domingo, 15 de abril de 2018

Délcio Carvalho

Filho de músico - seu pai era saxofonista da banda "Lira de Apolo" -, foi cortador de cana na infância.

Começou a cantar em conjuntos de baile da sua cidade e na orquestra de Cícero Ferreira.

Em 1956, após o serviço militar, transferiu-se para o Rio de Janeiro indo residir no Morro do Querosene, no bairro do Rio Comprido.

Participou de vários programas de calouros, entre os quais "Pescando Estrelas" e "Trem da Alegria", além de shows de Gomes Filho, da Rádio Guanabara. Por essa época também apresentou-se em diversos clubes do Rio de Janeiro, entre eles, Tijuca Tênis Clube, Ramos Tênis Clube e Grajaú Tênis Clube, sempre como cantor de bailes.

Atuou como cantor em conjuntos de baile e na noite, em bares e casas noturnas do estado do Rio de Janeiro, principalmente na cidade de Caxias, onde morou durante vários anos.

Em 1970 ingressou na Ala de Compositores da Imperatriz Leopoldinense.

Teve gravado em 1968 pela cantora Christiane o samba "Pingo de felicidade". No ano seguinte, integrou o grupo Lá Vai Samba, ao lado de Caboclinho e Rubens Confete. O Conjunto chegou a se apresentar em festivais da Rede Record e Globo, porém, não gravou nenhum disco.

Em 1974 Elizeth Cardoso incluiu duas composições de sua autoria: "Serenou" e "Pra quê, afinal?", a última em parceria com Mauro Duarte, no LP "Mulata maior". Neste mesmo ano, a mesma cantora, gravou o LP "Feito em casa", no qual incluiu de sua autoria "Igual à flor", em parceria com Neizinho.

No ano de 1976, sua composição "Minha verdade", parceria com Dona Ivone Lara, foi gravada por Elizeth Cardoso.

Em 1979, Elizeth Cardoso, no LP "O inverno do meu tempo", incluiu de sua autoria "Voltar".

Gravou o primeiro LP em 1980, produzido por Luís Roberto, do conjunto Os Cariocas. Neste disco incluiu vários de seus sucessos: "Acreditar", "Alvorecer" e "Sonho meu", as três em parceria com Dona Ivone Lara e ainda teve como convidado Noca da Portela nas faixas "Farinha pouca" (c/ Zé do Maranhão e Noca da Portela) e "Ausência", em parceria com Barbosa da Silva e Noca da Portela. Ainda neste disco foram incluídas "Hora de ser criança" (Dedé da Portela e Dida), "Vai na paz" (c/ Dona Ivone Lara), "Testemunha de um povo" (Nilton Barros), "Rei por um dia" (Flávio Moreira), "Esperanças perdidas" (c/ Adeílton Alves), "Canto de amor" (c/ Barboza da Silva), "Perna de cera" (c/ Ari Araújo), "Dei meu braço" (c/ Everaldo da Viola) e ainda de sua autoria "Sombra", "Serenou" e "Cartão de visita".

O segundo LP, lançado em 1987 e produzido por seu parceiro Ivor Lancelloti , contou com as participações de Elizeth Cardoso, Dona Ivone Lara, o maestro Rildo Hora e o também maestro e saxofonista Paulo Moura.

Em 1996, gravou o CD "Afinal", com produção musical de Afonso Machado, integrante do conjunto Galo Preto, e participação do saxofonista Raul Mascarenhas, no qual foram incluídas "Coisas da Mangueira" (c/ Cláudio Jorge), "Chorei, confesso" (c/ Dona Ivone Lara) e "Afinal", em parceria com Ivor Lancellotti.

No ano 2000 gravou "Samba do coração", parceria com Maurício Tapajós.

Em 2002, teve incluída algumas composições de sua autoria em parceria com Dona Ivone Lara no disco "A música de Dona Ivone Lara". Neste CD o pianista Leandro Braga revisitou a obra de Dona Ivone Lara, no qual incluiu várias parcerias de Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho, entre elas, "Sonho meu", "Há música no ar" e "Acreditar".

