quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Jamelão

Um carioca nascido em 1913, em São Cristóvão, que começou a ganhar a vida aos 9 anos como pequeno jornaleiro, estabeleceu-se entre os mais importantes da MPB.
Quase ninguém o conhece pelo nome de batismo, José Bispo Clementino dos Santos. Mas o apelido Jamelão - que ganhou na gafieira Jardim do Meyer, um dos muitos endereços de seu aprendizado de "crooner" - carimba desempenhos antológicos no samba-canção, partido - alto e samba-enredo, para citar apenas três territórios dominados pelo bronze cortante de sua voz.
Um colega jornaleiro, o lendário compositor Gradim, amigo de Cartola e Carlos Cachaça, o apresentou na Mangueira, apesar dele ter iniciado a trajetória de sambista acompanhando a mãe, D. Benvinda, que saía na Escola Deixa Malhar, no Engenho Novo.
O esperto moleque, então apelidado Saruê, ralou como operário antes de começar a escalada de cantor de gafieira.
Além da mencionada Jardim do Meyer, passou pela Fogão, de Vila Isabel, Cigarra e Tupi.
Entre os "dancings"(uma espécie de gafieira mais sofisticada com "taxi-girls", que picotavam o bilhete ao bailar com os clientes) soltou o gogó no El Dorado, Farolito, Avenida, Samba-Danças, Brasil e Belas Artes.
Uma odisséia até começar a gravar no fim da década de 40, após vestibular em diversos programas de calouros do rádio (incluindo o célebre "Calouros em desfile", de Ary Barroso) e vencer um concurso da extinta Rádio Clube do Brasil, que finalmente e contratou por um ano.
Até então, ele ainda lutava por um lugar ao som, contentando-se em substituir seu padrinho Onéssimo Gomes e até o rei da voz Francisco Alves.

Jamelão também demorou para decolar em disco, o que só aconteceria a partir de seu ingresso na gravadora Continental, onde gravou em 1954 um compositor iniciante, o Zé Keti (1921-1999) de "Leviana", incluído nessa seleção.
Pouco depois, ele tomaria o carnaval com o hino em forma de samba "Exaltação à Mangueira"(Enéas Brittes/Aloísio Augusto da Costa), até hoje sinônimo da escola verde-e-rosa.
E em 1956, daria uma interpretação altamente pessoal ao samba-canção "Folhas mortas" de Ary Barroso, outro grande sucesso popular que abriria sua carreira a uma dupla vertente de raro equilíbrio entre o romantismo e o ritmo.
Antes do domínio completo do samba-enredo nos carnavais, Jamelão emplacava na folia belas melodias, como a de "Eu agora sou feliz", assinada junto com Mestre Gato.
Da fossa pré-moderna do cronista Antonio Maria (1921-1964) em "Pense em mim"(nada a ver com o "hit" sertanejo) ao partido-alto emblemático "Quem samba fica", em parceria com o baiano Tião Motorista (1927-1996), Jamelão expandiu seus limites, escolado na diversidade de repertório habitual ao "crooner".

A afinidade com o cancioneiro de sentimentalismo dolorido de Lupicínio Rodrigues (1914-1974), geralmente escudado nos metais da Orquestra Tabajara, do maestro Severino Araújo, também balizou seu repertório.
Nessa seleção entram do Dostoievski gaúcho "Esses moços (pobre moços)", "Homenagem", "Vingança" e "Dona divergência" (com Felisberto Martins), todos épicos da guerra conjugal tratados por Jamelão com contenção estilística e sem derramamento.
Ele também brilha no afro-samba "Timbó"(Ramon Russo), repescado recentemente no disco de estréia do grupo Farofa Carioca, além dos sambas-enredo de esmerada confecção dos mangueirenses Padeirinho ("O grande presidente") e Nelson Sargento (com Jamelão e Alfredo Lourenço) e da dupla do Império Serrano, Silas de oliveira e Mano Décio da Viola ("Apoteose ao samba").
O catedrático Jamelão, mesmo mangueirense roxo, também é ecumênico em matéria de escolhas de samba.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Zezé Motta

Maria José Motta nasceu em Campos, RJ, em 27 de junho de 1944. Transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro aos dois anos de idade. Estudou no Tablado, curso de teatro de Maria Clara Machado.

Começou sua carreira como atriz em 1967, estrelando a peça "Roda-viva", de Chico Buarque, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. Atuou, a seguir, em "Fígaro, Fígaro", "Arena conta Zumbi", "A vida escrachada de Joana Martine e Baby Stompanato", em 1969, "Orfeu negro", em 1972, e "Godspell", em 1974, entre outras.

Iniciou sua carreira de cantora em 1971, apresentando-se como crooner das casas noturnas Balacobaco e Telecoteco (SP). Produzida por Guilherme Araújo, apresentou-se em show realizado no Museu de Arte Moderna (RJ).

