José Bezerra da Silva (Recife, 23 de fevereiro de 1927 — Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 2005) foi um cantor, compositor, violonista, percussionista e intérprete brasileiro dos gêneros musical coco e samba, em especial de partido-alto.
No princípio, dedicava-se a gêneros nordestinos, principalmente o coco até se transformar em um dos principais expoentes do samba nos anos seguintes.
Através do samba, cantou sobre os problemas sociais encontrados dentro das comunidades, se apresentando no limite da marginalidade e da indústria musical.
Estudou violão clássico por oito anos e passou outros oito anos tocando na orquestra da Rede Globo, sendo um dos poucos partideiros que lia partituras.
Gravou seu primeiro compacto em 1969 e o primeiro disco em 1975, de um total de 28 álbuns lançados em toda a carreira que, somados, venderam mais de 3 milhões de cópias. Ganhou 11 discos de ouro, 3 de platina e 1 de platina duplo. Apesar de ter sido um dos artistas mais populares do Brasil, foi um artista bastante ignorado pelo "mainstream".
Filho de família pobre, Bezerra da Silva nasceu no Recife em 23 de fevereiro de 1927. Sua mãe, Hercília Pereira da Silva, foi abandonada pelo marido, Alexandrino Bezerra da Silva, quando estava grávida do filho.
Aos 15 anos de idade, depois de ser expulso da Marinha Mercante, Bezerra da Silva viajou para o Rio de Janeiro, com o objetivo de procurar o pai e fugir da pobreza. Fez a viagem em um navio que carregava açúcar e estava apenas com a roupa do corpo.
Teria encontrado o pai, mas com mais atritos com o pai, acabou ficando sozinho.
Passou então a trabalhar na construção civil como pintor de paredes e tinha como endereço a obra na zona central da cidade, onde exercia sua profissão.Pelos idos de 1949, começou a se enamorar de uma "dona" e foi morar com ela no Morro do Cantagalo, na Zona Sul.
Juntamente com o trabalho de pintor, começou a desenvolver a verve musical, a partir do coco de Jackson do Pandeiro, e logo ingressou na bateria do bloco carnavalesco Unidos do Cantagalo, tocando tamborim.
Em 1950, conheceu Doca,
também morador do Morro do Cantagalo, que o convidou para participar do
"Programa da Rádio Clube do Brasil", onde Bezerra participava como
ritmista — além do tamborim, tocava surdo e instrumentos de percussão em geral.
Boêmio e malandro, foi detido dezenas de vezes pela polícia e acabou desempregado em 1954.
Durante muitos anos viveu como morador de rua em Copacabana, quando chegou a tentar o suicídio, mas foi salvo e acolhido em um terreiro de umbanda. Lá, descobriu sua mediunidade e soube, através de uma mãe-de-santo, que o seu destino era a música.
Convencido de que não deveria mais procurar trabalho no ramo da
construção civil, reinventou sua vida como músico profissional e
compositor.
Sob o nome artístico José Bezerra, teve as composições "Acorrentado" e "Leva teu gereré", em parceria com Jackson do Pandeiro, lançadas no primeiro álbum da carreira do pernambucano, em 1959. Na primeira metade da década de 1960, ingressou na orquestra da gravadora Copacabana Discos,
que acompanhava vários artistas de renome, e também teve novas
composições, assinadas com outros músicos, gravadas por Jackson do
Pandeiro, como "Meu veneno" (com Jackson do Pandeiro e Mergulhão),
"Urubu molhado" (com Rosil Cavalcanti), "Babá" (com Mamão e Ricardo
Valente), "Criando cobra" (com Big Ben e Odelandes Rodrigues) e
"Preguiçoso" (com Jackson do Pandeiro). Em 1965, a cantora Marlene gravou "Nunca mais", uma parceria de Bezerra com Norival Reis.
Em 1967, compôs seu primeiro samba, chamado "Verdadeiro amor", que foi gravado por Jackson do Pandeiro naquele ano.
No final daquela década, mudou o nome artístico para Bezerra da Silva e, em 1969, gravou um compacto simples pela Copacabana Discos, com as músicas "Mana, cadê meu boi?" e "Viola testemunha".
Seu primeiro LP,"Bezerra da Silva - O Rei do Coco Volume 1", seria apenas lançado em 1975, pela gravadora Tapecar,
e teve como destaque a canção "O rei do coco". No ano seguinte, pela
mesma gravadora, lançou "Bezerra da Silva - O Rei do Coco Volume 2",
cujo maior destaque foi "Cara de boi".
A partir da série Partido Alto Nota 10 começou a encontrar o
público. O repertório dos discos passou a ser abastecido por autores
anônimos (alguns usando codinomes para preservar a clandestinidade) e Bezerra. Antes do Hip Hop brasileiro, ele passou a mostrar a sua realidade em músicas como: "Malandragem Dá um Tempo", "Sequestraram Minha Sogra", "Defunto Caguete", "Bicho Feroz", "Overdose de Cocada", "Malandro Não Vacila", "Meu Pirão Primeiro", "Lugar Macabro", "Piranha", "Pai Véio 171", "Candidato Caô Caô". Em 1995 gravou pela gravadora CID "Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró: Os Três Malandros In Concert", uma paródia ao show dos três tenores, Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras.
terça-feira, 19 de setembro de 2017
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Délcio Carvalho
Filho de músico - seu pai era saxofonista da banda "Lira de Apolo" -, foi cortador de cana na infância. Começou a cantar em conj...
-
O pagode é um estilo diferente de samba. Tem suas origens no Rio de Janeiro entre o final da década de 1970 e início da década de 1980, a ...
-
Os Originais do Samba é um grupo brasileiro de samba formado na década de 1960 no Rio de Janeiro por ritmistas de escolas de samba.O grupo c...
-
Demônios da Garoa é um grupo musical brasileiro, grande intérprete de Adoniran Barbosa, com mais de 60 anos de existência. Surgiu na déca...
Nenhum comentário:
Postar um comentário