No ano de 2003, no disco "Noca da Portela - 51 anos de samba", foram incluídas "Vendaval" (c/ Noca da Portela) e "Ausência" (c/ Barbosa da Silva e Noca da Portela). Ainda em 2003, estreou o show "De samba e poesia", no Teatro Rival Br, no Rio de Janeiro. Neste show, em comemoração aos 40 anos de carreira, feito em parceria com o poeta Mário Lago Filho, a dupla apresentou 14 composições, 12 das quais inéditas; "A voz que ficará" (uma homenagem a Mário Lago), "Arma da paixão", "Cara ou coroa", "Samariquinha", "Estranho", "Apertamento", "Coisa feia", "Samba do sétimo dia" e "Eu estou sofrendo", todas parceria de Délcio Carvalho e Mário Lago Filho. Alcione, no disco "Alcione ao vivo 2", regravou de sua autoria "Vendaval da vida" (c/ Noca da Portela). Apresentou, com o Grupo Dobrando a Esquina, show em homenagem a seu conterrâneo Wilson Batista, no bar Carioca da Gema, na Lapa, centro do Rio de Janeiro. Ao lado de Eliane Faria, Xangô da Mangueira, Beth Carvalho, Diogo Nogueira, Dalmo Castelo, Wilson Moreira, Nelosn Sargento, Nei Lopes e Áurea Martins, foi um dos convidados de Vó Maria para o show de lançamento do disco "Maxixe não é samba", de Vó Maria, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. Ainda em 2003 a cantora Vanessa da Mata incluiu em seu show a composição "Derramando lágrimas", feita em parceria com Alvarenga. Neste memso ano, no CD "Um ser de luz - saudação à Clara Nunes" foi incluída de sua autoria "Alvorecer", em parceria com Dona Ivone Lara, interpretada por Mônica Salmaso.

No ano de 2004 fez vários shows, entre eles, "Samba, choro e energia" na Lona Cultural João Bosco, apresentando-se acompanhado de um regional. Participou do show "Samba de Panela especial - ao vivo", de Telma Tavares, fechando o projeto "Cartão postal da MPB" do Teatro do Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro. Do especial também participaram Sombrinha, Cláudio Jorge, Diogo Nogueira, Tonico Ferreira, Agrião, Wanderley Monteiro,Toque de Prima e Nosso Samba.

Em 2005 sua composição "Estava faltando você", parceria com Wilson das Neves, deu título ao CD de Nilze Carvalho.

No ano de 2006 lançou o CD "Profissão compositor", pelo Selo Olho do Tempo, no qual foram incluídas várias composições inéditas, entre as quais "Religião", com Zé Kéti; "Nova era" e "Palavra amiga", ambas com Dona Ivone Lara; "Vou sair daqui", com Wilson das Neves, na qual contou com a participação do parceiro; "Que saudade é essa", em parceria com Ivor Lancellotti; "Brasil nas veias", letra do poeta Paulo César Feital, que participa da faixa; "Vendedor de ilusões", em parceria com Lefê Almeida e Mário Lago Filho; "Marés", letrada pelo poeta Sérgio Fonseca; "Dama da noite", com Agenor de Oliveira; "Reesperança" (com Luizão Maia) e participação especial do baixista Arthur Maia e ainda as faixas "Arma da paixão" e "Sá Mariquinha", ambas em parceria com o poeta Mário Lago Filho. O CD contou com vários músicos importantes, entre eles Rogério Souza (do Grupo Nó Em Pingo D'Água) responsável pelos arranjos e os violões de seis e sete cordas; Ronaldo do Bandolim (bandolim), Wanderley Martins (cavaquinho), Roberto Moura (trombone), Jorge Hélder (baixo), Naomi Kukamoto e Eduardo Neves (flautas), além de Wilson das Neves na bateria.

O disco foi lançado em show no Teatro Nelson Rodrigues e no Teatro Rival BR, nos quais também cantou clássicos de seu repertório, entre eles "Sonho meu", "Acreditar", "Alvorecer", as três em parceria com Dona Ivone Lara e ainda "Vendaval da vida", em parceria com Noca da Portela.

Em 2007 lançou o pacote "Délcio - Inédito e eterno", com 40 faixas em três discos, produzido por Paulão Sete Cordas e Mariozinho Lago. Nos discos foram incluídas várias composições inéditas com Cacaso "Passa-passa", Capiba "O amor que me encanta", Dona Ivone Lara "Amor sem esperança", Mário Lago Filho em "Samba do sétimo dia", Wanderley Monteiro em "teatro da vida", Cristóvão Bastos na faixa "Hora de chorar", Monarco, Francis Hime, Nei Lopes, Afonso Machado e Wilson das Neves, entre outros. Os discos contaram com vários músicos, entre os quais Roberto Marques (trombone), Paulo César Galeto (percussão), Áurea Martins (voz), Mariana Bernardes, Rogério Caetano (violão), Paulão Sete Cordas (violão de sete), além do grupo Dobrando a Esquina.

