terça-feira, 26 de setembro de 2017

Geraldo Pereira


Geraldo Theodoro Pereira (Juiz de Fora MG 1918 - Rio de Janeiro RJ 1955). Compositor e cantor. Em 1930, aos 11 anos, muda-se para a cidade do Rio de Janeiro para morar com o irmão Manuel Araújo, no Morro da Mangueira. Sua educação formal limita-se ao 4º ano do curso primário. Exerce diversas ocupações, mas sempre dá suas escapadas para se envolver em rodas musicais em que, na época, é cultuado um novo gênero: o samba. Aos 14 anos, emprega-se numa fábrica de cerâmica. Certo dia, a prensa machuca o indicador da sua mão direita. Com o dinheiro da indenização pelo acidente, compra um violão e começa a compor sambas. No fim dos anos 1930, frequenta os redutos artísticos do Rio, em especial, o Café Nice. Compõe com Nélson Teixeira Se Você Sair Chorando, samba que é gravado em 1939 por Roberto Paiva. Embora não tenha sido um grande sucesso, a composição revela seu talento ao se classificar entre os finalistas em um concurso de músicas de Carnaval, promovido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP.
Nessa época, casa-se com Eulíria Pereira. No entanto, a inclinação para a boêmia faz com que se afaste gradativamente dela. Sua segunda mulher é Isabel Mendes da Silva, que ele conhece na Escola de Samba do Salgueiro. Isabel torna-se o grande amor da sua vida. O casal tem um relacionamento instável, com brigas e separações momentâneas que fornecem matéria-prima para suas composições, como Acabou a Sopa, primeiro samba seu, lançado por Ciro Monteiro, em 1940, e Liberta Meu Coração, gravado por Abílio Lessa, em 1947. No início dos anos 1940, muda-se com Isabel para a Lapa. Para garantir o sustento, trabalha como motorista de caminhão de limpeza urbana da Prefeitura do Rio de Janeiro, emprego que conserva até seus últimos dias. A função de funcionário público lhe garante certo rendimento, o suficiente para a manutenção da vida de boêmio.
Conhece Wilson Batista, que lhe propõe uma parceria, resultando na canção Acertei no Milhar, gravada em 1940 por Moreira da Silva, cantor que também lança outra música sua, Olha a Cara Dela, para o Carnaval do ano seguinte.
Pereira assume o tipo malandro, usa terno de linho branco amarrotado, ginga com pinta de valente e, com quase 2 metros de altura, não leva desaforo para casa. Boêmio e mulherengo incontrolado, vive se metendo em confusões. As histórias de valentia do compositor ajudam a escrever o folclore da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX. Ao longo da vida, passa por altos e baixos, períodos nos quais pode contar com o apoio e a proteção do cantor Ciro Monteiro, que, além de parceiro, é seu amigo mais próximo, chegando inclusive a tirá-lo diversas vezes da delegacia, ao ser preso por conta de brigas. Monteiro está junto de Pereira até o último momento, quando uma briga o leva para o hospital e morre em 8 de maio de 1955.
Pereira é responsável por diversos sambas de sucesso que são posteriormente reinventados pela bossa nova, entre outras, na voz de João Gilberto, e também por movimentos como a tropicália.

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