Henrique Filipe da Costa, conhecido como Henricão, foi cantor, compositor e ator.
Nasceu em Itapira, interior de São Paulo, em 11/01/1908.
Saiu de Itapira, trazido para São Paulo por um comerciante corintiano que se entusiasmou ao vê-lo jogar no gol do time local. O homem queria que aquele rapaz negro jogasse no Corinthians, mas, em São Paulo, o moço interiorano gostou mais das gafieiras. Logo, estava cantando em rádios.
Motorista de madame na rua Augusta, em São Paulo, exibido, na beleza de seus quase dois metros de altura, pela patroa orgulhosa, cuja família ele considerava sua. Nunca negou a origem humilde nem as dificuldades pelas quais passou, mesmo tendo em seu currículo sucessos nacionais – e internacionais –, além de vendagens recordes de discos para sua época.
Um dia se aventurou, foi para o Rio de Janeiro. Lá a sua estrela artística começou a brilhar, especialmente a partir do momento em que Ataulfo Alves lhe apresentou a futura cantora Carmem Costa. Excursionou pelo País, escreveu mais de cem músicas, conheceu o sucesso. Trabalhou, também, como ator.
A grande paixão era a Escola de Samba Vai-Vai, que ele viu ser fundada como cordão carnavalesco e para a qual compôs vários sambas.
Cantou em circo, em parques de diversão, em rádios, nas festas populares do Nordeste. Sozinho e com algumas parceiras, das quais Carmen Costa seria a mais famosa e teria mais êxito de público e mídia que seu lançador.
Foi o primeiro Rei Momo negro da história do carnaval (com alguns seguidores no futuro) e sua figura imponente, risonha e bela ainda nos últimos dias, era recebida com alegria e reverência por todos.
Ninguém como ele alcançou sucesso fazendo versão. Já era bastante conhecido por seu "Só Vendo que Beleza" (chamada mais por Marambaia, mas depois ele acabou usando esse nome para uma música que seria "resposta" ao "Só Vendo que Beleza) quando ouviu o tango "Caminito" (Gabino Peñaloza / Juan de Dios Filiberto) e criou uma versão livre em samba chamada Carmelito, que foi um furor nacional.
Já ao lado de Carmem Costa, repetiu a dose ao criar "Está Chegando a Hora", com seu parceiro favorito Rubens Campos, baseada na canção mexicana "Cielito Lindo" (Fernandez), outro sucesso fenomenal, cantado até hoje.
Foi parceiro de grandes sambistas. Além de Rubens Campos, compuseram com ele nomes como os de Buci Moreira, Príncipe Pretinho, Caco Velho, entre outros. Entre suas várias parceiras, antecessoras de Carmen Costa, destacaram-se a paulistana Risoleta – que fez sucesso solo no teatro de revista – e a carioca Sarita.
Confessou em um programa que passou fome, mesmo famoso, mas teve sempre a ajuda de amigos e "tocou a vida", como afirmava, sempre com otimismo e esperança. Se ganhasse um centavo por cada vez que se cantava "Está Chegando a Hora", teria enriquecido.
No final da vida, reencontrou-se com a eterna parceira Carmem Costa, que participou de sua última gravação (1980), o LP "Henricão – Recomeço", pelo Estúdio Eldorado de São Paulo. Não teve repercussão de público, mas hoje é peça rara, procurada por pesquisadores e colecionadores. Doi o canto do cisne dessa importante figura da música popular brasileira.
Henricão morreu no Rio de Janeiro, no dia 11 de junho de 1984, vítima de um acidente vascular cerebral.
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
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