Tem parcerias inéditas e gravadas com o poeta Sérgio Fonseca, Agenor de Oliveira, Alvarenga, Mário Lago Filho, Marcelo Gonçalves, Zé Keti, Maurício Tapajós, Jorge Simas, Elton Medeiros, Noca da Portela, Carlos Cachaça, Toninho Nascimento, Nei Lopes, Ivor Lancellotti, Mauro Duarte, Adeílton Alves de Souza e Dona Ivone Lara, de quem é parceiro constante e compôs clássicos do samba, entre os quais "Sonho meu".

Suas composições foram gravadas por Maria Bethânia, Gal Costa, Nana Caymmi, Nara Leão, Clara Nunes, Marisa Gata Mansa, Elza Soares, Alcione, Beth Carvalho, Jair Rodrigues, Martinho da Vila, Maria Creuza, Originais do Samba, Elizeth Cardoso e Clementina de Jesus, entre outros importantes intérpretes da MPB.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Beth Carvalho: Canta: O Samba da Bahia: Ao Vivo - Duplo

Beth Carvalho: Canta o Samba da Bahia é o registro ao vivo das duas noites especiais (dias 22 e 23 de agosto de 2006) que emocionaram a artista, seus convidados e o público soteropolitano. No repertório, grandes sucessos com participações mais que especiais de Danilo Caymmi, Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Armandinho, Gilberto Gil, Margareth Menezes, Caetano Veloso, entre outros.
Faixas:
 1. Quem Samba Fica
2. O Samba da Minha Terra
3. João Valentão
4. Maracangalha
5. Chiclete com Banana
6. Hora da Razão
7. Cada Macaco no seu Galho
8. Vá Morar com o Diabo
9. Mancada
10. Cheguei Mais Tarde / Eu Não Tenho Onde Morar / Isto é Bom
11. Marinheiro Só / Sereia / A Flor da Laranjeira
12. O Guarda Civil
13. Tava na Beira do Rio
14. O Galo Cantou
15. Moinho da Bahia Queimou
16. Raiz
17. Ilha da Maré
18. O Ouro e a Madeira
19. Siriê
20. Agradecer e Abraçar
21. Dindinha Lua
22. Filho da Bahia
23. De Manhã
24. Suíte dos Pescadores
25. Desde Que o Samba é Samba
26. Brasil Pandeiro
27. Verdade
28. Samba Pras Moças
29. Ê Baiana
30. Oração de Mãe Menininha

CD
1. Ilha de Maré
2. Raiz
3. Pot-Pourri de Sambas de Roda I
4. Pot-Pourri de Sambas de Roda II
5. Maracangalha
6. Chiclete com Banana
7. Cada Macaco no Seu Galho
8. Hora da Razão
9. O Ouro e a Madeira
10. Agradecer e Abraçar
11. Mancada
12. Dindinha Lua
13. De Manhã
14. Desde Que o Samba é Samba
15. Brasil Pandeiro
16. Verdade
17. Samba Pras Moças
18. Ê Baiana
 

Dudu Nobre - Os mais lindos sambas enredo de todos os tempos.