Em 1975, gravou, com Gerson Conrad, o LP "Gerson Conrad e Zezé Motta".

Ainda na década de 1970, lançou os LPs "Zezé Motta" (1978) e "Negritude" (1979).

Na década de 1980, lançou os LPs "Dengo" (1980), "Frágil força" (1985), e, com Paulo Moura, Djalma Correia e Jorge Degas, "Quarteto negro" (1987).

Em 1995, gravou o CD "Chave dos segredos".

Apresentou-se, representando o Brasil, a convite do Itamaraty, em Hannover (Alemanha), Carnegie Hall de Nova York (EUA), França, Venezuela, México, Chile, Argentina, Angola e Portugal.

Como atriz, participou dos filmes "A rainha diaba", "Vai trabalhar vagabundo", "A força de Xangô", "Xica da Silva", filme que a consagrou internacionalmente e pelo qual recebeu vários prêmios, "Tudo bem", "Águia na cabeça", "Quilombo", "Jubiabá", "Anjos da noite", "Sonhos de menina-moça", "Natal da Portela", "Prisioneiro do Rio", "El mestiço", "Dias melhores virão", "Tieta", "O testamento do sr. Napumoceno" e "Orfeu".

Em televisão, atuou nas novelas "Corpo a corpo", "Pacto de sangue", "A próxima vítima" e "Corpo dourado" e nas minisséries "Memorial de Maria Moura" e "Chiquinha Gonzaga", da Rede Globo, nas novelas "Kananga do Japão" e "Xica da Silva", e na minissérie "Mãe-de-santo", da Rede Manchete.

Em 2000, lançou o CD "Divina saudade", interpretando o repertório de Elizeth Cardoso, com arranjos e produção musical de Roberto Menescal e Flávio Mendes. Realizou show homônimo pelo Brasil, entre 2000 e 2002.

Em julho de 2002, apresentou o espetáculo no Canecão, no Rio de Janeiro.

Destacam-se, entre seus maiores sucessos como cantora, suas gravações de "Dores de amores" e "Magrelinha", canções de Luiz Melodia, "Trocando em miúdos" (Chico Buarque e Francis Hime), "Prazer Zezé" (Rita Lee e Roberto de Carvalho), "Crioula" (Moraes Moreira) e "Senhora Liberdade" (Wilson Moreira e Nei Lopes).

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Karine Telles - Flor do Samba

"Flor do Samba" é o primeiro álbum solo da cantora e compositora mineira Karine Telles, que atualmente integra a quarta formação do grupo "Notícias dum Brasil", de Eduardo Gudin. Participam: Luizinho 7 Cordas (violão 7 cordas), Marcellus Meirelles (violão, guitarra), Flávio Telles (violão), Marquinho Mendonça (viola, violão), Zéli Silva (baixo), Maik Oliveira (bandolim), André Amorim (cavaquinho), Alexandre Ribeiro (clarinete, clarone), João Peloto (flauta, sax), Jaziel Gomes (trombone), Douglas Alonso (surdo, rebolo, repique de anel, cuíca, tamborim, pandeiro de couro, reco-reco, prato e faca, palmas), Ricardo Valverde (pandeiro de couro, pandeiro naylon, tamborim, ganzá, congas, caixa, afoxé, palmas, moringa, caxixi, bloco de madeira) e Raphael Moreira (cuíca). Participações especiais: Adriana Moreira em "Criança da Rua", Oswaldinho do Acordeon em "Saudade Não Mata Não" e "Nenhuma Ilusão" e Crianças da Casa do Caminho em "Beija-flor do Cerrado".

Faixas:

0:00 - 01. Nossos Carnavais (Luis Dillah / J.A. Pacheco / Badyynho)
3:58 - 02. Canto de Luz (Rodrigo Santiago)
8:09 - 03. Beija-flor do Cerrado (Consuelo de Paula / Luiz Salgado)
12:14 - 04. Tons Tupiniquins (Carlin de Almeida / Mauro Mendes)
15:39 - 05. Esquecimento (Virgílio Azevedo)
19:15 - 06. Saudade Não Mata Não (Sueli Telles)
22:50 - 07. Nenhuma Ilusão (Virgílio Azevedo)
27:04 - 08. Criança da Rua (Karine Telles / Rodrigo Santiago)
29:36 - 09. Congada (Carlin de Almeida / Mauro Mendes)
33:26 - 10. Flor do Samba (Virgílio Azevedo)

sábado, 4 de novembro de 2017

Raça Negra

O Raça Negra foi um dos grupos pioneiros do desenvolvimento do pagode romântico, com um estilo de samba carregado de romantismo.

Liderado pelo vocalista Luiz Carlos, seu início se deu na periferia da Zona Leste de São Paulo em 1983, com um trio. A banda gravou seu primeiro disco (já com sete integrantes) em 1991, oito anos depois de ser criada. Lançando um disco a cada ano, emplacaram inúmeros sucessos como “Cigana”, “Doce Paixão” e “Cheia de Manias” e deu início à era do pagode, o samba paulista, que tomaria de assalto as rádios populares no início dos anos 90. Lançou mais de dezoito discos. O sucesso se manteve por boa parte da década.

