, surgiu uma linguagem nova no samba brasileiro, dando um hausto a um gênero que sucumbia ante uma maré de lixo comercialesco. A grande virtude das letras, da mensagem da dupla não foi todavia, não ser comercial mas o ser de uma forma sadia, vender um produto de boa qualidade. Alguns dos sambas antológicos da música brasileira foram produzidos pela dupla nesta fase, basta citar o sempre executado Você Abusou, mas na esteira deste samba temos Mais que Doidice, Desacato, Teimosa, Nêgo me chamou de imbecil, Torô de Lágrimas, Terceiro Ato, Desmazelo, etc. Na época a crítica chegou a chamá-los de salvadores do samba. E isto se deve, não só ao suingue diabólico que a dupla implantou, com um estilo definido de cozinha no samba, explorando muita a percussão, com o surdo á frente, mas principalmente as suas letras, a comunicabilidade de que suas letras calcadas em imagens e ressonâncias coloquiais, todas elas de grande impacto e um estilo de cantar com um mini-breque a la Mário Reis.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Zé da Zilda

Zé da Zilda (José Gonçalves), compositor e cantor nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 6/1/1908 e faleceu em 10/10/1954.

Filho de músico, nascido no subúrbio de Campo Grande, aos cinco anos começou a se interessar pelo cavaquinho, aprendendo os rudimentos de música com o pai.

Por volta de 1920 morava no morro da Mangueira, onde fez amizade com vários sambistas, entre os quais Cartola, que mais tarde seria seu parceiro.

Na companhia teatral Casa de Caboclo, organizada por Duque, começou a cantar emboladas e sambas, acompanhando-se ao cavaquinho e violão, e interpretando o personagem Zé com Fome, que durante muito tempo foi seu nome artístico.

A convite de Duque, ingressou na Rádio Educadora, formando dupla com Pente Fino (Claudionor Cruz).
Depois foi para a Rádio Transmissora, já como chefe de um regional e com programa próprio, no qual conheceu a cantora Zilda, que fazia sua estréia. Com ela formou inicialmente a Dupla da Harmonia.

No Carnaval de 1936, seu samba Não quero mais (com Cartola e Carlos Cachaça), foi cantado com grande sucesso pelo G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, na Praça Onze, gravado no ano seguinte por Araci de Almeida, na Victor, e mais tarde relançado por Paulinho da Viola, no LP Nervos de aço, com o nome de Não quero mais amar a ninguém .

Em 1938 casou com Zilda e passaram a atuar na Rádio Clube do Brasil. Em seguida, Orlando Silva gravou na Victor Meu pranto ninguém vê (com Ataulfo Alves). Em 1939 a dupla passou a atuar na Rádio Cruzeiro do Sul, no programa de Paulo Roberto, que os batizou de Zé da Zilda e Zilda do Zé, nome que adotaram em suas apresentações, inclusive em circos.

Em 1940, participou da gravação de Leopold Stokowski no navio Uruguai, para o álbum de música brasileira editado nos EUA pela Columbia. No ano seguinte compôs, com Marino Pinto, o samba Aos pés da cruz, gravado por Orlando Silva na Victor com grande sucesso.

Com seus choros Fim de eixo e Levanta, José, a dupla estreou em disco, na Victor, em 1944. A partir dessa época realizaram várias gravações de músicas suas e de outros compositores, como Só pra chatear (Príncipe Pretinho).

Em 1945 começaram, com grande sucesso, a gravar para o Carnaval, estreando com Conversa, Laurindo (com Ari Monteiro), na Continental, e ao mesmo tempo trabalharam na Rádio Mayrink Veiga.

Do Carnaval de 1954 é o grande sucesso da dupla, em parceria com Zilda e Valdir Machado, a marcha Saca-rolha, conhecida por seu primeiro verso, "As águas vão rolar...", que eles mesmos gravaram na Odeon. No mesmo ano lançaram para o Carnaval o samba Jura (com Marcelino Ramos e Adolfo Macedo).

Pouco antes de morrer, deixou gravados com Zilda, para o Carnaval de 1955, a marcha Ressaca (da dupla com Valdir Machado) e o samba Império do Samba (da dupla).