 Dudu Nobre lança um álbum que passa em revista 12 sambas-enredo que marcaram o carnaval carioca desde as priscas eras de 1964. O repertório do DVD, lapidado pela sapiência do gosto popular, relembra momentos de genialidade e registra a simplicidade de temas de profunda empatia com o público. Além disso, passeia pelos elementos-chave de cada maneira de fazer samba-enredo, como o lirismo da Portela em 1970, o épico da Imperatriz em 1989, a brasilidade da Vila Isabel em 1988 e o encantamento da Mocidade em 1992. Este álbum preserva as tradições da nossa verdadeira música e marca a estréia do sambista na Universal Music, em uma produção dirigida pelo mestre Rildo Hora. Além de Rildo, assinam os arranjos craques como Jota Moraes, Ivan Paulo e Leonardo Bruno, garantindo tratamento de luxo ao samba.
Faixas do DVD:
1. Batucada - Instrumental
2. É Hoje - 'União Da Ilha Do Governador 1982'
3. Liberdade, Liberdade Abre As Asas Sobre Nós - ' Imperatriz Leopoldinense 1989'
4. Kizombra - 'Vila Isabel 1988'
5. Menininha Do Gantois - 'Imperatriz Leopoldinense 1989'
6. Festa Do Círio De Nazaré - 'Estácio De Sá 1975'
7. Pot Pourri: A) Contos De Areia - 'Portela 1984' / B) Ilu Ayê (Terra Da Vida) - 'Portela 1975'
8. Domingo - 'União Da Ilha Do Governador 1977'
9. 33 Destino D. Pedro Ii - 'Em Cima Da Hora 1984'
10. E Eles Verão A Deus - 'Unidos Da Ponte 1983'
11. Bateria De Primeira - Instrumental
12. Heróis Da Liberdade - 'Império Serrano 1969'
13. Bum, Bum Paticubum Prugurundum - 'Império Serrano 1982'
14. Os Sertões - 'Em Cima Da Hora 1976'
15. Sonho De Um Sonho - 'Vila Isabel 1980'
16. Sonhar Não Custa Nada - 'Mocidade Independente Padre Miguel 1992'
17. Pot Pourri: A) Sonha Com O Rei Dá Leão 'Beija-Flor De Nilóplis 1976' / B) A Grande Constelação Das Estrelas Negras 'Beija-Flor De Nilópolis 1983'
18. 100 Anos De Liberdade, Realidade É Ilusão - 'Estação Primeira De Mangueira 1988'
19. Bahia De Todos Os Deuses - 'Acadêmicos Do Salgueiro 1969'
20. O Amanhã - 'União Da Ilha Do Governador 1978'
21. Pot Porri: A)O Tititi Do Sapoty 'Estácio De Sá 1987' / B) Festa Para Um Rei Negro (Pega No Ganzé Samba Reizado) -'Acadêmicos Do Salgueiro 1971' - C) Peguei Um Ita No Norte 'Acadêmicos Do Salgueiro 1993'
22. Aquarela Brasileira -  'Império Serrano 1964'
23. No Batuque, No Suingue 'Instrumental'

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Bezerra da Silva - Zona Leste Somos Nós

Está tudo aí
Para você curtir
Do largo do peixe
À sapucaí
Vem
Enxugar seu pranto
Nesse manto azul e branco
Que alberto alves criou
E o poeta paulistinha
Assim falou
(zona leste somos nós)
Zona leste somos nós
Lutando com galhardia
Zona leste somos nós
O lirismo e a própria poesia
Salve o corinthians
O campeão dos campeões
Adoniram querido
Saudosa maloca
Transborda emoções
E lá na central
O suburbano vem
Chaqualhando a tristeza
No balanço do trem
Vila esperança
Que saudade dos antigos carnavais
Das batalhas de confete
Desfiles de fantasias
Que não voltam mais
Vila matilde
Das batucadas imortais
Da tiririca
Velha guarda querida
Jovem guarda
É a toco triunfal.

MPB4 - Pot purri Ismael Silva

Nem É Bom Falar (Ismael Silva / Nilton Bastos / Francisco Alves)
Antonico (Ismael Silva)
Se Você Jurar (Ismael Silva / Nilton Bastos / Francisco Alves)

Faixa do LP "Antologia do samba" (Philips, 1974)

Chico Faria e Ruy Faria - Deixe a Menina

Não é por estar na sua presença
Meu prezado rapaz
Mas você vai mal
Mas vai mal demais
São dez horas, o samba tá quente
Deixe a morena contente
Deixe a menina sambar em paz

Eu não queria jogar confete
Mas tenho que dizer
Cê tá de lascar
Cê tá de doer
E se vai continuar enrustido
Com essa cara de marido
A moça é capaz de se aborrecer

Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz
E atrás dessa mulher mil homens, sempre tão gentis
Por isso para o seu bem
Ou tire ela da cabeça ou mereça a moça que você tem

Não sei se é para ficar exultante
Meu querido rapaz
Mas aqui ninguém o agüenta mais
São três horas, o samba tá quente
Deixe a morena contente
Deixe a menina sambar em paz