O Raça Negra é um dos maiores fenômenos de vendagem da história da música brasileira, já tendo atingido a marca de mais de 33 milhões de cópias vendidas. A música "É tarde demais" está no GUINNESS (livro dos recordes) como a música mais tocada em 1 único dia no mundo.

Reuniu 1 milhão e 500 mil pessoas em um unico show para o dia dos trabalhadores em São Paulo (recorde de público no Brasil). Nos Estados Unidos, reuniu 700 mil pessoas em uma praça publica (recorde de público internacional). Em Angola, na cidade de Cidadela (destruida pela guerra civil), reuniu mais de 80 mil pessoas, em um show que durou mais de 4 horas!

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Negritude Júnior

Negritude Júnior é um grupo de pagode paulista formado em 1986, em Carapicuíba.
Em 1986, uma turminha de amigos, com idades entre 12 e 15 anos, moradores da Cohab Carapicuíba, Zona Oeste de São Paulo, reunia-se aos domingos para curtir a “Praça do Samba” do km 18, em Osasco. Munidos de instrumentos, batucavam nos intervalos das apresentações dos artistas, formando uma rodinha de pagode bem animada. Até que um dos organizadores do evento resolveu dar-lhes uma chance e numa bela tarde de domingo, aproximou-se. Todos pararam de tocar, imaginando que iriam levar uma bronca. E nesse momento foram questionados o porquê haviam parado de tocar. Então, o organizador disse-lhes que já vinha os observando há vários domingos e que estava adorando o grupo, surgindo assim um convite para que se apresentassem no palco da “Praça do Samba” no domingo posterior, convite aceito instantaneamente por Claudinho. E ali naquele mesmo instante, fora perguntado o nome do grupo. Em virtude da emoção, quase gritando, Waguininho respondeu:

- É Negritude, é Negritude, é Negritude!

E assim, mesmo tremendo, Nênê completou:

– É Negritude Junior Senhor.

Ficava ali marcado o show para o próximo domingo, dia 18 de Maio de 1986, primeira apresentação do grupo num palco.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Waldir 59

Waldir de Souza, mais conhecido como Waldir 59 (Rio de Janeiro, 3 de março de 1927 — Rio de Janeiro, 25 de novembro de 2015), foi um cantor e compositor brasileiro.

Waldir 59, que ganhou este apelido por ter morado numa casa com este número, foi diretor de harmonia e integrante da ala dos compositores da Portela desde a década de 1950, e da Velha Guarda dessa agremiação desde sua fundação, em 1970.

O sambista venceu os concursos para samba-enredo da Portela nos carnavais de 1955, 1956, 1957, 1959 e 1965. Ele foi o principal responsável por integrar Paulinho da Viola e Clara Nunes à escola de samba.

Participou do filme Orfeu do Carnaval, além do documentário O Passo de Madureira (2008/2009).
Waldir ingressou na Portela aos sete anos de idade, tendo dedicado oito décadas de sua vida à escola azul e branco situada na divisa entre os bairros cariocas de Madureira e Oswaldo Cruz. Parceiro de Candeia (1935) e de Picolino da Portela na criação do vitorioso samba-enredo Legado de D. João VI, campeão do Carnaval carioca de 1957, Waldir 59 deixa diversos sambas inéditos. Sua obra gravada em disco abarca quase que tão somente os sambas-enredos que compôs para a Portela. Um dos mais famosos é que Riquezas do Brasil (Brasil poderoso), criado com o parceiro Candeia para o Carnaval de 1956. Outra parceria com Candeia que desafia o tempo é Vem amenizar, samba composto em 1956, tendo sido gravado por Candeia e por Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008). Compositor e sócio mais antigo da Portela, Waldir 59 chegou à agremiação quando a escola de samba ainda se chamava Vai como pode. Mas foi a partir da década de 1950 que integrou a ala de compositores da Portela. Compositor da mesma linhagem nobre de Casquinha e de Monarco, com quem integrava desde 2013 o grupo Velha Guarda da Portela, Waldir 59 sai de cena sem amenizar a dor que sofrem com sua partida desde compositor fundamental para a história da escola a que dedicou arte e vida.
-Waldir era considerado o sócio original mais antigo da escola de Madureira.
Waldir, que ganhou o apelido por ter morado numa casa com este número, ganhou cinco disputas por sambas-enredo da escola, na década de 1950, e foi diretor de harmonia por várias décadas. Além disso, participou de discos e compôs com outras lendas do samba, como Candeia.

Délcio Carvalho

Filho de músico - seu pai era saxofonista da banda "Lira de Apolo" -, foi cortador de cana na infância. Começou a cantar em conj...