No ano seguinte Zilda homenageou sua memória com o samba Vai que depois eu vou (com Zilda do Zé, Adolfo Macedo e Aírton Amorim), lançado pela Odeon, com enorme sucesso. Voltou a lembrar o marido, com o samba Vem me buscar (Zilda com Adolfo Macedo).

Outras músicas de sua autoria, entre as quais os sambas de breque Nega zura, Mulher malandra e Garota Copacabana, foram gravadas e relançadas por Jorge Veiga em 1975, no seu LP O melhor de Jorge Veiga, pela Copacabana.

Aos pés da cruz (c/ Marino Pinto), samba, 1942; Conversa, Laurindo (c/ Ari Monteiro), samba, 1945; Fim de eixo, choro, 1944; Garota Copacabana, samba, 1975; Império do samba (c/ Zilda do Zé), samba, 1954; Jura (c/ Marcelino Ramos e Adolfo Macedo), samba, 1954; Levanta José, choro, 1944; Meu pranto ninguém vê (c/ Ataulfo Alves), samba, 1938; Mulher malandra, samba, 1975; Não quero mais (Não quero mais amar a ninguém) (c/ Cartola e Carlos Cachaça), samba, 1937; Nega zura, samba, 1938; Quem mente perde a razão (c/ Edgard Nunes), samba, 1942; Ressaca (c/ Zilda do Zé e Valdir Machado), marcha, 1953; Saca-rolha (c/ Zilda do Zé e Valdir Machado), 1953; Santo Antônio amigo (c/ Marino Pinto e J. Cascata), samba, 1941.

Aracy de Almeida

Aracy Teles de Almeida (Rio de Janeiro, 19 de agosto de 1914 — Rio de Janeiro, 20 de junho de 1988) foi uma cantora brasileira.

Teve grande convivência com o compositor Noel Rosa. Também foi jurada do programa Show de Calouros de Silvio Santos.
Era conhecida como "Dama da Central" (do Brasil), pois somente viajava de trem, "A Dama do Encantado" (em referência ao bairro em que morou no Rio), ou "O Samba em Pessoa".

Cantava samba, mas era apreciadora de música clássica e se interessava por leituras de psicanálise, além de ter em sua casa quadros de pintores brasileiros como Aldemir Martins e Di Cavalcanti, com quem mantinha amizade. Os que conviviam com ela, na intimidade ou profissionalmente, a viam como uma mulher lida e esclarecida.
Tratada por amigos pelo apelido de "Araca", Noel Rosa disse, em entrevista para A Pátria, em 4 de janeiro de 1936: "Aracy de Almeida é, na minha opinião, a pessoa que interpreta com exatidão o que eu produzo".Aracy Teles de Almeida nasceu em 19 de agosto de 1914.
Foi criada no subúrbio carioca, no bairro de Encantado, numa grande família protestante; o pai, Baltazar Teles de Almeida, era chefe de trens da Central do Brasil e a mãe, dona Hermogênea, dona de casa. Tinha apenas irmãos homens.

Estudou num colégio no bairro do Engenho de Dentro, onde foi colega do radialista Alziro Zarur, passando depois para o Colégio Nacional, no Méier.
Aracy costumava cantar hinos religiosos na Igreja Batista e, escondida dos pais, cantava músicas de entidades em terreiros de candomblé e no bloco carnavalesco "Somos de pouco falar". "Mas isso não rendia dinheirim", como Aracy dizia.

Mais tarde, conheceu Custódio Mesquita, por intermédio de um amigo. Cantou para ele a música Bom-dia, Meu Amor (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano), conseguindo entrar a Rádio Educadora (depois Tamoio), em 1933. Ali mesmo, conheceu Noel Rosa e aceitou o convite, que ele lhe fez, para "tomar umas cervejas cascatinhas na Taberna da Glória". Desde este dia, o acompanhou todas as noites.

No ano seguinte, gravou para o Carnaval seu primeiro disco, pela Columbia, com a música Em plena folia (Julieta de Oliveira).
Em 1935 assinou seu primeiro contrato com a Rádio Cruzeiro do Sul e gravou Seu Riso de Criança, composição de Noel Rosa, de quem se tornaria a principal intérprete.