Não é por estar na sua presença
Meu prezado rapaz
Mas você vai mal
Mas vai mal demais
São seis horas o samba tá quente
Deixe a morena com a gente
Deixe a menina sambar em paz

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Jamelão

Um carioca nascido em 1913, em São Cristóvão, que começou a ganhar a vida aos 9 anos como pequeno jornaleiro, estabeleceu-se entre os mais importantes da MPB.
Quase ninguém o conhece pelo nome de batismo, José Bispo Clementino dos Santos. Mas o apelido Jamelão - que ganhou na gafieira Jardim do Meyer, um dos muitos endereços de seu aprendizado de "crooner" - carimba desempenhos antológicos no samba-canção, partido - alto e samba-enredo, para citar apenas três territórios dominados pelo bronze cortante de sua voz.
Um colega jornaleiro, o lendário compositor Gradim, amigo de Cartola e Carlos Cachaça, o apresentou na Mangueira, apesar dele ter iniciado a trajetória de sambista acompanhando a mãe, D. Benvinda, que saía na Escola Deixa Malhar, no Engenho Novo.
O esperto moleque, então apelidado Saruê, ralou como operário antes de começar a escalada de cantor de gafieira.
Além da mencionada Jardim do Meyer, passou pela Fogão, de Vila Isabel, Cigarra e Tupi.
Entre os "dancings"(uma espécie de gafieira mais sofisticada com "taxi-girls", que picotavam o bilhete ao bailar com os clientes) soltou o gogó no El Dorado, Farolito, Avenida, Samba-Danças, Brasil e Belas Artes.
Uma odisséia até começar a gravar no fim da década de 40, após vestibular em diversos programas de calouros do rádio (incluindo o célebre "Calouros em desfile", de Ary Barroso) e vencer um concurso da extinta Rádio Clube do Brasil, que finalmente e contratou por um ano.
Até então, ele ainda lutava por um lugar ao som, contentando-se em substituir seu padrinho Onéssimo Gomes e até o rei da voz Francisco Alves.

Jamelão também demorou para decolar em disco, o que só aconteceria a partir de seu ingresso na gravadora Continental, onde gravou em 1954 um compositor iniciante, o Zé Keti (1921-1999) de "Leviana", incluído nessa seleção.
Pouco depois, ele tomaria o carnaval com o hino em forma de samba "Exaltação à Mangueira"(Enéas Brittes/Aloísio Augusto da Costa), até hoje sinônimo da escola verde-e-rosa.
E em 1956, daria uma interpretação altamente pessoal ao samba-canção "Folhas mortas" de Ary Barroso, outro grande sucesso popular que abriria sua carreira a uma dupla vertente de raro equilíbrio entre o romantismo e o ritmo.
Antes do domínio completo do samba-enredo nos carnavais, Jamelão emplacava na folia belas melodias, como a de "Eu agora sou feliz", assinada junto com Mestre Gato.
Da fossa pré-moderna do cronista Antonio Maria (1921-1964) em "Pense em mim"(nada a ver com o "hit" sertanejo) ao partido-alto emblemático "Quem samba fica", em parceria com o baiano Tião Motorista (1927-1996), Jamelão expandiu seus limites, escolado na diversidade de repertório habitual ao "crooner".

A afinidade com o cancioneiro de sentimentalismo dolorido de Lupicínio Rodrigues (1914-1974), geralmente escudado nos metais da Orquestra Tabajara, do maestro Severino Araújo, também balizou seu repertório.
Nessa seleção entram do Dostoievski gaúcho "Esses moços (pobre moços)", "Homenagem", "Vingança" e "Dona divergência" (com Felisberto Martins), todos épicos da guerra conjugal tratados por Jamelão com contenção estilística e sem derramamento.
Ele também brilha no afro-samba "Timbó"(Ramon Russo), repescado recentemente no disco de estréia do grupo Farofa Carioca, além dos sambas-enredo de esmerada confecção dos mangueirenses Padeirinho ("O grande presidente") e Nelson Sargento (com Jamelão e Alfredo Lourenço) e da dupla do Império Serrano, Silas de oliveira e Mano Décio da Viola ("Apoteose ao samba").
O catedrático Jamelão, mesmo mangueirense roxo, também é ecumênico em matéria de escolhas de samba.

Délcio Carvalho

Filho de músico - seu pai era saxofonista da banda "Lira de Apolo" -, foi cortador de cana na infância. Começou a cantar em conj...