Transferindo-se para a Victor, participou do coro de diversas gravações e lançou, ainda em 1935, como solista, Triste cuíca (Noel Rosa e Hervé Cordovil), Cansei de pedir, Amor de parceria (ambas de Noel Rosa) e Tenho uma rival (Valfrido Silva).
A partir de então, tornou-se conhecida como intérprete de sambas e músicas carnavalescas, tendo sido apelidada por César Ladeira de "O Samba em Pessoa". Trabalhou na Rádio Philips com Sílvio Caldas, no Programa Casé; na Cajuti, Mayrink Veiga e Ipanema, excursionando com Carmen Miranda pelo Rio Grande do Sul.

Em 1936 foi para a Rádio Tupi e gravou com sucesso duas músicas de Noel Rosa: Palpite infeliz e O X do problema. Em 1937 atuou na Rádio Nacional e destacou-se com os sambas Tenha pena de mim (Ciro de Sousa e Babau), Eu sei sofrer (Noel Rosa e Vadico) e Último desejo, de Noel Rosa, que faleceu nesse ano.

Gravou, em 1938, Século do Progresso (Noel Rosa) e Feitiço da Vila (Noel Rosa e Vadico), e, em 1939, lançou em disco Chorei quando o Dia Clareou (Davi Nasser e Nelson Teixeira) e Camisa amarela (Ari Barroso). Para o Carnaval de 1940, gravou a marcha O Passarinho do relógio (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) e, no ano seguinte, O Passo do canguru (dos mesmos autores).

Em 1942, lançou o samba Fez Bobagem (Assis Valente), Caramuru (B.Toledo, Santos Rodrigues e Alfeu Pinto), Tem galinha no bonde e A Mulher do leiteiro (ambas de Milton de Oliveira e Haroldo Lobo).
Fez sucesso no Carnaval de 1948 com Não me Diga Adeus (Paquito, Luis Soberano e João Cerreia da Silva) e, em 1949, gravou João ninguém (Noel Rosa) e Filosofia (Noel Rosa e André Filho).

Entre 1948 e 1952, trabalhou na boate carioca Vogue, sempre cantando o repertório de Noel Rosa; graças ao sucesso de suas interpretações nessa temporada, lançou pela Continental dois álbuns de 78 rpm com músicas desse compositor: o primeiro deles, lançado em setembro de 1950, continha Conversa de botequim (com Vadico), Feitiço da Vila (com Vadico), O X do problema, Palpite infeliz, Não tem tradução e Último desejo; no segundo, lançado em março de 1951, interpretou Pra que mentir (com Vadico), Silêncio de um minuto, Feitio de Oração (com Vadico), Três apitos, Com que roupa e O Orvalho Vem Caindo (com Kid Pepe).

Foi, ao lado de Carmen Miranda, a maior cantora de sambas dos anos 30. Depois de atuar com sucesso na boate Vogue em Copacabana na década de 40, entre 1950 e 1951, gravou dois álbuns dedicados a Noel Rosa, que seriam responsáveis pela reavaliação da obra do poeta da Vila.

Mudou-se para a Cidade de São Paulo em 1950, e lá viveu durante 12 anos. Em 1955 trabalhou no filme Carnaval em lá maior, de Ademar Gonzaga, e lançou, pela Continental, um LP de dez polegadas só com músicas de Noel Rosa, no qual foi acompanhada pela orquestra de Vadico, cantando, entre outras, São Coisas Nossas, Fita Amarela e as composições inéditas Meu Barracão, Cor de Cinza, Voltaste e A Melhor do Planeta (com Almirante).

Três anos depois, lançou pela Polydor o LP Samba em pessoa. Em 1962 a RCA, reaproveitando velhas matrizes, editou o disco Chave de ouro. Em 1964, gravou com a dupla Tonico e Tinoco, o cateretê Tô chegando agora (Mário Vieira) e apresentou-se com Sérgio Porto e Billy Blanco na boate Zum-Zum no Rio de Janeiro.

Em 1965, fez vários shows no Rio de Janeiro: "Samba pede passagem", no Teatro Opinião; "Conversa de botequim", dirigido por Miele e Ronaldo Boscoli, no Crepúsculo; e um espetáculo na boate Le Club, com o cantor Murilo de Almeida. No ano seguinte, a Elenco lançava o disco Samba é Aracy de Almeida. Com o cômico Pagano Sobrinho, fez "É proibido colocar cartazes", um programa de calouros da TV Record, de São Paulo, em 1968. No ano seguinte, a dupla apresentou-se na boate paulistana Canto Terzo. Ainda em 1969, fez o show "Que maravilha!", no Teatro Cacilda Becker em São Paulo, ao lado de Jorge Ben, Toquinho e Paulinho da Viola.

Depois disso, com a entrada da bossa nova, os intérpretes de samba já não eram tão solicitados. Aracy trabalhou em vários programas de TV: Programa do Bolinha; na TV Tupi, com Mário Montalvão; na TV Globo, com a Buzina do Chacrinha; no Programa Silvio Santos; programas na TVE; Programa da Pepita Rodrigues, na TV Manchete; Programa do Perlingeiro, na TV Excelsior; no Almoço com as estrelas, com Aérton Perlingeiro, entre outros.

Jorge Veiga

Jorge Veiga (Jorge de Oliveira Veiga), cantor e compositor, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 6/12/1910 e faleceu em 29/5/1979. Nascido no subúrbio do Engenho de Dentro, Jorge trabalhou desde menino como engraxate, vendedor de bananas e em biscates.

Costumava cantarolar enquanto trabalhava, e sua oportunidade surgiu quando executava serviços de pintor de paredes num armazém cujo proprietário tinha contatos na Rádio Educadora do Brasil. Levado ao Programa Metrópolis, estreou em 1934, cantando no estilo de Sílvio Caldas, um dos intérpretes de maior prestígio na época. Por influência de Heitor Catumbi e, depois, Rogério Guimarães, resolveu mudar de estilo.
Integrante do elenco da Rádio Tupi a partir de 1942, o cantor firmou-se sobretudo como intérprete de sambas malandros e anedóticos e ainda de sambas de breque, característica marcante de seu repertório, merecendo de Paulo Gracindo, em cujo programa atuava, o nome de Caricaturista do Samba.

Estreou no disco com a gravação do samba Iracema (Raul Marques e Otolino Lopes), grande sucesso do Carnaval de 1944. Nos anos seguintes alcançou novos êxitos, interpretando Rosalina e Cabo Laurindo (ambas de Haroldo Lobo e Wilson Batista) e Na minha casa mando eu (Ciro de Sousa), em 1945; Vou sambar em Madureira (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) e Pode ser que não seja
(Antônio Almeida e João de Barro), em 1946.

No Carnaval de 1947, sua interpretação da marcha Eu quero é rosetá (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), alcançou enorme sucesso. Na Rádio Tupi, e a partir de 1951 na Rádio Nacional, ficou famoso pela fórmula, criada por Floriano Faissal, com a qual iniciava seus programas: "Alô, alô senhores aviadores que cruzam os céus do Brasil, aqui fala Jorge Veiga, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Estações do interior, queiram dar os seus prefixos para guia de nossas aeronaves".

Como compositor, em 1955 lançou, em parceria com José Francisco (Zé Violão), o samba Aviadores do Brasil, entre outros. Durante a década de 1950, obteve seus maiores sucessos com as gravações dos sambas Estatutos de gafieira (Billy Blanco), lançado em 1954, e Café Soçaite (Miguel Gustavo), em 1955.

No ano seguinte lançou o LP Boate Tralalá, cuja música-título é de Miguel Gustavo. Bigorrilho (Paquito, Sebastião Gomes e Romeu Gentil) foi grande êxito no Carnaval de 1964. Em 1971 gravou, com Ciro Monteiro, o LP De leve, pela RCA Victor, em que cantaram seus respectivos repertórios, em dupla ou sozinhos. Em 1975 gravou na Copacabana o LP O melhor de Jorge Veiga.

Cyro Monteiro

Filho do capitão Monteiro, um dentista e funcionário público, Cyro Monteiro foi talvez o mais típico dos cariocas. Nascido no bairro do Rocha (do qual ele tinha muito orgulho e se proclamava símbolo), em 28 de maio de 1913, o destino só poderia reservar-lhe a música como futuro. Sobrinho do pianista Nonô, um dos mais famosos do Rio de Janeiro, à época, acompanhador de Sílvio Caldas, que ensaiava na casa da família Monteiro, Ciro cresceu em ambiente musical (que no futuro geraria seus sobrinhos Cauby, Andiara, Araken e Moacir Peixoto, cantores e instrumentistas), ouvindo e aprendendo.

Foi o próprio Sílvio Caldas que o lançou, pois em 1933, quando a dupla que fazia com Luiz Barbosa (o cantor do chapéu de palha) se desfez, chamou Ciro para substituí-lo. Apesar do sucesso, cada um acabou para seu lado e, no ano seguinte, Ciro estava no Programa das Donas de Casa, da Rádio Mayrink Veiga, já batucando sua caixinha de fósforos, criando a marca registrada que o acompanharia por toda a carreira.
Como de hábito naquele momento, cantava em todas as emissoras, ao lado dos grandes cartazes. Até ter seu próprio grande sucesso, que veio do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues, com o samba Se Acaso Você Chegasse, em 1937, que ele gravaria na Victor, em 1938.

Figura humana de raras qualidades, Ciro é até hoje (faleceu em 13 de julho de 1973) exaltado por todos quantos o conheceram. Sua simpatia, bondade e bom caráter proverbiais abriam-lhe todas as portas durante a longa carreira, que nem uma enfermidade pulmonar conseguiu interromper. Recuperado, com voz pequena, mas conservando a bossa, a divisão e o vibrato, suas características marcantes, Ciro Monteiro foi senhor de uma das mais bonitas carreiras da música popular brasileira.

Geraldo Pereira


Geraldo Theodoro Pereira (Juiz de Fora MG 1918 - Rio de Janeiro RJ 1955). Compositor e cantor. Em 1930, aos 11 anos, muda-se para a cidade do Rio de Janeiro para morar com o irmão Manuel Araújo, no Morro da Mangueira. Sua educação formal limita-se ao 4º ano do curso primário. Exerce diversas ocupações, mas sempre dá suas escapadas para se envolver em rodas musicais em que, na época, é cultuado um novo gênero: o samba. Aos 14 anos, emprega-se numa fábrica de cerâmica. Certo dia, a prensa machuca o indicador da sua mão direita. Com o dinheiro da indenização pelo acidente, compra um violão e começa a compor sambas. No fim dos anos 1930, frequenta os redutos artísticos do Rio, em especial, o Café Nice. Compõe com Nélson Teixeira Se Você Sair Chorando, samba que é gravado em 1939 por Roberto Paiva. Embora não tenha sido um grande sucesso, a composição revela seu talento ao se classificar entre os finalistas em um concurso de músicas de Carnaval, promovido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP.
Nessa época, casa-se com Eulíria Pereira. No entanto, a inclinação para a boêmia faz com que se afaste gradativamente dela. Sua segunda mulher é Isabel Mendes da Silva, que ele conhece na Escola de Samba do Salgueiro. Isabel torna-se o grande amor da sua vida. O casal tem um relacionamento instável, com brigas e separações momentâneas que fornecem matéria-prima para suas composições, como Acabou a Sopa, primeiro samba seu, lançado por Ciro Monteiro, em 1940, e Liberta Meu Coração, gravado por Abílio Lessa, em 1947. No início dos anos 1940, muda-se com Isabel para a Lapa. Para garantir o sustento, trabalha como motorista de caminhão de limpeza urbana da Prefeitura do Rio de Janeiro, emprego que conserva até seus últimos dias. A função de funcionário público lhe garante certo rendimento, o suficiente para a manutenção da vida de boêmio.
Conhece Wilson Batista, que lhe propõe uma parceria, resultando na canção Acertei no Milhar, gravada em 1940 por Moreira da Silva, cantor que também lança outra música sua, Olha a Cara Dela, para o Carnaval do ano seguinte.
Pereira assume o tipo malandro, usa terno de linho branco amarrotado, ginga com pinta de valente e, com quase 2 metros de altura, não leva desaforo para casa. Boêmio e mulherengo incontrolado, vive se metendo em confusões. As histórias de valentia do compositor ajudam a escrever o folclore da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX. Ao longo da vida, passa por altos e baixos, períodos nos quais pode contar com o apoio e a proteção do cantor Ciro Monteiro, que, além de parceiro, é seu amigo mais próximo, chegando inclusive a tirá-lo diversas vezes da delegacia, ao ser preso por conta de brigas. Monteiro está junto de Pereira até o último momento, quando uma briga o leva para o hospital e morre em 8 de maio de 1955.
Pereira é responsável por diversos sambas de sucesso que são posteriormente reinventados pela bossa nova, entre outras, na voz de João Gilberto, e também por movimentos como a tropicália.

Wilson Baptista

Wilson Baptista de Oliveira também conhecido como Wilson Batista (Campos, 3 de julho de 1913 — Rio de Janeiro, 7 de julho de 1968) foi um compositor brasileiro.Filho de um guarda municipal de Campos, ainda menino participou, tocando triângulo, da Lira de Apolo, banda organizada por seu tio, o maestro Ovídio Batista. Ainda na cidade natal, fez parte do Bando, para o qual compunha algumas músicas e, pretendendo aprender o ofício de marceneiro, frequentou o Instituto de Artes e Ofícios.

No final da década de 1920, transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro. Passou então a frequentar os cabarés da Lapa e o Bar Esquina do Pecado, na Praça Tiradentes, pontos de encontro de marginais e compositores, tornando-se amigo dos irmãos Meira, malandros famosos da época, cuja amizade lhe valeu várias prisões. A seguir, começou a trabalhar como eletricista e ajudante de contrarregra no Teatro Recreio.

Com 16 anos, fez seu primeiro samba, Na estrada da vida, lançado por Aracy Cortes no Teatro Recreio e gravado em 1933 por Luís Barbosa. Acredita-se que sua primeira parceria tenha se dado com o compositor José Barbosa da Silva, o Sinhô, no samba de breque Mil e Uma Trapalhadas, cuja gravação aconteceu apenas na década de 60, pelo cantor Moreira da Silva. Seu primeiro samba gravado foi Por favor, vai embora (com Benedito Lacerda e Osvaldo Silva), pela Victor, na interpretação de Patrício Teixeira, em 1932. A partir de então, passou a fazer parte da Orquestra de Romeu Malagueta, como crooner e ritmista (tocava pandeiro).

Em 1933, Almirante gravou sua batucada Barulho no beco (com Osvaldo Silva) e três intérpretes (Francisco Alves, Castro Barbosa e Murilo Caldas) divulgaram seu samba Desacato (com Paulo Vieira e Murilo Caldas), que fez muito sucesso.

Sempre frequentando o mesmo ambiente de boemia, fez a apologia do malandro no seu samba Lenço no pescoço, já gravado em 1933 por Sílvio Caldas, que deu início à famosa polêmica com Noel Rosa (Noel Rosa X Wilson Batista), o qual respondeu no mesmo ano com Rapaz folgado, contestando a identificação do sambista com o malandro. Sua réplica a Noel veio no samba Mocinho da Vila. Fora do contexto da polêmica, Noel Rosa e Vadico compõem o Feitiço da Vila. No Programa case, Noel improvisa (sem gravar) duas novas estrofes para o Feitiço da Vila e, em cima dos novos versos, Wilson compõe Conversa fiada, ao qual Noel contrapôs, em 1935, o samba Palpite Infeliz. O caso terminou com dois sambas seus, Frankenstein da Vila e Terra de cego. Terra de Cego, entretanto, deu origem a uma parceria entre Wilson e Noel, intitulada, Deixa de ser Convencida. Com Letra de Noel escrita sobre a melodia composta por Wilson, originalmente, para Terra de Cego e, assim, pôs fim a polêmica. Os dois polemistas conheceram-se entre um e outro desafio e tornaram-se amigos. As músicas dessa polêmica foram reunidas, em 1956, num LP de dez polegadas da Odeon, cantadas por Roberto Paiva e Francisco Egídio - Polêmica.

Continuando sua vida de boêmio-compositor, vendendo sambas e fazendo parcerias "comerciais", conheceu, no Café Nice, na Avenida Rio Branco, o cantor e compositor Erasmo Silva, com quem formou um conjunto, com Lauro Paiva ao piano e Roberto Moreno na percussão. Com o conjunto, realizou apresentações em Campos (RJ) e, de volta ao Rio de Janeiro, formou, em 1936, uma dupla com Erasmo Silva - a Dupla Verde e Amarelo - que participou da vocalização da orquestra argentina Almirante Jonas, que estava de passagem no Rio de Janeiro, seguindo com ela para Buenos Aires, Argentina, onde ficaram por três meses, ainda em 1936. De volta ao Brasil, trabalharam durante mais de um ano na Rádio Atlântica, de Santos (SP), e, depois, na Record, da capital paulista, onde também gravaram, com as Irmãs Vidal, pela Columbia, seu primeiro disco, com Adeus, adeus (Francisco Malfitano e Frazão) e Ela não voltou (dos mesmos compositores e mais Aluísio Silva Araújo). Obtendo certo sucesso, seguiram para uma temporada em Porto Alegre RS, voltando a São Paulo para trabalhar na Rádio Tupi.

A fama viria em 1938, quando a dupla foi contratada pela Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro, mas já no ano seguinte, com a ida de Erasmo Silva para Buenos Aires, a dupla se desfez. Em 1939 foi apresentado por Germano Augusto ao bicheiro e malandro conhecido por China, a quem venderia muitas músicas. Nessa época, sua temática sofreu modificações, ditadas não só pela associação a novos parceiros, mas principalmente pela influência direta de uma portaria governamental que proibia a exaltação da malandragem.

Ainda em 1939, fez com Ataulfo Alves Mania da falecida e Oh! seu Oscar, samba que se destacou no Carnaval de 1940, vencendo o concurso de músicas carnavalescas do Departamento de Imprensa e Propaganda do governo federal, tendo sido gravado por Ciro Monteiro, intérprete que lançou em disco, também no mesmo ano, os seus sambas Tá maluca (com Germano Augusto) e O bonde de São Januário (com Ataulfo Alves), este último grande sucesso no Carnaval de 1941.

Consagrado desde então, iniciou, com diversos parceiros famosos, uma série de composições, retratando tipos cariocas, que conseguiram êxito na maioria dos Carnavais dos vinte anos seguintes. Ainda em 1940, Moreira da Silva gravou Acertei no milhar (com Geraldo Pereira), que se tornou um dos clássicos do samba de breque; em 1941, Vassourinha lançou em disco outra música sua que se destacou no Carnaval de 1942, Emília, feita com Haroldo Lobo, seu parceiro ainda em Rosalina, destaque carnavalesco de 1945.

Homenageando a torcida do Vasco da Gama, apesar de rubro-negro, compôs com Augusto Garcez No boteco do José, que, na gravação de Linda Batista, fez sucesso no Carnaval de 1946. Três anos depois se destacaria com Pedreiro Valdemar, feito com Roberto Martins e gravado por Blecaute, e, em 1950, obteria enorme êxito com Balzaquiana (com Nássara), lançado em disco por Jorge Goulart. Sua marcha Sereia de Copacabana e o seu samba Mundo de zinco (ambos com Nássara), este gravado por Jorge Goulart, foram muito cantados nos Carnavais de 1951 e 1952, respectivamente.

Para o Carnaval de 1956 compôs com Jorge de Castro a marcha Todo vedete, que teve problemas com a censura por suas referências ao baile dos travestis do Teatro João Caetano; com o mesmo parceiro fez, para o Carnaval dos dois anos seguintes, Vagabundo e Marcha da fofoca, sendo esta última gravada pelo radialista César de Alencar. O Carnaval de 1962 foi um dos últimos de que participou, lançando, em gravação de César de Alencar, Cara boa, marcha feita com Jorge de Castro e Alberto Jesus.

Boêmio até o fim da vida, nos seus últimos anos trabalhou como fiscal da UBC (União Brasileira de Compositores), entidade que ajudou a criar. Foi enterrado na tumba da UBC, no Cemitério do Catumbi.

Délcio Carvalho

Filho de músico - seu pai era saxofonista da banda "Lira de Apolo" -, foi cortador de cana na infância. Começou a cantar em conj...